9º Capítulo {Livro Quatro}

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Estarrecida por causa do comportamento de Alice, permaneço no salão das melodias, encarando o nada.

Não sei quanto tempo isso dura, só o que sei é que, em dado momento, retomo minhas funções motoras e bastante deprimida com os acontecimentos, decido continuar no recinto.

Dessa forma, posto-me de frente ao piano e toco o único louvor que sei de cor, já que estou sem partitura.

Imagino que meu impulso ao fazer isso se deve a uma necessidade inconsciente de provocar minha amiga.

Talvez, queira me provar melhor do que ela.

Não é algo que deveria almejar, mas estando arrasada pela briga ridícula que acabamos de ter, levo isso como um meio de desabafo.

Lógico que ela não ouvirá e obviamente é melhor assim. Isso nunca nos aconteceu antes e eu prefiro que não volte a acontecer.

Atraído pela melodia, Dente reaparece por um breve período, no qual se despede de mim, avisando que Heron o substituirá, afinal, acaba de ser requisitado para seu interrogatório.

Após sua retirada, não demora muito, largo as teclas de marfim e com passos melancólicos, disponho-me em recolher-me aos meus aposentos.

Heron realiza minha escolta silenciosa e ao entrar em meu quarto, deixo-o do lado de fora, parado como um dois de paus.

Acolho de bom grado a proteção que ele me presta, mesmo estando confinada em meu lar vazio, escuro e triste.

No entanto, sei que não conseguirei pregar meus olhos tão cedo.

Eu preciso de Laura, preciso contar a ela tudo o que está acontecendo. Preciso de conselhos e mais do que nunca, preciso de uma amiga.

Ainda assim, prefiro não ter de levar um secto de azuis quando for até ela, pois o que tenho para conversar com Laura são assuntos delicados e não posso arriscar ser ouvida.

— Não acredito que a perdi de vista — exclama Valliéry, fazendo-me dar um pulo na cadeira.

Na mesma hora, deixo cair a escova com que me penteava e esbugalhando meus olhos, observo a dama através do espelho na penteadeira, encontrando-a sentada na borda de minha cama.

O rosto sereno, iluminado apenas pelas chamas da lareira.

— Quer me enviar para a glória mais cedo? — questiono, afagando meu coração descompassado.

Ela tem parar de entrar sem bater. Pelo bem de meus nervos. Que mulher mais sorrateira.

— Nada disso! — Valliéry garante-me sorrindo. — Estive até receosa de que já tivesse ido para lá, durante os eventos desta tarde.

— Meus guardas fizeram um excelente trabalho.
Ao menos um deles.

— Pode até ser, mas se o trabalho tivesse sido realmente bem feito, então não teríamos um criminoso a solta.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora