Capítulo 16 - Nanon

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Olho para aquela roupa de couro branca com detalhes vermelhos e pretos e lembro de quando o conheci, lembro de que o meu primeiro pensamento quando o vi era sobre ele ser lindo, acho que naquele momento o meu plano de pegar o seu coração já tinha fracassado.
Ele termina de amarrar o tênis, levanta e vem até mim.
- Tem certeza que quer ir junto?
- Eu já falei que você não vai a lugar nenhum sem mim.
Ele sorri e me beija.
- Vamos então?
Eu concordo e vamos para o elevador, quando começamos a descer ele de risada.
- O que foi?
- Achei que você só iria voando para todos os lugares agora, você em um elevador, indo para a garagem parece tão.... mundano!
- É melhor não chamar mais atenção para nós.
Ele acena concordando e depois fica sério.
- Você acha que é perigoso? Se você quiser nós podemos ficar.
- Sempre vai ser perigoso, meu amor, você saiu da vila para ter liberdade, eu não vou deixar você perder isso.
Ele de repente parece mais agitado.
- Foi uma péssima ideia, anjo, vamos voltar.
Ele vai até o painel, mas eu o paro e viro para mim.
- O que está acontecendo?
Ele me olha nervoso e me abraça.
- Vamos apenas voltar, anjo.
- Ohm, o que foi?
Ele suspira e se afasta.
- A tia Meg me disse que você está em perigo.
- Eu?
- Sim, ela disse que um anjo que chora era algo que fariam de tudo para ter e que poderiam me usar para pegar as suas lágrimas.
Eu não digo nada e ele fica sério.
- É verdade, não é? E você sabia disso.
O elevador para e eu aponto para ele sair.
- Nós não vamos, Nanon.
Eu vou até ele e seguro o seu rosto.
- Ohm, esses perigos vão sempre existir, se vivermos mil anos, daqui mil anos ainda será perigoso, porque você ainda vai ser um Nefilim e eu ainda vou ser um anjo que recuperou as asas e chora.
Ele fica surpreso e coloca as mãos por cima das minhas.
- Porque recuperar as asas te colocam em perigo, anjo?
Percebo que falei demais, mas não quero esconder nada dele.
- Nunca aconteceu antes e no meu mundo tudo que é especial é desejável, muitos podem querer saber como aconteceu e porque eu sou especial.
- A tia Meg falou que você é diferente.
- Aquela bruxa fala demais, vamos, não podemos ficar segurando o elevador, nós conversamos no caminho.
Ele concorda, beija a minha mão que ainda está no seu rosto, segura e anda em direção ao carro, quando começa a dirigir me olha sério.
- Você é diferente?
- Eu sou.
- Como?
- Não tenho certeza, mas eu sou mais forte do que era antes de ser expulso, talvez tão forte quanto um arcanjo. Os meus poderes estão mais fortes também e faço algumas coisas que não fazia antes.
- Poderes? Como o que?
Eu penso por um momento e sorrio, coloco a mão no painel do carro e me concentro, quando me afasto ele me olha curioso, eu aponto para o lado de fora e ele freia.
- Como... Porque... Como nós chegamos aqui?
- Deslocamento.
Ele enruga a testa confuso.
- Os humanos chamariam de teletransporte.
- Você pode se teletransportar?
- Eu descobri que podia fazer na vila, um dia eu fui abrir a porta da casa do seu bisavô para ir para a casa da bruxa e de repente eu estava na casa dela. Tentei com alguns objetos e deu certo também.
Eu dou de ombros e ele sorri.
- Porque nunca fez de novo, isso é incrível!
- Eu prefiro voar.
- O que mais você faz?
- Eu vou te mostrando com o tempo, nós chegamos, estaciona e vamos sair do carro, aqui é perigoso.
Ele olha em volta preocupado, liga o carro e estaciona, entramos no bar e ele cumprimenta os seguranças, conforme vamos andando ele vai cumprimentando todos a volta, chegamos no balcão e ele vira para mim.
- Quer ir comigo para o camarim?
- Não, senão não saímos de lá, eu fico por aqui.
Ele sorri, me beija e sai, eu sento no balcão e peço uma cerveja.
Fico assistindo a apresentação deles, acho que nunca vou me cansar de ver ele tocando bateria, é tão perfeito e excitante. Ele sempre olha para mim e sorri, está animado, está feliz, isso faz eu ter certeza que fiz a escolha certa, não quero que ele perca nada por minha causa, porque me conheceu.
A apresentação acaba, ele vem até mim e me beija, então vai para o camarim com os outros, quando volta nós vamos embora.
Chegamos no carro dele e eu fico do lado de fora esperando ele entrar, percebo que um gárgula nos observa, o que significa que tem um demônio nos observando e isso não é nada bom. Assim que ele entra no carro eu entro também, ele começa a dirigir, eu espero ele virar a esquina, quando ele para em um semáforo o gárgula para no alto de um prédio, eu me concentro e toco o painel e nos desloco para a garagem.
Ele me olha assustado e sorri.
- Isso é realmente incrível!
Eu sorrio e saímos do carro, vamos para o elevador, quando entramos nele eu relaxo.
Chegamos no apartamento e o Ohm me olha animado.
- O que mais você pode fazer?
- Vamos tomar um banho primeiro?
Ele fica chateado e concorda, vou até ele e seguro a sua mão, aponto para as cortinas, movo a mão para o lado e as cortinas se fecham.
- Vamos manter as cortinas fechadas por enquanto, não quero ninguém nos observando.
Ele me olha encantado e concorda.
- Agora vamos tomar banho, precisamos comer.
- Agora que eu me liguei, você precisa comer?
- Não, mas eu gosto.
Ele acena e antes que pergunte mais alguma coisa eu o puxo para o banheiro.
Estamos sentados na banheira e ele fica beijando o meu pescoço.
- Foi tranquilo hoje, não aconteceu nada estranho.
Eu sorrio e não digo nada, ele está feliz e não quero estragar isso com algo que não podemos controlar.
Ele volta a beijar o meu pescoço enquanto passa as mãos pelo meu corpo.
- Anjo?
- Sim.
- Eu posso...
Ele não termina, mas eu sei do que esta falando, então concordo, ele me beija mais uma vez e me levanta com cuidado, quando me desce começa a gemer no meu ouvido.

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