A Outra Face (SENDO EDITADA)

O Sofá. Capitulo 48

-Emma?! -Chamou aquela voz já conhecida.

O ladrão segurava o braço esquerdo da loira tentando afasta-la. Fez uma cara de pobre vítima e podia ganhar um Oscar pela atuação já que todos caíram direitinho.

-Pai? -Sussurrou em voz baixa. Se sentia como uma criança pega fazendo uma travessura e sendo repreendida. Cravou seus olhos esmeraldas cheios de indignação nos do homem e o soltou abrupta e forçosamente.

-O show acabou, podem voltar a cuidar de suas vidas. Emma me espere lá fora. -Falou com seu tom mais imperial esboçando um de seus sorrisos sérios.

Emma revirou os olhos e passou a mão na testa, enquanto de forma inconsciente bateu o pé.

-Emma?! -Repetiu um galego não muito satisfeito. Nolan balançou a cabeça para o lado assim como seus olhos para indicar a saída.

Swan saiu batendo os pés e sentia sob suas espaldas o risinho cínico e vitorioso de Hood.

David ficou cerca de 20 (vinte) minutos lá dentro. Impaciente a loira andava de um lado para outro quando uma figura conhecida chegou.

-Só pode ser brincadeira! -Disse sem pensar ao se deparar com Hook e Tinker na frente do Dinner.

NO CORREDOR DO GRANNY'S

-Espero que sua estadia aqui seja mais tranquila ou do contrário terei de bani-lo de StoryBrooke. -Advertiu bem próximo ao seu rival.

-Isso não é da sua ossada, xerife. -Disse debochado dando um tapinha no ombro do xerife e saindo em seguida.

David revirou os olhos e passou a mão na boca. Aquele arqueiro sabia como tirá-lo do sério. Respirou fundo e saiu para encontrar a filha.

--
DO LADO DE FORA

Emma estava recostada no pequeno muro da entrada do restaurante. Mexia no celular compenetrada. Algo havia roubado sua atenção.

-Larga isso, vou te levar pra casa. -Advertiu David de frente pra loira com feição séria.

Emma podía jurar que se fosse menor, iria levar umas palmadas do pai. Mas, tudo que havia feito era pelo bem de sua família. Soltou o ar preso dos pulmões em um suspiro.

-Eu posso me teletransportar ou ir no meu carro. -Protestou franzindo a testa e fazendo bico.

-Primeiro: você sabe que não deve usar magia pra tudo. Segundo: está tarde e quero deixar você em casa. Terceiro: não adianta protestar depois do que fez lá dentro. -Articulou cruzando os braços e esperando a loira entrar na pickup.

A contragosto a primogênita entrou no carro e sentia uma pontinha de esperança de seus pais se acertarem ao se deparar um com o outro. Quinze minutos foram suficientes para pai e filha chegarem a mansão na Mifflin n° 108

-Esta entregue, pense no que conversamos. -Afirmou Nolan ao parar em frente a sua casa.

As luzes estavam apagadas exceto a da sala.

-Suponho que o quarto da Vovó seja melhor que o da sua casa?! -Disse sem pensar. Sua indignação e impulsividade não queriam deixar as coisas daquela maneira.

-Não, não é isso, Emma.
É que a sua mãe e eu não estamos nos entendendo. Ela têm um passado obscuro e eu não consigo aceitar certas coisas.  -Confessou melancólico encarando a loira.

-Se encontrar e viver um amor verdadeiro fosse fácil, todo mundo teria um. -Retorquiu tentando fazê-lo cair em si.

-Talvez não seja esse o nosso caso. -Respondeu comprimindo os lábios e tocando o ombro da loira. Era uma forma de fazer-se acreditar no que havia dito e confortar a filha.

-Esse seu orgulho pode afastá-lo da dor, mas também pode afastá-lo do amor. Da sua família. -Disse com seriedade caminhando lado a lado até a entrada da casa e girando a maçaneta logo depois.

Respirou fundo e entrou.
Viu que os corredores estavam pouco iluminados com abajures. Sentiu uma presença e olhou pra trás. Seu pai havia baixado a guarda e entrado, esse era o primeiro passo para que o casal se entendesse.
Ao menos, era isso que Emma imaginava. Sorriu por dentro e abriu a porta de seu quarto, a sua filha não estava ali. Estranhou, mas manteve a calma. Abriu a porta de Henry e só havia um amontoado na cama.

Emma entrou no quarto do garoto e foi até a cama, tirou os lençóis e viu que ele não estava ali. Apenas um gibi aberto em cima da cama. Ficou em estado de alerta. Saiu a passos largos pelo extenso corredor, viu seu pai parado olhando para o interior do quarto. A luz da lua iluminava o cômodo e refletia no corredor. Havia apenas uma luz fraca de dois abajures acesas.

-Não existe ser mais lindo. -Declarou com um sorriso nos lábios e os olhos vidrados na cama.

Emma sorriu vitoriosa e satisfeita por fazê-lo repensar e voltar pra casa.

Regina estava dormindo calmamente com Alice sob seu abdômen. A cabecinha da menina entre os seios ouvindo as batidas do coração da avó e uma mão caída do lado direito e a esquerda segurando os fios negros soltos.
Parte das coxas da morena estavam descobertas. Ela vestia uma camisola de seda branca. Liam estava no meio entre Regina e Henry, este último estava abraçado ao pequeno.  Uma cena digna de registrar para todas as gerações. Pai e filha estavam comovidos. Aliviados e felizes.

-Vamos! -Cochichou Swan puxando a mão do pai.

-Acho que me sobrou o sofá essa noite. -Falou ao se afastarem.

-Eu a deixei sozinha com três crianças, ela deve estar esgotada, do contrário, estaria esperando sentada na poltrona e teria jogado uma bola de fogo assim que abrisse a porta. -Articulou com meio sorriso.

-Melhor deixarmos ela dormir, amanhã converso com ela. Se você não me ver, certifique-se de que ela não me prendeu em um espelho. -Falou brincando pegando das mãos de Swan um lençol, travesseiro e um forro.

-Pelo menos no espelho você vai continuar com ela e não perde-la pra sempre. -Falou em meio a um devaneio. Um flash de Killian beijando Tinker a atingiu em cheio o peito e a mente.

-Se quiser eu dou uma lição naquele pirata inconsequente. -Falou sério. Lhe partia o coração ver a filha sofrendo mesmo fingindo força e alegria.

-Cada um tem o direito de ser e viver como quiser. As vezes, a gente precisa deixar as pessoas irem de nossas vidas por amor à elas e a nós mesmos. -Concluiu dando um sorriso fechado e indo para o quarto.

O que David sabia, mas não viu porque ela não permitiu foi uma lágrima escorrer pela pele clara e macia. Emma adentrou o quarto e fechou a porta com o corpo e se deixou ir escorregando até ficar sentada no chão abraçando as pernas e de cabeça baixa. Aquilo tudo era demais. Mais uma vez um homem a havia decepcionado. Mais uma vez seu mundo estava desabando e tinha que vestir a armadura e pôr aquele sorriso estúpido no rosto. Mais uma vez sentia que o amor não era pra ela.