💍 Capítulo 30 💍

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"Nada pode me afastar de você,

a não ser você mesmo."

— Loyalty II - O passado fica para trás


JEONG YUNHO

Yunho secou o rosto rapidamente assim que ouviu a voz do motorista de aplicativo, e então puxou a bolsa de ombro para perto de si, tirando dali quantidade suficiente para pagar a corrida e ainda um valor a mais. Estava sem cabeça para contar a quantia naquele momento, pois ainda estava tentando entender tudo o que havia acontecido minutos antes.

Ainda estava tentando assimilar tudo, querendo que aquilo fosse só um surto ou um momento difícil que logo passaria. Não sabia se não estava pronto para aceitar, ou se era só sua cabeça relutando para que não caísse de fato na realidade pois tinha medo dela. Não acreditava que estava passando por aquilo de novo, não quando tantas promessas e planos haviam sido construídos dos dois lados. Se sentia em um deja vú enquanto colocava a bolsa no ombro, avistando a fachada da casa de seus pais com as luzes já acesas por conta da noite que já havia caído. Se viu naquele mesmo cenário há um tempo atrás, quando Song havia lhe demitido quando ambos estavam confusos sobre seus sentimentos. Por um momento, se sentiu aquele garoto tosco de novo, que achava que conhecia tudo da vida, e achava que conhecia Mingi também, mas naquele momento não conhecia nem a si próprio.

— Pode ficar como troco, obrigado. — disse ao motorista, já saindo do carro. Ajeitou a bolsa no ombro assim que subiu na calçada, respirando fundo enquanto encarava nervosamente a porta da casa de dois andares com tintura branca.

Não sabia o que falaria para seus pais, não sabia nem como lhes encararia depois de tanto tempo sem de fato visitá-los como antes fazia, já que desejava ser independente e ter a própria vida, mas estava ali, mais uma vez, como um passarinho perdido voltando para o ninho. Enquanto que de maneira ansiosa andava até a porta, pensou em tantas desculpas que usaria, não querendo expor problemas aqueles que envolviam apenas a si e Mingi. Odiava se sentir fraco, mas seu corpo já estava todo em cacos, despedaçado pela mesma pessoa que um dia jurou juntá-los.

De forma automática Yunho apertou a campainha, já ouvindo passos no interior da casa, sabendo que alguém se aproximava. Tentou forçar um sorriso assim que viu sua mãe lhe receber com o maior sorriso escancarado e caloroso no rosto. Achava que já havia convencido a senhora de cabelos grisalhos só com aquele sorriso torto, e um:

— Eu estava com saudades! Vim te ver! — disse, rindo baixo.

Havia mesmo esquecido de tudo, e só se lembrou com quem estava falando quando ouviu sua mãe negar com a cabeça, dando espaço suficiente para passar pela porta.

— Venha cá. — ouviu ela dizer e encarou-a. Em silêncio ficou, vendo ela abrir os braços e subitamente comprimiu os lábios em uma linha fina enquanto apertava as mãos firmemente na alça da bolsa. Em passos pequenos se aproximou de sua mãe, sentindo seu lábio inferior tremer enquanto tentava segurar as lágrimas, mas assim que sentiu o carinho em suas costas, deixou toda sua armadura de ferro fundido cair aos seus pés. Quando menos viu, já estava chorando.

[...]

Quando sua mãe se aproximou do sofá, Yunho se sentou no móvel com as pernas cruzadas, tomando em mãos a caneca preenchida com seu chá favorito, sentindo ele aquecer suas palmas geladas mesmo que a casa estivesse agradavelmente quente. Já de banho tomado, colocou qualquer roupa confortável que havia achado na mochila desorganizada que havia feito, e assim que ficou pronto, desceu para sala como sua mãe havia pedido, esperando que o chá ficasse pronto. Assim que teve a caneca em mãos, devagar deu um gole na bebida quente, assistindo sua mãe segurar a barra do vestido para se acomodar no espaço vazio ao seu lado e então abaixou os olhos para a caneca de chá ao sentir o olhar da senhora sob si, sabendo o que viria a seguir.

LOYALTY II - O passado fica para trásOnde histórias criam vida. Descubra agora