Capítulo Único

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Castiel descansava os olhos, fingindo não sentir o estranho desejo humano de dormir, a dor em suas juntas, o incômodo do suor em sua pele, nem o estranho formigamento em seu baixo ventre devido à proximidade de Dean. Ultimamente estava sendo difícil agir normalmente perto do Winchester.

Era difícil evitar o calor em suas bochechas toda a vez em que Dean se aproximava, fazia uma piada sem graça, ria ou estava de ressaca, estranhamente fofo com seu cabelo bagunçado e roupas desarrumadas. Embora Castiel odiasse imaginar o que ele havia feito em suas noites na cidade, com qual mulher havia dormido e quantas havia bebido, não podia evitar ajudá-lo a chegar à cama, cobri-lo e vigiá-lo. Infelizmente, ultimamente estava tendo que achar um canto no bunker para dormir ao invés de olhá-lo a noite inteira.

Dean, para seu completo incômodo, andava tão perdido que suas noites na cidade ocorriam quase frequentemente demais. Castiel estava buscando formas de fazê-lo diminuir o vício que a cerveja e mulheres estavam sendo nesse período conturbado em sua vida, porém se nem Sam estava obtendo muito sucesso, quem diria ele. Odiava isso, porque nada doía mais do que ver quem sabia amar acabando com a própria vida.

Talvez tivesse esperado demais para sair do quarto dessa vez, porque de repente começou a escutar uma voz repetitiva proliferar seu nome e um bafo péssimo de cerveja atingir suas narinas. Abriu os olhos aos poucos, piscando ao fitar as sobrancelhas franzidas de Dean e sua preocupação quase tocável.

Castiel arregalou os olhos ao notar que havia dormido enquanto vigiava Dean. Permaneceu deitado, esperando-o falar qualquer coisa que tornasse o momento o menos vergonhoso e trágico possível.

--Castiel, meu amigo, você estava dormindo?

Dean poderia ter perguntado algo menos óbvio, porque agora Castiel não fazia a menor ideia do que poderia dizer para tirar seu rosto de perto do dele. A proximidade de Dean, apesar do bafo horrível de cerveja, estava o deixando meio quente.

--Não é óbvio?--Optou por dizer o mais fácil.

Dean não pareceu gostar da resposta, mas Castiel ficou feliz ao vê-lo se levantar. Ele olhou para a cama, franziu as sobrancelhas e engoliu em seco ao notar que havia dormido grudado com Dean a madrugada inteira.

Se levantou também e mal conseguiu olhar no rosto de Dean quando esse falou:

--O que está acontecendo, Cass?

Deu de ombros.

--Eu estou fraco, Dean. Não sei direito o que está acontecendo exatamente, mas eu vou resolver.

Dean não pareceu acreditar. Castiel imaginou seu cérebro trabalhando, buscando alternativas e motivos. Sabia que agora não haveria chance de convencê-lo a focar em tópicos mais importantes do que ajudá-lo com o que quer que estivesse acontecendo. Não que reclamasse da ajuda de Dean, apenas não queria preocupá-lo com coisas desnecessárias.

--Bem...--Dean fitou-o, confuso.--O que estava fazendo na minha cama?

Castiel odiou sentir suas bochechas corarem, também odiou o formigamento em seu baixo ventre. Odiou mais ainda sentir o suor em sua pele e suas pernas tremerem. Não havia razão para se sentir nervoso, mas a aproximação de Dean deixava sua mente inquieta e essa, essa maldita proximidade com Dean, era a razão de tudo ao seu redor girar em torno do Whinchester, quando anjo ou não.

--Eh...--Pigarreio, sentindo sua garganta seca.--Você chegou caindo de bêbado às duas e pouco da manhã. Eu o trouxe para a cama.

Dean não pareceu achar a resposta satisfatória o suficiente.

Nada a perder-DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora