13. Você será o pai dela

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Tobias Bernstorf

Desço do carro antes mesmo de Harry terminar de estacioná-lo. Ele murmura algo que mal consigo ouvir. Enquanto me aproximo da entrada do hospital, os meus olhos captam uma cena que me perturba profundamente.

    Sinto os meus punhos se cerrarem automaticamente e os meus maxilares se contraírem. O impulso de caminhar em direção à cena é irresistível, mas meu amigo me segura, impedindo-me no último momento.

    — Tobias, aonde você vai? 

    Ele olha-me incrédulo, aguardando por uma resposta, mas mantenho-me em silêncio com o sangue fervendo nas minhas veias. Inspiro e expiro lentamente o ar para fora.

    — Está tudo bem! Vamos — digo por fim.

   Impulsiona-me para andar e seguimos até a recepção principal.

    — O que você pretendia fazer? 

    — Boa noite, senhorita. Em que quarto se encontra Sophie Bernstorf? 

    Questiono a sorridente recepcionista, ignorando a pergunta do homem ao meu lado.

    — Boa noite, senhor Bernstorf. Quarto, quatro centos e dez.

    — Obrigada. Falamos disso depois, Harry, agora só quero saber o que aconteceu com a minha filha.

    Ele assente, ao ceder-me passagem para dentro do elevador.

    — Por favor segure o elevador para mim — ouvimos uma voz delicada pedir.

    Harry logo obedece e põe o pé entre a fresta das portas e segundos depois vemos a mulher entrar no ascensor.

    — Senhores Mareou, Bernstorf.

    Ela posiciona-se exatamente no meio de nós dois, o seu rosto expressa surpresa e está pálido. Os seus olhos mostram cansaço, sinto uma imensa vontade de perguntar o que a trouxe até aqui, mas hesito, considerando se é apropriado fazê-lo. No entanto, somos colegas, tecnicamente ela é minha funcionária, acredito que isso por si só seja motivo suficiente para me preocupar, não é mesmo? Afinal, o Harrison não precisou de mais do que isso para estar presente e até mesmo tocá-la. Que idiota.    

    — Está tudo bem? — perguntamos ao mesmo tempo, quebrando o silêncio desconfortável que pairava no ar. Em seguida, rimos, enquanto o meu amigo nos observa de soslaio, com um  sorrisinho nos lábios.

    — Vim ver a minha filha. E você?

    — A Leandra… — ela começa a dizer, mas ela é interrompida pelo meu amigo, que pergunta alarmado:

    — O que tem a Leandra? 

    Eu e ela nos encaramos por breves segundo antes de voltar atenção a ele, com a expressão interrogativa.

    — Ela passou mal lá na empresa, a médica diz que ela está com anemia severa e vai precisar ficar internada por alguns dias.

    — É grave? — pergunta Harry.

    — Não, não é. — Nihara responde.

    O meu amigo parece aflito. O que está a acontecer?

    As portas do elevador abrem-se e logo somos recebidos pela família Bernstorf, Astrid não se aproxima em vez disso se afasta.

    — A menina que está em cirurgia é a sua filha?

    — Cirurgia? — Olho para ela, incrédulo. — Não, você deve estar enganada. Mãe, Pai, o que aconteceu com a Sophie? 

    A minha mãe se aproxima.

NÃO POSSO TE AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora