E se a única noite em que você pudesse se perder em desejos e luxúrias, acabasse sendo o fim de toda sua liberdade? E, se o homem que te tirou de órbita e a levou a sentir coisas deliciosas, de um dia para o outro se tornar seu segurança pessoal?
A...
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Eu estava com uma sensação ruim. Assim que pisei no grande salão senti como se meu coração estivesse correndo em uma maratona de vida ou morte.
Passo meus olhos pelo ambiente, procurando uma certa pessoa. Não sabia ao certo se Anelise leria minha carta. Ainda mais sabendo como as circunstâncias estariam depois que Rick fizesse seu show. Suspiro, me sentando na mesa grande e espaçosa.
Encaro meu pai, vendo que o homem parecia estar tendo a melhor noite da sua vida. Desvio meus olhos dele, encontrando - finalmente - os longos cabelos negros que eu tanto gostava. Dou graças a Deus que ela não me vê junto ao meu pai, temendo que sua reação não fosse das melhores.
Lembro-me de seu toque no corredor, o que eu mais queria ali era beija-la e não me soltar de seu abraço nunca mais. Eu queria enforcar o homem ao meu lado por ter aparecido e acabado com nosso momento de felicidade.
Lise parecia feliz em me ver e eu queria me apegar a esperança de que esse sentimento não se partisse após o fim dessa tortura. Não tinha certeza dos planos de Rick, mas sabia que coisa boa não era. E isso me fazia temer o que aconteceria nesta bendita festa.
— Filho. — Ele me chama. — Preciso que você me faça um favor.
— Qual?
— Após a cerimonia eu irei concluir meu plano indo conversar com Anthony e seus capachos. Você é parte importante dele pois irei fazer com que o velho saiba como foi burro. Meu objetivo é o seguinte...
Meu pai fala e fala por incontáveis minutos, animado demais para sequer ser saudável. Entretanto, apesar do seu plano extenso e longo, ele realmente tinha pensado em tudo. Sinto um aperto por isso, pois sabia muito bem que daria certo. Porra, eu estava considerando alguma falha, mas meu pai tinha um objetivo sólido.
Sua voz cessa assim que uma mulher bem vestida sobe ao palco, iniciando a cerimonia. Essa festa acontecia todos os anos, mas nunca compareci. Meu pai sempre preferiu me manter em missões idiotas enquanto seus verdeiros filhos vinham.
Me desligo, meus pensamentos passeando entre Lise e meu próprio sonho. Neles, a imagem era nítida. Anelise comigo vivendo intensamente e sem nenhum tipo de interferência, sem nenhum parente idiota nos forçando a ser quem não somos.
Será que era pedir demais?
— Como todos anos, nós da Hum-me ficamos honrados em receber empresas empenhadas em manter nosso país evoluído e a frente de muitos outros. Como sempre dizemos, a arte da internacionalização não é para todos. Por isso, nosso grupo se resume as maiores do ramo. — A mulher no palco aponta para a mesa onde Lise estava. — A Killman's pelo vigésimo ano seguido vem sendo a maior e mais bem organizada em nosso meio, os meus parabéns.
— Não por muito tempo. — Meu pai comenta, um tanto emburrado.
— Esse ano, no entanto. — Ela continua. — Tivemos uma reviravolta no acirrado ranking. Todos nós sabemos que uma posição pode ser perdida por descuidos e por fatores diversos, por isso dou os parabéns a Martinez! Pelo segundo lugar pela primeira vez em anos, uma salva de palmas!
