13. 𝐒𝐓𝐎𝐏 𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓𝐒!

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Dominic mergulhava na tristeza, sentado no jardim sobre uma pedra, entregando-se à chuva que lavava suas lágrimas. Um abismo de vazio e insegurança o envolvia, questionando se a falha estava nele. Entre soluços, repetia para si mesmo:

- Não é culpa de Enoch por não compartilhar dos mesmos sentimentos, está tudo bem. - murmurava consolando a si mesmo.

A dor de não ser escolhido por quem ama é como um peso no peito, uma constante sensação de inadequação. Questionar a própria valia, se perguntando se poderia ter feito mais. É como uma ferida que parece não cicatrizar, uma cicatriz invisível que persiste, fazendo-me duvidar do meu próprio merecimento no amor.

Às vezes, a dor se manifesta como um espelho cruel, refletindo uma imagem distorcida de quem eu sou. Surge a pergunta angustiante: "Eu mereço amor?" É um diálogo interno que se torna uma batalha constante, sem um pingo de piedade do ser que existe nessa Terra.

Contudo, o olhar que antes estava fixo no chão foi abruptamente interrompido por um som estranho vindo dos arbustos.

- Olá? Fiona, é você? - Um arrepio gelado percorreu sua espinha, e ao se aproximar, deparou-se com globos oculares brancos encarando-o. Mas logo, deu a se desparecer nas moitas.

Dominic, movido por uma inquieta curiosidade, fixou seus olhos nos semblantes oculares brancos que o observavam de forma enigmática. Sentindo-se compelido a desvendar o mistério, decidiu seguir o indivíduo misterioso que se afastava, desaparecendo entre os arbustos que delineavam a entrada da densa floresta. O garoto, com o coração acelerado, correu atrás, determinado a não perder de vista aquele que despertava seu interesse.

Cada passo era uma mistura de ansiedade e cautela, temendo perder a trilha do desconhecido. Dominic sabia que não se perdoaria se deixasse escapar a oportunidade de desvendar os mistérios que se desenrolavam diante dele.

Dominic sentiu a frustração atingir um ponto de ebulição quando o enigmático indivíduo desapareceu mais uma vez. Um grito de raiva escapou de seus lábios, ecoando pelos bosques enquanto quase despedaçava seus próprios cabelos. A árvore mais próxima se tornou alvo de sua ira momentânea, recebendo o impacto de um soco impulsivo. A mão de Dominic repousou momentaneamente na casca áspera, indiferente ao buraco agora visível, pois sua atenção estava consumida pela irritação momentânea.

Com o peso da derrota pesando em seus ombros, Dominic retornou desanimado ao Orfanato. Cada passo pelos corredores era uma triste, evitando qualquer interação no caminho. Contudo, um lampejo de luz escapando da sala da Senhorita Peregrine capturou seu olhar, e vozes familiares, ecoando como um eco de seus pesadelos, povoaram seus ouvidos.

A curiosidade superou a desilusão, e Dominic, cautelosamente, aproximou-se da porta entreaberta. Agachou-se para espiar pela fresta, ansiando por desvendar os segredos que as senhoras compartilhavam naquela sala iluminada. Todas as mulheres já vistas antes estavam lá, sentadas ao redor de uma enorme mesa retangular.

A mulher ruiva se encontrava de pé, ela veste um terno preto que delineia graciosamente suas curvas, emitindo uma aura de sofisticação. Cada detalhe, desde o corte preciso até o tecido luxuoso, é escolhido com meticulosidade, conferindo elegância à sua presença. Seu semblante sério, acompanhado por um olhar determinado, revela uma força inabalável. A postura firme é parte integrante de sua imagem, transmitindo confiança e um poder sutil. Com acessórios discretos, ela completa o conjunto, realçando ainda mais sua presença marcante.

Ágatha também estava lá, seu semblante preocupado sendo totalmente visível. Ela estava ao lado de uma mulher com os cabelos brancos, é uma visão notável de contrastes harmoniosos. Seus cabelos prateados emolduram um rosto onde os lábios, pintados em um vermelho vívido, parecem infundir vida à sua pele pálida. Cada gesto seu, pequeno e gracioso, contribui para a atmosfera de paz que a envolve, enquanto seus movimentos delicados revelam uma elegância refinada, como se dançasse através da vida com uma classe inata.

LOST BELIEF | Enoch O'Connor.Onde histórias criam vida. Descubra agora