Day 22

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E como se meu corpo tivesse vida própria eu entrei naquele carro, maldita hora que eu não consegui seguir meus instintos, aquilo tudo parecia muito errado, extremamente errado e eu não deveria estar ali.

— Você é a gêmea do mal? - Bela hora para uma piadinha, mas não me culpem pelo humor ácido. Ela riu enquanto tirava a blusa de moletom, diferente do que as meninas descreveram eu sentia uma aura extremamente boa vindo dela, não tive o medo que deveria ter, apenas confiei no rosto familiar.

— Deveria ser? Só porque Chaeyoung morreu ela tem que ser a mocinha, Lalisa?

Ela me estendeu a blusa e eu demorei a pegar, ela arqueou a sobrancelha de um lado e sorriu, aquele sorriso acertou em cheio no meu peito, era tão igual... Peguei a peça que ela me estendeu e substituí minha jaqueta molhada por ela. Por baixo da jaqueta eu usava apenas um cropped de renda preta e estava extremamente com frio, agradeci o casaco quentinho.

Era tão satisfatório o modo como meu nome soava na voz dela, o sotaque era diferente, parecia de outro lugar, talvez britânico?

— Vai me falar quem você é, ou vou precisar abandonar o seu carro?

— Uh, bem que ela me falou que você era um tanto quanto durona. Gostei. - Ela sorriu mordendo o canto do lábio e se ajeitou no assento. - Bem, eu me chamo Roseanne Park. E sou irmã gêmea da Chaeyoung, mas não sou do mal, pode ficar tranquila.

— Não sei se devo confiar nisso, afinal, você sendo filha de um senador nunca sequer foi citada na mídia, nem mesmo Chae nunca falou de você.

— A história é longa, mas eu pretendo contá-la para você.

— Sorte a sua, não tenho nada planejado para essa noite.

Ela sorriu e acenou positivamente, o piscar de olhos dela era lento, diferente, quase que um rolar de olhos ocorria no momento da piscada, mas não era como um deboche ou tédio, era uma característica natural.

Ela também tinha duas pintinhas no rosto, coisa que Chaeyoung não tem, uma perto da boca, essa a que de fato me chamou mais atenção. Sem casaco os braços expostos mostram uma característica bem peculiar e exclusiva, acho que era o que mais me dava certeza de que aquela mulher ali não era Chae, diversas cicatrizes de alguém que deve ter enfrentado muitos monstros ao longo da vida.

— Curiosa para saber como as conquistei?

— Hun?

— As cicatrizes, você não para de olhar para elas. - abaixei a cabeça com vergonha. - Tudo bem, já me incomodaram mais, hoje é um lembrete de que não existe nada nesse mundo que seja insuperável.

Concordei e mantive meus olhos nas mãos, eu não fazia ideia de onde ela estava me levando. Olhei para as ruas tentando ao menos decorar o caminho, não parecia nada longe, na verdade parecia exatamente o caminho de onde eu moro.

— O que você faz aqui? Está investigando com a detetive Cho?

— Assim que chegarmos eu te conto tudo, tenha calma.

Assenti e me recostei no banco, não teria escolhas, ela não vai falar até me levar onde quer que seja.

E para a minha surpresa, ela dobrou na rua do meu prédio, parou em frente a garagem e com a chave abriu o grande portão de ferro, olhei para ela e ela manteve o olhar sério no que fazia. Entramos no prédio e ela estacionou em uma das últimas vagas, ao lado do elevador.

— Como assim? Você por um acaso está morando aqui?

— Ficava mais fácil para observar vocês, eu precisava ter certeza de que não eram vocês e de que nenhuma de vocês se machucasse.

— Por que?

— Porque, Lalisa, pessoas ruins infelizmente existem. 

O Assassino Pode Ser Você - especial de Halloween ChaelisaOnde histórias criam vida. Descubra agora