Capítulo 10

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Capítulo 10

Dia seguinte ao coquetel, era segunda-feira, nove e meia da manhã... E eu dormia... Não que eu costumasse dormir até essa hora nos dias da semana. Mas, bem... Eu meio que estava de férias. Não estava?

De repente, ouvi um barulhinho estranho, na janela... Não, não devia ser nada... Era eu que estava sonhando... Virei-me na cama, e me aconcheguei melhor no colchão. Então, o barulho, de novo. E dessa vez, eu tive certeza. Uma pedrinha estava sendo atirada na minha janela. E junto com ela, um som:

- Melissa!

E eu sentei na cama e sorri. Era como se eu tivesse, de novo, dez anos. Só que agora, antes de chegar até a janela, eu dei uma olhadinha no espelho. Uma conferida básica no visual e uma ajeitada rápida nos meus cabelos. E então, abri o vidro e a veneziana, e falei:

- Bom dia. - eu disse, sorrindo para ele.

O dia amanhecia ensolarado. E quente. Ele estava com uma camiseta laranja e com uma bermuda bege. Laranja... Não era uma cor que ele costumava usar quanto criança. Mas eu tinha que admitir que ficava muito bem de laranja. Na verdade, talvez tudo ficasse muito bem nele. Porque ele era bonito demais. Sempre foi. Só que agora, mais velho, ele estava arrasando e superando a sua própria beleza.

Ah, se o Pablo me visse agora! Ele certamente morreria de inveja! Porque o Estevão é um milhão de vezes mais bonito do que o Alberto!

- Desce aqui! - ele disse, exatamente como fazia quando criança, sorrindo de volta para mim.

- Tá bom. Já vou. A gente vai tomar café na pousada? - eu perguntei, ainda inclinada na janela, porque era isso que nós fazíamos quando crianças. Mas eu jurava que, como já não era muito cedo, o Estevão me diria que já tinha comido.

Só que ele, talvez pensando o mesmo do que eu, com nostalgia pela infância perdida, assentiu com a cabeça. Ele também queria tomar café da manhã na pousada, como nos velhos tempos.

Eu coloquei uma bermuda jeans, uma regata branca e um chinelo de dedos. Então lavei o rosto, escovei os dentes (descer com bafão para falar com ele não rola), passei apenas um batozinho leve, e desci. Estranhamente, eu não senti necessidade de maquiagem. Porque eu revivia a minha infância e quando criança eu não usava maquiagem.

Então desci as escadas correndo e fui até ele. Meu coração fazia Tum-tum-tum bem rápido. Só que não pela corrida, mais pela emoção. Eu me sentia tão contente!

- Olá. - eu disse. E sem pensar muito, dei um beijo de bom dia na bochecha dele. Nós seriamos amigos de novo, e eu estava disposta a ser uma amiga bem legal e carinhosa.

- Bom dia, Melissa. - ele parecia totalmente de bom humor.

- Vamos comer? - eu propus - Estou morrendo de fome!

- Será que a gente pode pegar alguma coisa de lá, para levar? - ele perguntou.

- Levar para onde?

- Foi uma ideia que eu tive - ele disse, com um sorriso fofo - Eu decidi que eu estava muito estressado e resolvi me dar férias. Então, eu pensei que a gente poderia pescar. Lembra de quando nós íamos no lago?

- Pescar? - eu disse, totalmente surpresa - Faz tantos anos que eu não pesco! - eu achei graça, mas fiquei deliciada com a sugestão - Nem sei se ainda sei fazer isso.

- Ah, você sabe sim. É como andar de bicicleta. Tem coisas, Mel, que a gente não esquece.

- Então vamos.

Sentamos numa mesa de café da manhã, nos misturando entre os eventuais hóspedes. Minha mãe e o Bernardo vieram cumprimentar o Estevão.

- Como vai, Estevão? - minha mãe perguntou, em pé ao lado da mesa.

Flor de Mel (completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora