- O que aconteceu? - perguntei assustada, quase grito. Vou até ela e ergo meus braços pra abraça-la.
- Eu tenho nojo de você. - gritou, me empurrando. - Achei que me amava.
- Eu não estou entendendo o que você está falando.
- Eu matei, matei ele.
- Quem?
- Seu amante.
Não compreendo o que ela fala. Não tenho amante e nem namoro pra ter um.
- Olha, você precisa se acalmar e me contar o que aconteceu.
- Eu... Matei... Marco. - Falou baixo com os dentes juntos. - Ele a chamou pra sair, porém eu fui. Ela contou por mensagem do grande beijo de vocês. Fico contente ao ver que me trai. Como você pôde fazer isso?
Meu coração foi parar na boca, senti que meus olhos ficaram pequenos, pois minha boca estava aberta, com certeza eu iria gritar.
- Como pude fazer isso? Essa é a pergunta? Não namoramos, eu não sou nada sua, tentei ser amiga, mas parece que não dá. Foi apenas sexo e mais nada, não sou sua namorada, ficante, amante, esposa, não sou nada sua e nunca vou ser. Tenho nojo e medo de você. - ela encostou na porta enquanto eu gritava. - Você fez a porra toda. Você matou ele e minha mãe. Eu finjo, pois nunca entendi o motivo do assassinato. Eu que deveria estar perguntando como você pôde. - eu estava indo mais perto dela e pude ouvir seu coração acelerando. - Eu quero que você se foda, não quero mais te ver. Não quero participar desse joguinhos obcessivos. - finalmente levei meu rosto até ela, abri a porta e e com o dedo mostrei a saída. - Fora, fora da minha casa agora. Fora. - gritei tão alto que minhas veias estavam a mostra.
- Isso mesmo que você vai fazer? Tem mesmo essa certeza? - ela pergunta e não respondo. - Então você vai me colocar pra fora, os policiais vão vir hoje aqui em busca de um interrogatório comigo, mas eu não vou estar. - eu abaixo a cabeça. - O corpo de Marco está no saco, porém não vou levar se eu for embora e sei que vai me dedurar pra polícia, entretanto você também será presa como cúmplice. É melhor saber o que faz, eu não tenho medo de ir pra cadeia, já estive lá. Agora... Você? Morre de medo. Vai mesmo me colocar pra fora?
Tudo que ela falou faz sentido, porém é muito complexo. Não a quero aqui, mas não me quero atrás das grades.
- Vamos sumir com o corpo e então ligamos pros agentes.
- Boa escolha. - Ela me beija e sai sorrindo.
Uma de cada lado pega o saco, tão pesado. Levamos até um terreno baldio e lá queimamos. O fogo me esquentava do ar frio que vinha de um coração vazio como de Julia. Ela coloca o braço ao redor dos meus ombros e me puxa para um abraço que rejeito.
Voltamos e ligamos pra delegacia. Umas mil perguntas foram feitas quando estavam aqui, Julia mentia sobre cada uma delas e por incrível que pareça, sem deixar rastros.Então vou me deitar, com os pensamentos obscuros em minha mente doentia. Ainda lembro do cheiro do sangue, do gosto de seus lábios, do suor desgastante de sua camisa. Só quero viver minha vida, prefiro ser a drogada e bêbada de antes, do que a cúmplice e medrosa de agora. Até tenho saudades da depressão, hoje nem isso eu tenho, não tenho tempo pra isso, não tenho tempo pra sofrer, pois vivo no inferno que nunca sonhei. Como uma pessoa pode fazer algo do tipo? Como uma só pessoa pode acabar com minha vida?
Meus olhos vão se fechando até eu ouvir um barulho na porta, alguém bate com muita força que quebra meu abajur encima da mesa de canto que fica na parede de minha sala. Abro rápido, não quero mais ouvir esse barulho.
- Eu te disse, minha filha. Ela uma assassina. Uma assassina. Uma assassina. - minha morta esquartejada entra em casa repetindo isso muitas vezes. - Uma assassina. Uma assassina. Uma assassina. - então vai até o sofá onde Julia dorme e diz olhando pra mim. - Acabe com ela.
Acordo com pulo, estava no chão. Blunk na minha cama. O que ela faz ali? E eu aqui?
- Foi só um pesadelo. Anna, se acalma. Foi tudo da sua imaginação. - disso a mim mesma e vou até o banheiro.
Passo pela porta da sala e ali estava meu abajur quebrado. Não foi um sonho, não foi um sonho, não foi um sonho. Preciso sair daqui agora. Saio dali e corro pra um lago onde nunca fui, de camisola fico olhando os patos que nadam devagar. Queria ser um pato, não tem preocupações, não mata ninguém, além de sua refeição, não tem casa, não tem dinheiro ou trabalho, a única coisa que eles são... São patos.
Uma mão toca em meu ombro e tenho medo de que seja Blunk. Olho e penso... Sou muito azarada.
- O que faz aqui? - ela pergunta nervosa.
- Nada, Julia.
- Se for pra sair de casa, saia pelo menos vestida adequadamente.
- Por que você não cuida da merda da sua vida. Para de mandar em mim, você não é a minha mãe.
- Claro, porque não tem uma. - ela sorri e uma lágrima cai dos meus olhos. - E eu mando em você sim. Eu te coloquei em um emprego novo, eu destruí quem não gostava de você. Eu fiz muita coisa por você, sua ingrata.
- eu não pedi nada disso. Você fez por que quis.
Sou puxada com força, e levo um soco no rosto e na barriga. Sei que ela estava gostando do que estava fazendo, pois estava sorrindo, como um maníaco. Ela arranca minhas roupas, joga na água e com um golpe, caio no chão.
Acordo ainda ali, o sangue está em todo o meu corpo e o gosto na língua. Meu ânus e a vagina doem, olho e os vejo sangrando, e um pedaço de cabo de vassoura ao lado.
Essa vadia me estuprou, me machucou, me feriu, abusou de mim. Ela me quer ver sofrer, sofrer por ela e não por outro alguém. Me levanto com muita dor, e vou caindo enquanto ando de volta pra casa. A grama fica meio grudada no sangue que eu acumulo no corpo. Estou não fraca, não vejo nada. E desmaio de novo.
- Hey, Hey. Acorda. - vejo olhos castanhos e duas cabeças. - Vou te levar pro hospital.
Me colocam em um automóvel que não consigo identificar, porém sei que é alto. Vejo casas, prédios, estou na cidade. E é o que lembro antes de ser internada.
- Olha, você acordou. - Uma enfermeira fala sorridente. - Está se recuperando rápido, logo estará em casa.
- Onde eu estou? - olho pros lados. - é um hospital?
- Isso mesmo. - ela me olha sério. - Um senhor a trouxe, pois a viu machucada, desmaiada e nua. Posso afirmar que foi violentada e estuprada. Quem fez isso?
- Eu não sei, não vi quem foi. - tive que mentir. Até porque vi Julia encostada no canto.
-Ainda bem que está melhor, querida. - ela estava chorando e segurou a minha mão. - Eu vou descobrir quem fez isso e estará atrás das grades.
Gostando da fic? Vote e comente o que achou ;)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Julia Blunk
Mystery / Thriller"- Quem é você? - Julia Blunk, estarei sempre ao seu lado." História narrada por Anna, uma garota depressiva que conhece Julia Blunk, uma linda e sensual mulher que faz a vida de Anna terrível inferno.