Colo de mãe

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Amor? Buscar minha mãe no aeroporto? Eu não estava preparada para ouvir nenhuma dessas coisas agora, muito menos lidar com isso nesse momento. Minha única certeza é que eu preciso  terminar de analisar toda essa proposta para apresentarmos segunda, depois alinhar com a Catarina os mínimos detalhes.

Realmente não irei conseguir pegar a minha mãe no aeroporto mas, deixar a Valentina ir buscá-la? Eu nem havia decidido ainda se iria apresentar ou não a Dona Sônia para a Valen e agora ela se oferece para buscá-la?

Enquanto ouvia a voz da Valentina do outro lado da linha, eu hesitava. Seria apropriado deixar ela ir buscar minha mãe? E se eu dissesse não? E se a Valentina pensasse que eu não queria a presença dela na  minha relação com a minha mãe?

-Lu, eu busco a sogrinha no aeroporto e faço companhia pra ela até você voltar do trabalho. - Sogrinha? Surto agora ou depois? - Assim você termina tudo o que precisa com calma.

Ela parecia tão disposta em conhecer a Dona Sônia, sem dizer que eu achei super fofo ela se oferecer espontaneamente, mas em momento algum eu cheguei a cogitar essa possibilidade, apenas comentei em como eu estava ansiosa pelo colo da minha mãe.

- Medo? - Disse divertida, conseguia sentir o sorriso em sua voz.

- Para de ser boba, nem um pouco! - Ri, de nervoso mesmo! Não tenho medo, só não sei o que esperar desse encontro. - Na verdade um pouco sim, medo por você não sobreviver ao interrogatório da dona Sônia. Ela é osso duro.

- Então esquece que eu ofereci pra ir buscá-la - Ela riu - Rindo de nervoso mesmo tá? - Olha só estamos na mesma vibe. - Falando sério agora, não me incomoda em nada e será um prazer Lu.

- Ok! Já que você insiste não vou negar mas, esteja ciente que ela vai criar uma fanfic sobre nós, vai te encher de perguntas e não me responsabilizo.

- Deixa comigo! - Desespero? Sim vou ter de me preparar para o interrogatório da Dona Sonia mais tarde. - Beijo, até mais tarde e não surta! Vai dar tudo certo sua mãe vai me amar - Riu confiante

- Tchau linda, obrigada mesmo!

A Valentina consegue sempre me ganhar nesses pequenos gestos de demonstração de cuidado, carinho e espontaneidade. Eu adoro que ela não faz questão de esconder que se importa, sem joguinhos e olha que nem estamos em um relacionamento de fato mas, às vezes tenho a sensação que já estamos juntas há muito tempo e não há poucas semanas.

Demorei mais do que esperava, dediquei horas preciosas à revisão da apresentação. Os detalhes eram cruciais, queria ter certeza de que tudo estava impecável, não podemos nos dar o luxo de perder esse investidor.  Enquanto o relógio avançava eu ajustava cada slide, refazia cálculos e me certificava que os dados eram sólidos, como disse não pode haver erros.

Quando finalmente finalizei a revisão e enviei o arquivo para a Catarina e também para a equipe de design que faria os toques finais na manhã seguinte, passava das oito da noite e eu estava exausta e só então me lembrei da minha mãe e da Valentina. Fudeu! Olhei o celular e não havia nenhuma notificação das duas. E agora? O que esperar?

Corri pra casa, no caso para o apê da Valen, como eu consegui esquecer das duas?  Faz horas que elas estão juntas, espero que tudo esteja bem e torcendo para que as duas não estejam vivendo um daqueles momentos super constrangedores.

Cheguei e fui direto ao apê da Valentina, bato na porta e ninguém me atende. Tento abrir a porta e ela está destrancada, resolvo entrar. Escutei os risos das duas  mas não as encontrei, os risos vinham do piso superior do apartamento da Valentina, subo as escadas e me deparo com as duas sentadas com os pés na jacuzzi, tomando vinho super entrosadas, como se fossem velhas amigas.

Entre ruidos e suspiros Onde histórias criam vida. Descubra agora