O Escolhido faz a sua escolha

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POV. Harry

Às vezes me pergunto: como teria sido a minha vida se Voldemort nunca tivesse existido, meus pais não tivessem sido mortos e eu tivesse vivido num mundo de paz? Acho que eu nunca teria sido auror. Talvez fosse uma pessoa mais leve e despreocupada como James e até me tornasse jogador de quadribol quando saísse de Hogwarts. Mas por outro lado, eu nunca teria aprendido tanta coisa bacana, nem feito amigos como Rony, Mione, Neville, Luna, Fred, George, Dean, Seamus e tantos outros, muito menos encontrado uma família tão acolhedora quanto os Weasleys, ou descoberto que eu era muito mais do que um desperdício de espaço.

Muitos me consideram o melhor da atualidade. Afinal, sou o Eleito, o Escolhido, o Menino que Sobreviveu. Mas eu nunca gostei desse tipo de rótulo. Eles podem ser até positivos, quando se vê de fora, mas na verdade, são um fardo. Afinal, eu nunca fui o melhor, nem o maior, mesmo quando estive em Hogwarts. Nunca fui tão inteligente quanto Mione, nem mesmo fui monitor como Rony! Eu apenas fiz o que deveria ser feito. Não podia deixar que aquelas coisas ruins acontecessem com pessoas que amo, nem mesmo ver inocentes sendo prejudicados. Fora que eu não poderia viver se Voldemort sobrevivesse, e ele não estava muito a fim de me deixar viver em paz.

Eu também tive meus momentos de indecisão. No meu caso, foi logo depois que terminou a Segunda Guerra Bruxa. Já tinha descansado, enterrado todos os 147 mortos, feito uma dezena de discursos e entrevistas, fora os prêmios que eu e meus amigos da Armada de Dumbledore recebemos. Ordem de Merlin, primeira classe. E o melhor de todos, pelo menos para Rony: cartões de sapos de chocolate. De ouro.

Mas eu tinha que tomar minha decisão. O primeiro de setembro se aproximava e McGonagall esperava uma resposta: Harry Potter voltaria ou não para Hogwarts?

Mione e Rony já tinham opinião formada. Pena que de lados opostos.

- Não vejo o porquê de abrir mão de mais um ano de estudo. Afinal, tem tanta coisa que precisamos aprender! Fora os NIEMs, não os fizemos, e são exames muito, muito importantes!

- Mione, nós não precisamos de nada disso! Nós já somos heróis, já sabemos mais que muitos professores ali dentro e já fizemos coisas incríveis! Derrotamos animais perigosos, destruímos horcruxes, duelamos de igual pra igual com bruxos das trevas terrivelmente perigosos e vencemos! Eu não vou voltar. Neville também não vai. E você, Harry?

Eu ainda estava em dúvida. E mal escutava a discussão que continuava entre Rony e Mione, que lembrara que Neville não voltaria mais a Hogwarts porque já tinha se formado e que a Sra. Weasley iria detestar saber que seu filho não pretendia concluir os estudos.

Saí para caminhar um pouco. O jardim da Toca voltara a ficar infestado de gnomos, e chutá-los para bem longe estava sendo um passatempo divertido. Mas fui interrompido pela mulher da minha vida: Ginevra Weasley, a futura Sra. Potter.

- Ah, Harry, até que enfim achei você. Minha mãe disse que chegaram mais presentes. Vamos!

Eu a acompanhei, embora um pouco distante. Estar em Hogwarts significaria que eu passaria mais tempo ao lado dela. Ginny estaria em seu sétimo ano e eu seria seu colega de classe! Passaríamos mais tempo juntos, quem sabe namoraríamos no jardim, ou poderíamos usar a minha capa da invisibilidade para nos encontrarmos escondidos...

- O que foi, Harry? Está preocupado com alguma coisa?

- Não, Gin... É que...

- Já sei. É por causa de Hogwarts, né?

Eu dei de ombros. Como ela adivinhou? Estava tão na cara assim?

- Relaxa. Por um lado, vai ser ótimo nós dois juntinhos o ano inteiro, mas por outro, vai ser meio estranho você ali no meio da gente, tendo que obedecer às regras, ir às aulas e ser tratado como todo mundo...

É, era estranho mesmo! E o número de fãs certamente iria quintuplicar. Eu não iria conseguir estudar em paz!

- Mas a decisão é sua! Saiba que o que você decidir, eu irei te apoiar, estarei para sempre ao seu lado.

Viram por que eu me casei com ela? Ginny é tudo de bom!

Mas quando eu e ela chegamos à sala da Toca, fiquei surpreso ao encontrar Kingsley Shacklebolt sentado tomando chá. Ele sempre foi uma figura imponente por quem eu nutria profundo respeito, mas agora, ele era o Ministro da Magia.

- Ah, como vai, Harry? Estava te esperando para a gente conversar.

Ginny saiu com a Sra. Weasley, que teimava em querer ficar (não duvido nada que elas tenham escutado nossa conversa) e eu e Shacklebolt ficamos a sós.

- Então, Harry... Quais são seus planos daqui por diante?

Engoli em seco. Não estava pronto para responder, muito menos para o Ministro da Magia.

- Bom, não precisa responder agora, só queria te fazer um convite. Nós do Ministério estamos abrindo vagas para novos aurores. Afinal, tivemos muitas baixas durante a guerra e você sabe disso mais do que ninguém – Tonks, Olho-Tonto... Ah, eu sabia muito bem – E num primeiro momento, decidimos abrir uma exceção para aqueles que lutaram na Batalha de Hogwarts.

- Como assim?

- Os que lutaram ao seu lado na Batalha e sobreviveram terão a chance de tentar ser auror, mesmo não tendo conseguido excelentes notas nos NIEMs.

Nessa hora eu não acreditei. Então eu não precisaria voltar a Hogwarts para ser um auror? Por um lado, essa vida de lutas, duelos e perseguições a criminosos talvez fosse cansativa demais. Eu queria um pouco de sossego por enquanto. Mas logo entendi que não era possível.

- Nós adoraríamos que você tentasse, Harry, você foi fenomenal, incrível, você seria um auror excelente, você tem talento e ainda não conseguimos capturar todos os Comensais foragidos. Os irmãos Lestrange, por exemplo. E também... – Shacklebolt foi falando, falando e eu fui me enchendo de vontade de sair dali na mesma hora e correr atrás dessa gente toda. Se tem uma coisa que eu nunca consegui suportar foi injustiça. E não havia injustiça maior do que ver assassinos impunes. Mas tinha uma coisa que ainda me segurava.

- Então, Shacklebolt... Mas o Ministério manterá as mesmas políticas de antes?

- Como assim?

- Sobre os dementadores...

- Esquece os dementadores, Harry! Eles não serão mais guardas de Azkaban. Ainda não decidimos quem ou o que irá substituí-los, mas te dou minha palavra, Harry, enquanto eu estiver no Ministério, não nos associaremos com dementadores ou qualquer outro tipo de coisa que possa fazer mal a inocentes!

Era tudo o que eu precisava ouvir. Na mesma hora aceitei o convite de Shacklebolt e me tornei um dos mais jovens aurores deste século. Daí por diante, fui o mais jovem a fazer tudo: o mais jovem chefe do Departamento dos Aurores, o mais jovem chefe do Departamento da Lei Mágica... Alguns amigos meus, como Neville e Rony se aposentaram para se dedicar aos seus maiores sonhos. Neville virou professor de Herbologia em Hogwarts e Rony passou a administrar a Gemialidades Weasley com George, mas sinto que estou onde sempre deveria estar: combatendo o crime e as forças do mal.

A escolha de Harry PotterOnde histórias criam vida. Descubra agora