Era fim de uma tarde fria, a neve branquinha que eu costumava ver cobrir tudo e todos já não estava tão presente, as nuvens sinalizavam que talvez começasse a chover, as árvores começaram a ganhar folhas e o vento forte as balançavam, sinal que era fim de inverno e começo de primavera. A noite vinha se aproximando e junto com ela enquanto eu andava pela rua, já podia avistar o paraíso, ou seja, a livraria onde mundos surgiam e universos se propagavam, toda sexta eu ia lá sempre buscando algo que completasse o meu vazio, a vida parecia mórbida quando eu acabava de "devorar " os livros, minha cidade pacata e sem grandes atrações não me animava nem um pouco.
Entrei na na livraria e de cara encontrei uma capa um tanto misteriosa, era azul como o mar, tinha algumas cores como o universo, mais esse azul tão intenso quanto a solidão me fazia querer ler o que havia naquele pequeno mundo escrito em folhas, fui ler o prólogo e ele dizia assim:
"-Tropeços, recomeços, deslizes e quedas. Tudo isso faz parte de nossas vidas, de nossos caminhos, de nossos destinos. A aflição de não saber do amanhã, do remoer do passado, de não saborear o presente. A sensação de estar perdido, sozinho, cansado e oprimido.
Dói e dói na alma, o coração pesa, as lembranças vem como tempestade, nevoeiro forte que esconde a felicidade, as emoções tomam conta, como a chuva as lágrimas Já caem e agora? Com quem contarei desse embaraço difícil de sair a qual entrei.
A canseira no peito revela que talvez falte ar pra respirar ou seria apenas a correria do dia a dia que me fez pensar. E se eu correr contra o tempo, será que chego lá? A vida é árdua, queima igual brasa e quem não segue o caminho do destino, o seu fim é um só, lembranças vagas, emoções fracas, uma vida corrida sem tempo sem vivência; e por hoje é só."
Achei profundo, procurei pelo nome do(a) autor(a) e só vi iniciais, M.d.j.s. quem seria esse ou essa? Pouco me importa, agora quero saber o que há neste livro em minhas mãos. Quando me virei bruscamente para comprar o livro, bati em alguém, o livro foi ao chão.
-sinto muito, moça.
Disse ele pegando o livro do chão, alto, forte, cabelos cacheados, de olhos castanhos escuros, tão vastos e intensos como as galáxias, talvez eu tenha prestado atenção demais.-sem problemas, peço desculpas por não prestar atenção.
Falei um tanto receosa.
Ele sorriu me entregou o livro e saiu dali, e por azar ou sorte justamente estava chovendo forte, nem havia percebido por causa da curiosidade pelo livro, devo sair correndo por causa desse mundo curioso em minhas mãos? Ou melhor seria andar pela chuva sentindo as gotas caírem no meu rosto, sentir o vento gélido e aos poucos ficar encharcada a ponto de sorri para o nada?.
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fim de inverno
RomanceApós um inverno de incertezas, melancólico, e tão vazio, a primavera chega, os medos e receios também aparecem, Luz se vê dividida entre o passado e o presente. Em um dia pacato e tão solitário, o pesar em seu coração transborda, então seus passos...