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 Eu havia pedido permissão ao pai de Jeonghan pra ficar junto dele no quarto, e ele havia me autorizado, então lá estava eu, sentando numa poltrona ao lado daquela cama de hospital, segurando a mão de Hannie enquanto acariciava a mesma. O olhando, eu sequer imaginava o que poderia ter o levado a tomar decisões como aquelas, mas sei que no momento certo ele me contaria. Eu acho, não, eu tenho certeza que ele foi meu primeiro amor, acho que por isso eu não conseguiria ficar bravo com ele por tanto tempo.
Ele já havia recobrado a consciência, seus pais já sabiam o que tinha acontecido e tentavam abafar o caso para as mídias. Estávamos somente nós dois naquele quarto do hospital, em completo silêncio.

-Meus pais estão separados... mas estão morando juntos. -Ele quebrou o silêncio.

-Como?

-Antes do acampamento... isso começou antes de tudo isso. Na verdade, foi o que começou tudo isso...

-Hannie... não precisa falar disso agora.

-Eu não quero mais esconder as coisas de você, Ddaddu... Já menti por tempo demais. Você sabe que meus pais nunca foram afetuosos um com o outro, mas chegou um ponto que estava insuportável já as brigas dentro de casa... foi quando conheci o Hyungwon, e ele começou a me oferecer um escape. A maconha bastava, me fazia relaxar e eu não precisava dela quando estava com você, mas então tudo aquilo aconteceu no acampamento, e eu jamais quis te ver infeliz por minha causa... te deixei ser feliz.
"Quando voltei pra casa tudo havia desmoronado, eles haviam assinado o divórcio e me pediram pra não contar a ninguém, tanto que até hoje nem meus avós sabem disso, porque eles continuaram morando juntos, minha mãe somente começou a passar mais tempo viajando do que de costume. Eu não tinha pra onde ou pra quem correr e eu sei que isso não é desculpa ou justificativa, mas então eu me envolvi em muita coisa só para... para sentir algo, entende? Foi quando a faculdade começou e eu conheci o Seokmin, ele me ajudou a parar com os "mais pesados" mas eu não consegui largar mão da erva... ainda uso, não vou mentir pra você."
"Eu não consigo mais escutar Out Of The Woods ou Secret Love Song por causa do acampamento, me sinto um covarde toda vez. Porque o meu egoísmo sempre me afasta de você e o que eu sinto por você... Cheol eu não menti sobre o que eu sinto por você naquela noite do acampamento, eu nunca te usei por tédio ou sequer gostei da Yeri como você achava que eu gostava, nunca! Era você... merda, sempre foi você e depois do que aconteceu ontem e eu vi a minha vida inteira passar na minha cabeça como um filme eu percebi que eu não posso te deixar sem respostas ou explicações sobre tudo porque... porque eu acho que te amo, Seungcheol. E isso me dá medo, eu não conheço esse sentimento, não entendo toda essa onda de frenesia quando está perto."

Sem saber o que dizer e ver as lágrimas escorrendo pelo rosto de Jeonghan mais uma vez. Pedi a ele espaço naquela cama extremamente desconfortável e me deitei ao seu lado, passando meu braço por detrás de seu pescoço para que ele pudesse encostar a cabeça próximo ao meu peito. Ficamos assim por um tempo, apenas ouvindo o soluçar do choro silencioso de Hannie.

-Eu não aguento mais segurar a barra sozinho, Ddaddu...

-E você não precisa, bem... nunca precisou. Eu sempre estive aqui, não importavam as circunstâncias, se você me chamasse eu iria sem pensar duas vezes. -Acariciei seu cabelo, beijando o topo de sua cabeça. -Quando sair daqui, vamos com meus pais para Daegu, huh? Vamos dar uma pausa dessa loucura toda.

O que deveriam ser apenas alguns dias no hospital acabaram se tornando dois meses em reabilitação. Eu visitava Hannie sempre que eu podia ou conseguia, mas sempre eram visitas rápidas. Eu contei os dias pra ele voltar pra casa, até que finalmente havia chegado. Não pude buscar ele, mas depois de ter ido pra casa dele ele foi para minha casa, ou melhor, a casa dos meus pais.
Ficamos o dia todo decorando a sala pra esperar ele, até mesmo fizemos um cartaz escrito "Bem-vindo de volta para casa, Yoonzino". Esse apelido foi meu pai que deu a ele há muito tempo atrás, sei que seria especial pra ele ouvir aquele apelido novamente.
Eles ficaram em silêncio enquanto eu o esperava na frente de casa, fazendo festa assim que entramos juntos. Jeonghan não disse nada, mas olhava feliz e maravilhado para tudo em volta. Naquele momento ele parecia o mesmo Jeonghan do ensino fundamental, fascinado com a forma gentil que minha mãe o abraçou e ouvindo atentamente todas as histórias mirabolantes que meu pai contou a ele. Hannie parecia uma criança sentada no tapete da sala, escutando atentamente cada coisa que meu pai contava enquanto comia os pãezinhos doces que minha mãe fez especialmente porque lembrava o quanto ele gostava. Depois de tudo que ele havia me contado que estava acontecendo em casa, nada melhor do que trazer um pouco de aconchego a quem eu amava e protegeria a todo custo.

The Heart Wants What It WantsOnde histórias criam vida. Descubra agora