UM

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Caminho em direção a cozinha em busca de mais um copo de bebida de procedência duvidosa. A tarefa é difícil quando tenho que driblar vários casais que estão engolindo uns aos outros pelos cantos da casa. 

Bom. 
Esse é o espírito do Halloween. 
Vestir fantasias bregas, beber e fumar maconha até esquecer o próprio nome. 

Mas admito que estou um pouco entediado. E para ser bem sincero, não está sendo tão empolgante estar aqui. Não é confortável estar em lugar que você não conhece a maioria das pessoas, principalmente quando a dona da festa namora o cara que te odeia, o que significa que a maioria das pessoas aqui preferem ignorar minha existência do que ter problemas com ele. 

É isso que acontece quando você muda de cidade, entra em um novo time e pega a posição de titular do queridinho do clube. Mas foda-se, eu não tenho culpa por estar em uma melhor fase que ele. O que significa que hoje não estarei fumando maconha para suportar estar aqui, o que é bem diferente do que vi Cenk fazer nos fundos da casa. 

Preciso ser responsável e merdas desse tipo. 

— Amor, por favor, espere! — por falar em Cenk... ouço a voz dele se aproximar. — Amorzinho, não seja assim, eu não te trai... ok, sim, eu fiz isso, mas não vai acontecer de novo, eu juro! 

Posso ouvir passos furiosos.
O que presumo ser de Eda. O amor de Cenk, a dona da festa e também a líder de torcida mais popular da cidade. 

— Você é um filho da puta, Cenk — ela grita. 

— Eu pensava que ela era você, vocês estão vestidas iguais! — ele mente. 

E eu sei que ele está mentindo porque não tem ninguém aqui vestida igual a Eda. É impossível. E a mulher que Cenk estava beijando quando o flagrei estava fantasiada de enfermeira sexy, enquanto que Eda... Bem, Eda está com um vestido preto longo, com uma fenda que marca bem suas grandes pernas. Há também luvas pretas em suas mãos, que talvez tenha feito todos os homens da festa suspirarem desejando tê-las em torno dos seus respectivos paus. O lado esquerdo do rosto de Eda está impecável em uma maquiagem que quando unida ao vestido faz ela parecer uma atriz de Hollywood pronta para o tapete vermelho, mas seu lado direito mostra cicatrizes milimetricamente desenhadas para fazer justiça a festa de Halloween. 

Ela é de tirar o fôlego. 
E Cenk um babaca. 

— Para de me seguir! — ela pede, a voz agora mais próxima da cozinha. — Eu quero que você vá embora da minha festa. 

— A festa também é minha.

— Deixou de ser no momento que você enfiou a língua nas amígdalas daquela cachorra. 

— Querida... — ele tenta chamá-la com uma voz infantil e isso me faz rir através da minha máscara de ghost quando finalmente os dois entram no meu campo de visão. 

Eda tem fogo nos olhos.
Como ela pode ficar mais linda mesmo parecendo pronta para assassinar alguém?

— Eu te avisei — ela diz. 

E então tudo parece acontecer em câmera lenta. Os olhos dela encontraram os meus, suas belas pernas marcham em direção a mim, suas mãos enluvadas arrancam a máscara do meu rosto e seus lábios encontram os meus. 

Ouço os grunhidos de surpresa das pessoas que estão na cozinha conosco, mas ninguém foi tão surpreendido quanto eu. 

Eda força os lábios nos meus tentando me fazer sair do estupor. Olho rapidamente para Cenk, mas não tenho tempo para me importar com sua reação, não quando Eda leva uma das mãos para a minha nuca e sua outra mão acaricia a minha bochecha, pressionando os lábios mais firmemente, me fazendo correspondê-la. Sua língua pede passagem e eu caio no beijo, fecho os olhos com um gemido contido quando minhas próprias mãos agarram sua cintura, pressionando nossos corpos.

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2023 ⏰

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