Chapter 2

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Harper Turner

Gritos, correria, disparos. Tudo isso acontecia ao mesmo tempo, Vada olhava assustada para a porta, eu conseguia ver as suas mãos tremendo a cada disparo. Notei que os disparos estavam ficando cada vez mais próximos da gente. 

— Vem comigo - Segurei o braço de Vada e corri com ela, para dentro de uma das cabines. 

Vada não falou nada, ela estava tão assustada que facilmente consegui puxar ela para lá. Assim que entramos, tranquei a cabine e ajudei ela a subir em cima da privada, lá estaríamos seguras. Ou pelo menos é isso que eu espero. 

Vejo a garota pegar o celular e começar a digitar alguma coisa rapidamente, ou pelo menos tentava, já que suas mãos estavam muito trêmulas. Algumas lágrimas solitárias escorriam pela sua bochecha. Por outro lado, eu não sentia nada, meu corpo não estava tremendo, meu coração nem parecia estar batendo, meu sistema nervoso não respondia.

Passei a mão pelo meu rosto e senti que estava molhado, por um momento, pensei que eu tinha esquecido de enxugar o rosto quando lavei, mas quando meus dedos se aproximaram dos meus olhos, facilmente consegui entender a origem daquela água toda. Meu sistema nervoso estava tão em choque, que nem mesmo percebi que eu estava chorando.

Limpei minhas lágrimas rapidamente e foquei em Vada, que tinha sido mais afetada que eu. Pela primeira vez, eu estava vendo uma Vada completamente vulnerável e insegura, não era para menos, estávamos no meio de um ataque na escola, local onde teoricamente era para todos estarem seguros. Hoje realmente não era um bom dia e eu sabia disso desde o início. 

— Vada, nós vamos sair dessa, certo? - Tentei chamar a atenção dela para mim e não para o ambiente ao redor.

Esperei uma resposta dela, mas a garota nem ao menos conseguia olhar para mim.

— Vada! - Coloquei minha mão em seu ombro, foi quando nossos olhos finalmente se encontraram. — Eu prometo, nós vamos sair dessa.

Ainda em choque, Vada balançou a cabeça, concordando com o que eu tinha dito. Quando menos esperei, os tiros e gritos tinham parado, mas ainda sim, não tinha a menor chance de nós duas sairmos daqui antes de termos certeza de que tudo acabou. Não sobrevivi até aqui para morrer por simplesmente colocar a cabeça para fora do banheiro.

Fechei os meus olhos para tentar focar apenas na minha audição, tentando encontrar algum som ou passos. De repente, o barulho da porta do banheiro se abrindo bruscamente foi escutando, assustando a Vada e a mim, que quase escorreguei de cima da privada, por conta do desequilíbrio.

Vada olhou para mim com seus olhos arregalados e assustados. Fiz um sinal para ela ficar em silêncio e fiquei atenta aos passos que davam dentro do ambiente, não tinha certeza se era apenas um aluno ou o possível atirador. Todo cuidado é pouco.

Tomamos outro susto quando escutamos um chute sendo desferido na porta de uma das cabines próximas a nós, fazendo Vada quase gritar de susto. Sem tempo para pensar em algo, porta por porta foi se abrindo de forma rápida, aquele era o atirador ou um dos atiradores, agora eu tinha certeza. A porta ao nosso lado tinha acabado de ser chutada, tínhamos apensar alguns segundos antes de acontecer o mesmo com a gente. 

As lágrimas já tinham voltado a molhar o rosto de Vada, conforme ela tremia, mais lágrimas caiam. O grito de Vada se fez presente assim que o primeiro chute foi dado em nossa porta, como ela estava trancada, não abriu de imediato. 

"Faça algo"

Minha cabeça começou a me dar ordens, mas não tínhamos como sair daqui, porém, ainda sim, não posso entrar em desespero, por mais que eu já esteja um pouco desesperada. Ouvi uma risada por trás da porta, alguns passos foram dados para trás, como se estivesse pegando impulso. 

My Serotonin - Vada CavellOnde histórias criam vida. Descubra agora