Problemas

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Enquanto o final de semana avançava, aproveitava todo o tempo possível com a minha mãe. Confesso que abusei um pouco, fiz ela preparar minhas comidinhas preferidas, enchi meu freezer com marmitas como perceberam não tenho o dom para a cozinha e não me envergonho disso.

Fiz questão de incluir a Valentina em toda a nossa programação, era tão gostoso ver a interação das duas, era natural, espontâneo e assistir as duas deixava o meu coração quentinho. A Valentina conquistou a dona Sônia de jeito, sempre que estávamos sozinhas minha mãe a elogiava, comentava sobre como ela era atenciosa e principalmente como a Valentina me fazia bem. A Valentina não quis dormir comigo esses dias, disse que era em respeito a minha mãe mas, no fundo eu sabia que era por medo ter uma de suas crises de terror noturno.

Minha mãe, tocou em vários momentos no nome da Júlia, disse que ela ficaria feliz em me ver bem, até porque amor é querer ver o outro bem e não sofrendo. Como eu disse eu nunca deixarei de amá-la, mas sinto que hoje é possível reconstruir a vida ao lado de um novo alguém e espero que esse alguém seja a Valentina.

Minha mãe retornou para o Rio no início da noite de domingo, levei ela até o aeroporto sozinha, a Valentina disse que tinha um compromisso importante e não poderia ir comigo, mas fez questão de nos levar para tomar um café bem gostoso algumas horas antes. Minha mãe ficou o caminho todo comentando sobre mim, sobre como estou mais aberta, feliz, que ela estava muito contente em me ver amando novamente e quando ouvi isso meu cérebro deu pane mas não discordei. Será que estou amando a Valentina? Acho prematuro concordar mas, admito que eu não me sentia tão bem ao lado de alguém desde a Julia.

Me despeço da minha mãe no aeroporto, como eu queria que ela pudesse ficar um pouco mais, mas ela tem a vida dela no Rio. Agradeci por ela ter ficado esses dias, ter matado a saudade e prometi que em breve eu irei visitá-la. Como eu odeio despedidas.

...

A Segunda chegou e junto dela o grande dia havia chego, eu estava muito nervosa e ansiosa, mas determinada a fazer o meu melhor pitch da vida e conquistar os investidores. A sala de reuniões estava preparada, confirmei se tudo estava funcionando perfeitamente desde as lâminas do projeto que seriam entregues às pessoas que representavam o possível investidore ao projetor.

Finalmente todos os envolvidos na apresentação haviam chegado e eu estava no centro da sala de reuniões, minhas mãos estavam geladas e suadas, estava totalmente sob pressão, estava diante de um grupo de diretores, membros do conselho e o grupo que representava o possível investidor, Catarina, que também estava ao meu lado. Nos conhecemos a pouco tempo, porém tínhamos uma relação de cumplicidade e confiança, ela me encorajava com o olhar.

Respirei fundo e iniciei a apresentação, usei uma linguagem confiante e direta para explicar todos os detalhes do projeto. Mostrei gráficos e estatísticas, delineei o plano de execução e destaquei o potencial de retorno do investimento. Fui tão clara quanto possível, precisávamos impressionar o grupo.

A cada slide, a tensão da sala era palpável, mas mantive o foco, à medida que a apresentação avançava, eu notava a expressão dos investidores, e assim a nossa sorte parecia que estava mudando e isso me deu ainda mais confiança para continuar levantando todos os pontos de interesse.

Quando terminei a apresentação, todos aplaudiram. Catarina me deu discreto aceno de cabeça, sinalizando que o resultado fora positivo, No entanto, um dos membros do grupo que representava o investidor levantou a mão e fez um questionamento inesperado.

- Tenho uma duvida, esse é um projeto da Valentina Albuquerque correto?

- Sim, esse projeto foi idealizado pela Valentina, porém, quem irá assumi-lo vai ser o Rodrigo Gouvea tão competente quanto ela.- Digo tentando evitar questionamentos sobre nosso arquiteto responsável.

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