8_Aniversário infeliz.

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Derek

Cidade Humana Péres,
América do Sul.

Estava escuro, ... muito escuro. Mesmo que eu me esforçasse a enxergar o que havia naquela escuridão, não conseguia ver nada além das árvores e arbustos pouco mais de um metro a minha frente. O silêncio não coincidia com o lugar, eu tinha ciência de que estava em uma floresta, mas os sons que ela deveria emitir não existia.

O mais puro e completo silêncio!

Pisquei procurando mudar minha visão, me concentrei em meus olhos e audição, mas não obtive sucesso em ver ou ouvir o que havia na escuridão em minha volta. Estava sem minhas habilidade aqui, era como se eu fosse... humano!

Dei um passo para frente maneando a cabeça na falha tentativa de ver o que era aquela sombra que aos poucos se erguia atrás daquelas árvores. Dei mais um passo parando ao perceber que ela crescia pouco a pouco. Meus olhos seguia a sombra crescendo cada vez mais, até que ela parou. Aquilo não era de uma pessoa, tinha orelhas pontiagudas.

Era de um lobo.

Tive certeza quando dois redondos olhos se abriram e brilharam na escuridão, o vermelho sangue não continha reflexo algum, estavam totalmente vazios e opacos. Aquilo causou um arrepio na minha coluna, e senti meus pés colarem no chão quando em seguida grandes presas cintilaram na escuridão. Em milésimos de segundos ele pulou atacando diretamente em meu rosto.

Abri os olhos sentando em pulo na cama, estava coberto de suor e a respiração descompassada com as batidas aceleradas do meu coração. Olhei em volta e parei ao avistar o dia clareando através das cortinas fechadas do quarto. Sentia a sensação febril que já me era costumeira de uma pós transformação.

Mas eu não tinha me transformado nessa noite, isso era um claro sinal de que meu corpo estava se preparando para uma mudança nesse momento. Aquilo me causou confusão, normalmente eu dormia e a transformação acontecia, mas estava acontecendo o contrário agora.

Tirei o lençol e o pijama que parecia que arranhava minha pele naquele momento. Um som repetitivo e alto demais soou e eu levei as mãos aos ouvidos me encolhendo com a dor que aquilo causou, bolei de um lado para outro na cama.

O som cessou repentinamente me fazendo respirar com mais facilidade. A voz de mamãe soou alta e clara mesmo que ela estivesse sussurrando rouca ao telefone, no quarto que era a prova de som, e estava a dois cômodos de distancia do meu.

Seus passos foram ouvido e poucos minutos depois o chuveiro foi ligado. Não demoraria para ela está pronta e sair do seu quarto para vir ao meu. Aquilo não era nada bom!

Me movi até a beirada da cama caindo propositalmente no chão, e engatinhei devagar até a porta do banheiro sentindo o primeiro osso se deslocar. Levantei a mão tremula até a maçaneta abrindo a porta e entrando no pequeno cômodo. Girei a chave com certa dificuldade por meus dedos estarem se quebrando e montando.

Me sentei ao lado da banheira prendendo a respiração com a tentativa de retardar aquilo. Olhei minha mão quebrada me concentrando ao máximo para faze-la voltar a sua forma original. O suor escorria pelas laterais do meu rosto e pingava em meu peito.

Os ossos da mão foram voltando ao lugar, senti a fisgada na coluna e levei a mão a boca a mordendo com força para segurar o grito que subiu na garganta. O ar faltou quando minhas costelas se esticaram a força.

Impedir a transformação causava dor... muita dor!

Aquela era a primeira vez que lutava contra aquele instintos, era a primeira vez que eu reprimia essa coisa de tomar minhas ações. Desde aquele dia que fui atacado eu perdia o controle todos os meses, a cada trinta dias eu cometia atrocidades, fosse animais ou pessoas, qualquer ser que cruzasse meu caminho eu matava.

O Lobo SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora