Nathalia 🧿
Eram oito horas da noite, minha mão balançava uma taça de vinho quase vazia enquanto minha cabeça latejava de dor vendo a quantia das contas do mês.
O aluguel aumentou e eu não sabia como pagaria tudo aquilo, eu até faço uns bicos de babá pela semana, mas a quantia que eu recebo não cobre tudo.
Meu pai faleceu quando eu me formei no ensino médio e eu não conheci minha mãe, meu pai dizia que ela havia nos deixado assim que me pariu pois não queria me criar, então desde sempre eu me virei sozinha mas ultimamente estava cada vez mais difícil.
Eu olhei pro relógio pela quadragésima quinta vez naquela noite e o Leandro ainda não tinha chegado em casa. Amanhã era o dia de pagar as contas e eu precisava que ele chegasse em casa pra gente acertar tudo.
Eu me levantei da mesa com um turbilhão de pensamentos passando pela minha mente e fui lavar a louça que restou do jantar, depois fui tomar um banho quente.
Leandro e eu somos "casados" há três anos. Eu nunca tive nada, apenas a casa do meu pai e era alugada. Ele me deu tudo e insiste em jogar isso na minha cara, mas aos poucos fomos nos estabilizando juntos, e nunca chegamos a casar no civil.
A casa não é luxuosa e nem é localizada nos melhores lugares do Rio. Moramos no Complexo do Alemão. A casa é pequena e ainda precisa de algumas reformas, mas é o nosso lar.
Tudo foi maravilhoso no início. Vivíamos saindo juntos e tínhamos liberdade para ir em festas e coisas assim com amigos, com toda a confiança.
Mas depois de um tempo Leandro começou a desconfiar demais. No começo o problema eram as roupas, depois as amizades – principalmente com homens –, depois os rolês.
Tudo virou motivo de brigas aqui em casa. Até hoje não tem um dia que não brigamos por algo besta, como uma toalha em cima da cama. Mas o Leandro não aceita quando está errado e sempre vem pra cima de mim.
Eu sempre dizia que nunca deixaria macho levantar a voz ou a mão pra mim, mas quando acontece na primeira vez, a gente fica sem reação e toda a coragem vai embora. Pelo menos foi assim comigo.
Eu achava que ele mudaria, mas as agressões foram aumentando, as pessoas começaram a notar e eu sempre dizia que foi um acidente em algum móvel da casa.
Somente a Laís, minha melhor amiga, sabia o que estava acontecendo porque ela me obrigou a contar, tentou me convencer a contar para o Coringa, o dono daqui, porque eu tinha todas as provas, prints de ameaças e áudios que eu mandava para ela, mas eu não tive coragem, porque sabia exatamente como ele lidaria.
Nem mesmo meu irmão, Leonardo, sabe a verdade, mesmo desconfiando.
Mesmo relutando, a Laís "respeitou" a minha decisão e ficou quieta.
Durante o banho eu fiquei refletindo qual a desculpa que o Leandro me daria quando chegasse em casa.
Algumas vezes ele chega tarde em casa e eu sempre fico acordada até ele chegar por preocupação, na maioria das vezes ele diz que estava fazendo hora extra, nas outras eu sabia que ele estava na farra.
Obviamente eu desconfio que ele está aprontando pelas minhas costas, não só desconfio como tenho certeza, mas é foda separar a essa altura do campeonato, com todas essas contas e sem lugar pra ficar.
Após sair do banho, vesti um short larguinho de malha e uma camiseta do Leandro que ficava enorme em mim mas era confortável e tinha o cheiro dele.
Esse cheiro me lembrava os velhos tempos, quando eu me apaixonei por uma invenção minha.
Fui para a sala e me joguei no sofá, selecionando uma série nova para assistir.
Meu plano era ficar assistindo até o Leandro chegar, mas depois de poucos episódios acabei pegando sono e acordei horas depois com barulho da porta da sala abrindo.
Esfreguei os olhos e vi o Leandro entrar dentro de casa cambaleando, com uma garrafa de whisky na mão e com a camiseta amarrotada. Ele fedia a sexo, drogas e álcool.
— Onde você estava? — perguntei sentando no sofá e prendendo o cabelo. — Eu ia te esperar mas dormi sem querer.
— Não te interessa onde eu tava. — ele falou embolado por conta da bebida e aumentou o tom de voz. — Tu não cansa de ser insuportável, Nathalia? Tudo é motivo de briga.
Eu me levantei e esfreguei os olhos, respirando fundo. Ele se aproximou e passou a mão no meu rosto.
— Vamo transar gostosinho, tava com saudade de sentir essa bucetinha... — falou passando os dedos na minha intimidade por cima da roupa.
Eu juntei todas as minhas forças naquela hora. Peguei a garrafa e joguei no chão, descontando toda a raiva acumulada nesses três anos.
— A partir de hoje você não toca mais um dedo em mim. — falei baixo e olhando nos olhos dele. — Eu cansei de ser humilhada, Leandro. Eu não mereço passar por isso.
⚠️ Cenas fortes: Abuso sexual e agressão. ⚠️
Ele deu um riso irônico e agarrou meu cabelo, me jogando no sofá e rasgando minhas roupas.
— Tu é minha puta desde que a gente se conheceu, Nathalia... Tu me deve a tua vida por tudo que eu fiz por ti. — disse desabotoando a calça e colocando seu membro pra fora da cueca. — Eu vou te comer e tu não vai soltar um piu.
Ele colocou minha calcinha pro lado e inseriu só a glande dentro de mim.
— Leandro, por favor... Hoje não.
Imediatamente ele agarrou meu cabelo e forçou minha cabeça para trás. Eu gemi de dor e ele desferiu um soco na minha barriga, que me fez perder o fôlego e tontear.
— Eu mandei tu ficar quieta, tu é surda agora? — disse e desferiu um tapa na minha cara.
Ele colocou tudo e eu gritei de dor enquanto chorava, colocando a mão na minha boca.
[...]
Nathalia Damaceno, 22 anos.