💍 Capítulo 29 💍

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SONG MINGI

Mingi, em meio a um suspiro profundo, criou coragem para levantar o rosto do colo de Yunho, sentindo seus joelhos doerem quando se sentou no chão, aproveitando o espaço para secar seu rosto molhado e marcado pelo choro recente. Tentou por dias pensar em outras alternativas que não fossem destrutivas, mas agora quando a corda já estava em seu pescoço, não havia mais tempo. Estava sem saída.

Mingi nem sabia por onde começar. Era como se um bolo de sentimentos estivesse entalado em sua garganta lhe impedindo de respirar, então manteve seus olhos baixos enquanto organizava seus pensamentos. Não queria fazer aquilo com Yunho mais uma vez, era como se as palavras tivessem morrido em sua boca. Sabia que elas poderiam adquirir um peso que não teria como deixar de carregar. Era a vida de Yunho pela sua, e quando pensou começar a dizer tudo o que precisava, Yunho foi mais rápido e quebrou o silêncio primeiro.

— O que está passando na sua cabeça agora? — a voz baixa entrou nos ouvidos de Mingi, que fungou baixo enquanto passava as mãos no rosto de maneira ansiosa, tentando secar a pele já seca só para tomar mais tempo. Pelo menos só por mais uns segundos queria ter a sensação de que ainda tinha Yunho por perto.

— Que a gente precisa conversar. — disse sem rodeios, levantando os olhos para Jeong, se arrependendo no segundo seguinte quando viu o rosto dele vermelho e ainda úmido.

— Amor, se você não quiser falar agora, podemos falar disso depois quando tudo se acalmar e...

— Não, Yunho. A gente não pode falar disso depois. — disse, desviando os olhos dele com medo do que veria, encarando o então tapete branco. — Você... você viu o que aconteceu hoje! Viu como trataram você! A gente não pode fingir que isso não aconteceu! — disse firme, apertando seus dedos na calça jeans que usava de maneira nervosa.

— Mas o que vamos fazer?? — Yunho perguntou com a voz um pouco alterada, estapeando as próprias coxas. — Aquelas pessoas apareceram do nada! Eu nem vi de onde elas saíram! Como vamos controlar isso, se nem pedir pra eles pararem deu certo? Não existe conversa que resolva!

Mingi então se levantou, sentindo um amargor surgir em sua boca quando se virou de costas para Yunho e fechou os olhos. Precisava ser forte. Precisava fazer aquilo, por Yunho.

— Eu preciso que você vá para a casa de seus pais por um tempo... — disparou tudo de uma vez, ainda de olhos fechados assim que quase se engasgou com as próprias palavras.

— O quê? — Yunho perguntou surpreso, e Mingi soube que ele havia se levantado do sofá.

— Me escuta! — disse firme, criando coragem para abrir os olhos e encarar o mais novo. — Eu preciso que você vá para a casa de seus pais por um tempo, e não pise mais os pés aqui, ou ligue pra mim, ou fique perto de mim. Quero que você fique longe, Yunho. O mais longe que você puder, me entendeu? — disse diretamente, tendo a sensação de ser atingido por um soco no estômago assim que uma expressão confusa surgiu no rosto do mais novo. Para Mingi, dizer aquelas coisas, ainda mais pra pessoa que mais amava nunca havia doído tanto, e doía ainda mais quando sabia de todas as promessas que haviam feito para que aquele laço tão forte que construíram nunca se partisse. Sentiu seu coração apertar no minuto seguinte que encarou o rosto assustado, vendo Yunho abrir e fechar a boca como se quisesse dizer algo, mas nada saía. Foi assim que continuou, tentando todo segundo não tremular a voz enquanto desabava por dentro. — Eu não posso permitir que você fique aqui, passando por tudo isso. Eu não quero que isso se repita, então vá!

— E-eu... você só pode estar brincando... — a voz embargada tomou conta da fala de Yunho.

— Por favor... confie em mim! — pediu, se aproximando de Yunho devagar. — Você sabe que tudo isso começou quando eu me aproximei de você, Yunho. — disse, vendo Yunho se afastar de si quando tocou no braço dele.

LOYALTY II - O passado fica para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora