23 - Algún Día

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Simone:

- ¡Tu hija es un amor! Y muy creativa para juegos. Además de la energía que tiene. - Anahi apareceu no quintal ofegante, mas sorrindo.

- Isa ama criar várias brincadeiras. - comentei distraída enquanto cuidava das minha plantas.

- Yo amo su hija! Pero extraño mucho a mí bebé.

Olhei para ela e vi seu semblante ficar triste. Quando nos tornamos mãe, nunca querendo ficar longe dos nossos filhos.

- Ei! Tudo vai ficar bem, tá? Ela vai te perdoar y assim ustedes poderiam ser uma família.

- ¡Si! ¡Quiero mucho! Mi portugués é horrível!Lo siento. - se desculpou envergonhada. Sorri em resposta. -  Pero, quiero muito assinar los papéis!

- Como o seu marido reagiu cuando viu que você fugiu?

- ¡Muy mal! Me llamó y me maldijo. Me dije que nunca volvería a ver a mi hijo, pero lo dejé con mi hermana.

- Menos mal... No se preocupa que usted no abandonou seu filho. Só não pode trazer.

- Sí!

A loira ficou me analisando, fiquei um pouco desconfortável, seus olhos claros não paravam de me olhar com curiosidade.

- O que foi? - tentei não ser grossa.

- ¡Nada! Me acabo de dar cuenta de que estás triste. Y sé lo que estás sintiendo. - cometou um pouco vermelha.

Ri sem humor. A ferida ainda estava exposta, por mais que eu tentasse fechá-la.

- Por mais que yo tente apagar o que aconteceu, meu coração e minha mente me lembram de cada dia, cada hora e cada minuto que tive ela ao meu lado. Mesmo que eu diga a mim mesmo que tudo vai passar, meu coração continua em pedaços e minha alma amargurada. Eu me doei inteiramente a ela, sem medos e sem inseguranças. Eu sabia que no momento em que Soraya me agarrou no banheiro do meu camarim, nossa amizade seria afetada, e foi. Eu não pensava em nada além dela, me desculpava cada vez que ela me via com meu marido, e seu ciúmes falava mais alto. Eu lhe juro Annie, eu ainda amo muito ela, mas agora esse amor dói. Eu esqueci de mim, de tanto tê-la em prioridade. Eu espero que algum dia, toda essa dor, vá embora e meu coração se recupere. Não penso em fazer meu casamento dar certo novamente, pois sei que fui a culpada dele acabar. Me miro no espelho e não sei quem sou, não pareço mais a Simone de sempre, meu reflexo parece de outra pessoa. E sei que essa dor, agora sempre fará parte de mim.

Suspirei tentando controlar as lágrimas. Eu havia tirado um pouco do nó em minha garganta, eu pude desabafar com alguém, pude compartilhar a minha dor com alguém que não iria me julgar. Senti os braços de Anahí me acolherem, me derramei em lágrimas, senti meu coração se apertar, a dor desse amor, me sufocava.

- Me... Me desculpa, eu...

- Ei, todo bien! - abraçou com força, como se quisesse fazer toda a minha dor passar.

Ficamos minutos abraçadas, o abraço era confortável, acolhedor. Eu sei que ela não me julgaria, sei que havia feito uma nova amiga.

Resolvemos entrar, passamos pela sala e Isa brincava, fiquei na altura da minha filha e beijei sua testa. Olhei para elas que já estavam brincando, e subi para o quatro. Mas parei bruscamente no corredor, parecia que a dor resolveu me atingir logo ali, logo no momento que estava sozinha.

Deslizei pela parede, meu coração batia rapidamente, meus olhos ardiam e a angústia se fazia presente. Escondi com as mãos o meu rosto, me sentia frágil, vulnerável, sozinha. Ainda parece que foi ontem que seu adeus me quebrou, mas já fazem semanas e a dor ainda continua.

She - Simoraya Onde histórias criam vida. Descubra agora