Continuação - 2

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FLÁVIA

Eram 5h da manhã e Flávia não conseguia mais ficar rolando na cama, tentando dormir mais um pouco antes que o relógio despertasse. Nada como uma crise de ansiedade para tirar o sono.

Estudante de jornalismo a quase um ano, procurava um estágio que lhe permitisse adquirir experiência. Lógico que não era "O estágio", nada de aparecer na televisão nem ter uma coluna só dela em qualquer periódico impresso. Mas trabalhar com um de seus melhores professores, em um projeto da universidade, com certeza poderia lhe abrir portas no futuro.

Após sua prece matinal e uma leitura das escrituras, compromisso que cumpria desde criança, levantou-se disposta a ouvir MPB. Pegou seu celular e colocou uma playlist de seu cantor favorito. Era como se ele cantasse só para ela. Bem, pelo menos ela podia sonhar com isso.

"Os meus pés estão presos na areia,

Mar do amor quer me levar...

Por mais que eu fuja, quando você me beija,

me entrego, sem mais lutar..."

Mal percebeu que alguém batia à porta do seu quarto. Era seu querido irmão Felipe.

Flávia era caçula em uma família de três filhos: sendo que ela era a única garota! Sim, a vida podia ser difícil. O mais velho, Fabrício, estudava fora do país, em uma universidade americana. Sobrou o irmão do meio, em questão, que estava com o rosto todo marcado pelo travesseiro e uma expressão de poucos amigos. Bem, talvez ela tenha se empolgado só um pouquinho com a música e dado um show à parte. Ops!

UM ANO ATRÁS

– Mãe, o Felipe convidou o Rodrigo de novo pra almoçar aqui em casa? – Flávia tentava disfarçar seu descontentamento. – Agora é todo domingo?

– Pensei que gostasse dele, Flavinha! Ultimamente você tem implicado bastante com o amigo do seu irmão... Aconteceu alguma coisa que eu não sei? – perguntou Sônia, mãe da moça. Ela até parara de cortar os legumes, esperando pela resposta da filha.

– Não, nada! Quer dizer, não aconteceu nada... – Flávia tinha que se controlar mais, pois sua mãe era como uma vidente do lar. – Desculpa, mãe! Vestibular chegando e eu tô uma pilha. A senhora nem o Fabrício têm culpa.

– Nem o Rodrigo! – a mãe completou. – Ele te adora! Percebi que ele até tem evitado vir aqui em casa durante a semana. Acho que ele pensa que você está com raiva dele – Sônia olha de esguelha para a filha e comenta. – Fiquei até sabendo que ele está namorando uma de suas amigas! Mais um motivo para resolver tratar melhor o garoto. Não é?

''Sim, mãe...'' pensou Flávia "o motivo que faltava para evitá-lo ainda mais!"

HOJE

– Flávia, não acredito que você me acordou a essa hora da manhã! – Felipe reclamava esfregando os olhos enquanto decidia se ficava com raiva da irmã e lhe dava um sermão, ou voltava para cama. – Sua entrevista não é às oito?

– Sabe como eu sou! Gosto de chegar adiantada. Nunca se sabe o que pode acontecer pelo caminho. Um atraso pode custar meu estágio. Ei! Bem que você podia me levar até lá! – ela tentou convencer o irmão de que era caminho do seu trabalho, mas não conseguiu persuadi-lo.

– Mesmo que fosse caminho, sou uma pessoa normal, que chego na hora, às vezes até atraso. Sabe, mana, isso é viver! Agora com licença, vou voltar pra cama e vê se não acorda o resto da casa!

Quando o Amor Acontece: A ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora