A Verdadeira Face Do Mal

*Por favor, ao terminar de ler, deixe seu comentário e seu voto. Isso me ajudará bastante e saberei a opinião de vocês! Muito obrigado e boa leitura!*

Para mais informações, curta minha página no Facebook: "Hari Maia - Livros & Contos"

{1}

Há muitos anos atrás, tudo o que Yuri queria era se ver longe das vozes que escutava em sua cabeça. Aquilo de fato era infernal, sem sentido algum, porém, de alguma maneira, ele gostaria de segui-las algum dia.

As vozes o diziam exatamente o que fazer em situações extremas e não extremas.

Em determinadas situações, Yuri se via preso a elas completamente, cujo seu mental não conseguia mais parar de pensar nelas e no que diziam.

Sempre chegava da escola, encontrava sua mãe - lavando a louça, limpando os móveis ou fazendo os serviços da casa - e dizia:

- Preciso de ajuda, elas não param. Jamais.

- Sai para lá com este tipo de assunto demoníaco que eu já não aguento mais ouvir você dizer. - respondia Sandra.

Sandra foi uma mulher exemplar, uma mãe exemplar e mais do que tudo, foi uma pessoa maravilhosa. Seu problema? Altamente religiosa. Para ela, nada existia antes de Cristo. Tudo era Cristo. E Yuri, seu filho, estava farto. Existia alguma energia demoníaca em sua alma que o dizia o contrário. - "O que seriam das igrejas sem o mal?"

- Eu não brinco enquanto a isso. Falo sério. Você sabe, só não quer me escutar. - disse. - Nunca quis. - Gritou e subiu para o quarto chorando.

{2}

Na escola, Yuri, com apenas dez anos, sofria um tipo de bullying pelos alunos da sala. Ele contava sempre, na hora em que ouvia as vozes para seus amigos. Eles o chamavam de maluco. Tinha uma aparência de um total nerd, porém, não usava óculos.

O melhor disso, era o fato de não ser um bullying propriamente dito, pois não levava surras, não era xingado, mas sofria de algo pior... Ninguém o ouvia. Nunca. Quando Yuri chegava na sala, era a mesma coisa de que um homem invisível. Ele sentava, tentava puxar papo, mas não conseguia. Isso era um tipo de bullying, porém baixo, só que mesmo sendo baixo, o machucava, doía. Eles o ignoravam por saber que ele escutava vozes. Era temido por todos.

Em casa, sua mãe, Sandra, não o ouvia. Seu pai havia falecido há alguns anos - três? - ele não sabia ao certo. Lembrava vagamente dele. Sandra falava pouco também, então, era difícil realmente de conseguir resgatar da infância vivida com seu pai alguma coisa. Ela dizia que, ao descobrir algumas coisas dele, - e foram suas únicas palavras sobre ele - de fato quis correr, e se ver livre daquele homem em que passara anos convivendo e tido um filho. Se dizia arrependida de tê-lo tido tão cedo, pois dois anos depois de seu nascimento, Marcos confessara um segredo que mudou completamente a vida dos dois, e a de Marcos também. Sandra, de jeito nenhum poderia ter transado com alguém como ele, muito menos ter tido um filho.

Sempre quando Yuri pedia mais informações sobre seu pai, ela o xingava, o maltratava, e exigia seu perdão por ter aberto a boca para falar de um passado merda daqueles.

- Anda logo! Peça perdão, anda! - dizia ela batendo forte nele com as duas mãos abertas.

A palma de Sandra era algo absurdamente grande. Suas mãos eram aterrorizantes, logo, Yuri morria de medo delas, de suas palmadas, das surras que levava desde muito cedo, cinco anos depois da confissão de seu pai. Aquilo de fato havia tornado a vida de Sandra um verdadeiro inferno.