Now That We Don't Talk

Agora Que Não Nos Falamos

Mark estava há alguns minutos deslizando o feed do Instagram de seu ex namorado. Se sentia ansioso ao fazer isso, mas parecia piorar quando não fazia. Observava as mudanças da pessoa que acreditava conhecer cada pedacinho, se questionando sobre todas elas. Ele não poderia opinar em nada, porque eles não se falavam mais.

Sua curiosidade surgiu quando Yugyeom comentou ter visto o tailandês numa balada. Mark sabia que, por mais animado que fosse, às vezes BamBam ficava ansioso em multidões, e ficou levemente preocupado. Decidiu então checar as redes do outro, apenas para garantir.  Percebeu que Bambam havia deixado as madeixas crescerem, e que agora um vermelho-cereja cobria sua cabeça. Haviam inúmeras fotos de lugares que sabia que o tailandês nunca havia visitado, assim como pessoas que nunca tinha visto. Parecia um novo BamBam, pensou o americano, e isso o incomodava, porque Mark costumava a amar o antigo Kunpimook, e sabia que parte daquela mudança tinha a ver com o término dos dois, e das péssimas influências que rodeavam o mais novo. Mas novamente, o que Mark poderia fazer? Eles não se falavam mais.

Tuan se perguntava que versão da história BamBam estava contando por aí. Talvez o chamasse de louco, emocionado, grudento. Talvez dissesse que Mark decidiu romper o relacionamento de um dia pro outro, que era imprevisivel ou algo do tipo. Bem, Mark sabia que nada daquilo seria verdade, e que o rapaz dificilmente contaria sobre seu lado inconstante; Não contaria aos outros das vezes em que se negou a expressar o que de fato sentia e queria com Mark, ou de como nunca parecia emocionalmente disponível, tornando o relacionamento um grande ioiô. E não, Mark não poderia se enganar ao dizer que ainda restava amor ali, porque seria apenas uma mentira para aquecer seu peito. Tinha de fato acabado há mais de seis meses, mas aquilo não significava que estava em paz com a situação. Foram incontáveis as vezes que Tuan se viu com os olhos inchados e o rosto úmido enquanto desabafava no colo de sua mãe. A mulher sempre lhe dizia que talvez as coisas fossem melhores assim, de que não havia o que Mark pudesse ter dado ainda mais a BamBam para que esse fosse gentil com seu coração. Mark poderia entregar-lhe a lua, e isso não seria suficiente. Na verdade, BamBam fazia de tudo para se eximir da culpa do fim, empurrando cada vez mais a relação para que Mark desse o corte final. Mas ainda doía, por tudo aquilo que o americano estava disposto a perder ou ganhar, e que de nada parecia valer depois do último adeus. Entretanto, aquilo não importava, já que não se falavam mais.

Ao menos Mark não precisaria mais fingir gostar das mesmas coisas que BamBam para conquistá-lo um pouco mais, em tentativas falhas de receber o mínimo de afeto. Não precisaria se esforçar para que certas músicas fossem divertidas, que certos amigos fossem simpáticos, que certos sonhos fossem de fato iguais. Agora ele sentia que a única forma de se curar era voltar às suas origens, revisitando a pessoa que ele era antes de tudo, e a pessoa que BamBam um dia pareceu correr atrás. E por algum motivo, Mark sentia que era o melhor a se fazer, já que não se falavam mais, e provavelmente nunca iriam.