Phat não queria desapontar P'Tha de novo e se cobrava cada vez mais; parecia que nada era suficiente para satisfazer os trabalhos e pedidos do seu chefe. Ele se sentia sufocado e até a impressora do terceiro andar parecia testá-lo. E ele estava falhando nisso também, uma simples cópia. Ele suava e resolveu descer para comprar algo para beber. Os elevadores pareciam mais lentos do que nunca. Óbvio que estariam lentos. O que estava dando certo naquele dia? Nada. Ele se virou e começou a descer as escadas.
As escadas pareciam mais escuras do que o habitual, Phat precisaria avisar a manutenção para verificar as lâmpadas.
Phat ouvia alguns barulhos nos andares acima e estava se sentindo apreensivo e começou a descer mais lentamente.
"Pran?" Phat gritou ao avistar o namorado nos degraus debaixo, contudo a pessoa que o olhou não era o seu Pran.
Na mesma hora, Pran estava na sua casa e sentiu um frio percorrer sua espinha. Normalmente Nong Nao ficava na sala de estudos com ele e Pran pouco olhava na sua direção, mas nessa hora ele pegou a pelúcia e a manteve consigo.
Ele tentou ligar para Phat, mas seu telefone estava desligado.
[🐱 Te amo!]
[🐱 Estou com saudade. Volta pra casa logo]Pran sentia que precisava dizer isso. Phat não poderia esquecer nunca!
_________________
Já estava escurecendo quando Pran recebeu um telefonema de Pa dizendo que Phat tinha se machucado no trabalho e tinha sido internado, não havia informações sobre seu estado de saúde.
Ele desligou o telefone e o soltou sobre as pernas, o aparelho escorregou e caiu no sofá. Ele olhava as próprias mãos e elas tremiam ou talvez fosse sua vista que estivesse falhando. Uma onda de calor subiu pela lateral do seu rosto e Pran a coçou como se isso fosse fazê-la desaparecer, nessa hora ele percebeu que tinha prendido a respiração.
"Você precisa se controlar." ele repetia essa frase na sua mente, enquanto enfiava as unhas no joelho e só parou quando viu que tinha se machucado.
Ele inspirou profundamente e expirou lentamente. Inspirar e expirar. Inspirar e expirar. De olhos fechados ele esperava o beijo de Phat, que entraria pela porta igual da útlima vez. Inspirar e expirar. Inspirar e expirar. Ele começou a chorar porque Phat não veio.
Ele ligou para Wai e o amigo o levou para o hospital.
Os pais de Phat e a irmã estavam na sala de espera. Ao entrar Pran cumprimentou Ming e foi ignorado, mas a mãe dele o abraçou. Phat estava fazendo alguns exames e pelo que foi contado, ele caiu na escada do prédio e foi encontrado desacordado. Ninguém sabia dizer quanto tempo ele ficou lá ou como aconteceu e nem se havia algum trauma interno.
Ming tinha se afastado enquanto Pa e Pran conversavam; Ink, Korn e Wai estavam com a mãe de Phat.
"Acho que ele não vai me deixar ver o Phat, né?" Pran apontou com o queixo para Ming.
"A gente dá um jeito!" Pa o abraçou e os dois choraram.
O médico chegou na sala de espera parecendo tranquilo e informou que não havia nenhum dano cerebral apesar do inchaço e todos respiraram aliviados. Ele ficaria em observação porque era preocupante o fato dele não ter acordado até o momento.
Os pais foram autorizados a entrar e os amigos ficaram juntos aguardando.
Depois de um tempo, Ming saiu sem se virar ou olhar para os jovens. A mãe de Phat o seguiu e antes disse que eles poderiam entrar, dois de cada vez.
Pa chegou na porta e parou, seu corpo tremia e ela não conseguia entrar. Estar no hospital pelo ferimento dela foi ruim, mas imaginar que seu irmão poderia não acordar, era insuportável. Ink a abraçou e Pran entrou sozinho.
O rosto de Phat estava com marcas roxas na lateral, ele tinha um corte acima da orelha direita, perto da linha do cabelo. Ele dormia tenso, sua boca não estava levemente aberta como de costume. Pran segurou sua mão e acariciou o dorso com o polegar.
O som da porta abrindo trouxe Pran de volta a realidade e ele se virou esperando encontrar Pa.
Ming parou ao lado da cama do filho e segurou a outra mão dele, Pran via que seus olhos estavam vermelhos.
Ele não disse nada e Pran não sabia se deveria ficar ou sair.
"Quando era criança, ele caiu de cima do muro entre as nossas casas. Pa era um pouco mais do que um bebê, deveria ter uns dois anos, e minha esposa a tinha levado ao pediatra. Eu deveria estar cuidando de Phat. Ele queria brincar e viu que você morava ali e me pediu para te chamar. Eu gritei com ele, nunca deixaria que se aproximasse da sua família." Sua voz estava embargada e Pran não sabia se Ming estava contando para Pran ou falando consigo mesmo "Phat era muito cabeça dura e teimoso. Eu deveria estar cuidando dele, mas me distraí. Eu não entendo como ele conseguiu subir no muro, porque é alto. Quando percebi ele já estava lá em cima e acenava para você, que estava na janela do quarto." Ming se virou e olhou Pran pela primeira vez "Você lembra disso?" Pran negou com a cabeça e Ming suspirou. "Acho que ele quis pular para que você o visse e nessa hora ele escorregou. Eu corri e não consegui chegar a tempo. Eu ouço o som dele batendo no chão até hoje e ainda me assusta." Ming estremeceu "Ele não acordava. Eu não sabia o que fazer e o levei para o hospital. Nunca contei para mãe dele que isso aconteceu. Eu prometi para mim mesmo que faria qualquer coisa para ter meu filho de volta. Quando ele acordou..." Ming respirou fundo e se controlou, mas as lágrimas ainda corriam pelo seu rosto. "quando ele acordou, a primeira coisa que fiz foi brigar com ele. Eu o xinguei! Eu xinguei meu filho dentro do hospital. Eu gritei com ele. Eu culpei sua família. Eu..." Ming respirou fundo. "Eu faria qualquer coisa para que meu filho acordasse agora."
Ming virou as costas e saiu rápido. Pran estava atônito e sentia um nó na garganta. ele puxou uma cadeira e sentou ao lado do namorado e encostou sua testa no peito dele. Sua cabeça subia e descia conforme ele respirava.
Phat acordou e cheirou os cabelos dele.
"Pran? Você é meu Pran?" Phat disse com uma voz fraca e tentava identificar se aquele era o seu amor, a pessoa a quem ele pertencia.
"Sim, sou eu, seu Pran!"
"Eu voltei por você!" Phat o puxou para uma abraço sufocante e Pran morreria feliz ali.
"Você me deu um susto!" Pran disse tentando conter as lágrimas, que caiam no peito do namorado.
"Eu te amo!" Phat o apertava mais.
"Eu te amo muito! Não faz isso de novo!"
Eles ficaram assim por um tempo.
"Eu preciso avisar sua mãe." Pran não queria se separar, porém sabia que era o certo a se fazer e Phat assentiu.
Pran abriu a porta e viu Pa sendo consolada por sua mãe e ele avisou que Phat tinha acordado. As duas entraram e Korn falou que iria avisar Ming.
"Eu vou." Pran disse com firmeza.
Ming estava sentando nas cadeiras de um corredor mais afastado e levantou o olhar quando Pran se aproximou.
"Senhor? Phat acordou." Ele tentou se manter o mais centrado possível.
Ming parecia não acreditar no que ouvia.
"Ele acordou? Ele falou? Ele está bem?"
"Sim."
Ming se levantou e abraçou Pran. Ele chorava convulsivamente pendurado nos braços do genro e quase não tinha forças para se manter em pé. Pran o ajudou a se sentar e ficou segurando sua mão até o sogro se acalmar.
________________
Obs:
A história vai continuar, mas me enrolei de novo e não vou conseguir postar todo dia.
Cada comentário, cada curtida, cada mensagem privada, tudo isso trouxe muita felicidade para minha vida nesses dias.
Obrigada!! ❤️💚
VOCÊ ESTÁ LENDO
No palco - Bad Buddy Multiverso
FanficNanon lançou essa música, "Please try again" e ele gosta muito dessa ideia de mundos alternativos, por isso eu fiquei pensando: E se Ming perdesse a bolsa de estudos para Dissaya? E se Dissaya conseguisse a bolsa, mas largasse no meio pra casar? E s...