CAPÍTULO 11 - Uriel
{AVISO: Esse capítulo contém narração, sem excesso de detalhes, sobre abuso sexual, então caso tenha gatilhos ou sensibilidade sobre a situação, peço que pulem esse capítulo para o seu próprio bem estar, por favor! }
Corro para fora do elevador com Orion me seguindo de perto e ligando o carro na garagem. Não houve muito tempo para explicar o motivo da minha pressa e muito menos a minha situação atual.
Creio que ele nem ao menos acreditaria, contudo depois de exigir que me levasse até o restaurante como se minha vida dependesse disso imagino que tenha que me justificar o melhor que conseguir...
Ele acreditando ou não.
– A melhor coisa que fez foi ter pego essa pena.
Orion me olha do lado do motorista já saindo do prédio com velocidade, sua confusão misturada com uma pitada de raiva e frustração. Respiro fundo tentando me conectar de novo com a voz rezando e, mesmo não conseguindo voltar a ouvir, sinto a necessidade de ir a ela.
Não é uma voz comum, sinto que a conheço de algum lugar.
Chegamos rapidamente em frente ao restaurante que de algum modo está completamente vazio e as luzes já desligadas.
– Que horas são? – pergunto ao homem ao meu lado, que também tem sua testa crispada em direção ao estabelecimento morto.
– Nove... não deveria estar fechado, dizem que fecha próximo às onze da noite.
Nos olhamos por um segundo, ele mais perdido ainda e eu criando um cenário mais do que comum nesse mundo envolvendo uma oração feminina e um restaurante vazio a essa hora.
Salto do carro correndo para o outro lado da rua e não me importando em verificar se Orion está comigo tento abrir a porta da frente brutalmente, o que não dá resultados. Está trancada e a placa de pendendo na parte de vidro sinalizando "fechado".
– Vem – Ouço do meu lado Orion já se dirigindo para a lateral do lugar – a entrada dos fundos.
Sigo-o e encontramos a porta semi aberta, mas igualmente escura. De onde estamos, falas desconexas podem ser ouvidas e soluços saem junto a eles.
– Uriel.
Entro voando – metaforicamente – na parte de trás do restaurante, esquadrinhando a cozinha e não encontrando nada. A presença do homem comigo chega até mim e me sinto um pouco melhor tendo-o por perto, caso precise.
– Pensou que hoje não teria também?
Aperto os olhos tentando identificar de onde vem a voz masculina recheada de autoridade, arrastando a vista no salão mais a frente e nas salas laterais à cozinha e banheiro que estão do outro lado.
– Ali – Orion está bem colado ao meu corpo, seu braço esticado ao lado do meu em direção a uma salinha mal iluminada nos fundos, a luminosidade saindo pelas frestas.
Vamos para lá pé ante pé e sinto falta de quando era um ser não perceptível, invisível aos olhos comuns e não captada por ouvidos mundanos.
– Isso, assim mesmo, sua puta.
Paramos na frente da porta da sala e a movimentação no interior se torna mais nítida, os barulhos de engasgo também e risadas baixinhas se misturam aos vários sons.
Há essa altura eu estaria lá dentro, induzindo um bom infarto ou uma desnutrição a curto prazo. Porém não, estou aqui arrombando essa porta, com um homem perdido grudado em mim e encontrando três homens e duas mulheres nos encarando de volta.
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Quando a balança pende
FantasíaO quanto você crê em anjos? Sabemos que em várias religiões os anjos e arcanjos possuem atividades que precisam desempenhar em nome divino. Aqui não seria diferente. Uriel foi criada para atender os pedidos por justiça dos mortais, que oravam e clam...