FRONTEIRA - Gerson Santos

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RESPIRA, VAI FICAR TUDO BEM era isso que ecoava na minha mente desde o momento que sai da casa de Luíza dentro do mesmo carro que o camisa vinte do Flamengo. Luíza havia passado mal e todos nós fomos até a casa dela vê o que tinha acontecido. Eu estava nervosa, confesso. Afinal, era o homem que tá me evitando tem duas semanas e eu faço o mesmo porque depois daquele dia que ele pediu pra me beijar tudo mudou, absolutamente tudo aqui dentro... principalmente aqui dentro.

Faz seis anos, SEIS anos que não sinto isso de novo e é tão estranho a forma como meu corpo reage a tudo isso que vem acontecendo, ele sempre está na ativa e antes mesmo que eu possa raciocinar ele já está lá, funcionando.

Os meus sintomas eram: nervosismos, ansiedade, dor no estômago e borboletas dentro dele, borboletas lilás, pensamento que não tenho controle e sorriso bobo. Eu preciso de um me.di.co, isso claramente não está normal, e o que mais me deixa confusa ou me faz acreditar que estão confusa é o fato de tudo isso só ser sentido no momento em que falam o nome dele ou no momento em que ele está por perto, Gerson Santos.

Eu queria voltar pra casa com qualquer outra pessoa desse planeta terra, menos com ele. Eu não sei como agir ou até mesmo pensar quando ele está do meu lado, não que ele mexa comigo, ele não mexe comigo! Até porque a questão aqui não é essa, eu jamais me apaixonaria novamente ainda mais por caras feito ele: marrento, debochado e mulherengo. Além do mais nem eu faço o tipo dele e nem ele faz o meu, como ele mesmo disse na casa do Éverton Ribeiro.

Havíamos saído cedo da casa de Luíza porque Bruno Henrique ligou avisando que Miguel não parava de chorar e que estava tentando de tudo o possível mas ele não parava.

Miguel era uma criança muito calma e que me fazia muito bem, ele é o meu raio de sol. Ele não me dá tanto trabalho quanto um bebê normalmente dá, na maioria das vezes ele está dormindo ou rindo de qualquer coisa, até mesmo das moscas que passam por ele. Ele era um anjo na minha vida e agradeço a Deus todos os dias por ele ter aparecido nela, com ele me sinto feliz e realizada.

Assim que chegamos no condomínio em que moro, Gerson estaciona o carro na garagem e sai sem me dá muita atenção, o que já estava acontecendo lá dentro, não trocamos muitas palavras dentro do automóvel e muito menos na casa de Luíza, apesar dele ter ido pra cozinha me ajudar na panqueca que foi a única vez que nos falamos, somente conversarmos com poucas palavras e sobre a panqueca, nada mais.

O silêncio pode ser: maravilhoso ou agonizante e nesse exato momento estava sendo a segunda opção dentro daquela lata de metal que tenho grande medo de um dia despencar mas que é popularmente chamado de Elevador, fala sério, o negócio é praticamente uma gambiarra e é considerado o meio de transporte mais seguro do mundo.

-- o que ele tem? -- Gerson perguntou indo na direção de Bruno Henrique assim que abri a porta do meu apartamento

-- eu não sei, ele não para de chorar e já fiz de tudo pra ele parar mas não consigo, deve ser saudade de vocês. -- Bruno disse entregando o neném pro amigo que o pegou no colo o balançando com cuidado.

-- o papai tá aqui meu amor, calma -- ele disse calmamente olhando pro rosto do Miguel

-- estou aqui também meu amor -- falei me aproximando deles e percebo que o choro do Miguel vai diminuindo aos poucos -- era saudade mesmo. -- falei sorrindo em direção ao camisa vinte e sete do Flamengo e ele fez o mesmo parecendo aliviado

-- graças a Deus, achei que tinha machucado ele -- ele disse suspirando colocando as mãos atrás da cabeça e rirmos o tranquilizando

-- e o Guto e Totoi estão vivos? -- Gerson brincou e BH revirou os olhos

-- eu sei cuidar de criança, eles estão bem e saudáveis lá em cima dormindo feito anjinhos -- ele disse se jogando no sofá e pegando o controle da televisão ligando -- Luíza melhorou?

-- sim, ela estava apenas com uma tontura porque não havia se alimentado direito -- falei me sentando do outro lado do sofá e puxo uma almofada pro meu colo, olho pro lado e fico observando Gerson conversando bem baixinho com o Miguel.

-- o que vamos assistir? -- BH perguntou arqueando a sobrancelha

-- não faço a mínima ideia, procure aí, esforça-te -- enfatizei a última palavra e ouço as gargalhadas dos dois

QUE ÓDIO,
postando pra vê se pelo menos melhora a noite de vocês.