Dois sorridentes olhos azuis encaravam Martín de volta no reflexo do espelho do banheiro. Os olhos oceânicos sorriam porque o argentino sorria.
E Martín sorria quase como se risse de si mesmo internamente – rindo porque pensamentos sobre como ele era um homem bonito dançavam em seu cérebro naquele instante.
O argentino tinha acabado de tomar banho e, com uma toalha enrolada na cintura, terminava também de espalhar um segundo hidratante em sua pele.
Ele quis rir primeiro ao pensar sobre como Luciano sempre reparava no cheiro dos cremes que ele usava.
Mas conforme seus dedos caminhavam delicadamente pelas curvas dos músculos de seu peitoral e abdômen – uma carne encoberta por uma pele de neve, tão macia quanto a mais delicada das sedas – Martín concluía que ele realmente era um homem bonito.
Ele ouvira isso a vida inteira. Literalmente a vida inteira vivendo sob o privilégio da beleza, e que ele entendera ser um privilégio com a ajuda de Luciano.
Mas de certa forma e por algum motivo que Martín ainda não compreendia, a ideia de "ser bonito" lhe parecia distante demais da realidade.
Por um tempo, ele pensou que não assimilava sua própria beleza em face da variedade de situações difíceis que vivera apenas por "ser bonito".
E por outro longo período de sua vida, Martín viu-se incapaz de achar-se belo porque ele se autojulgava como uma pessoa não tão aprazível assim.
Até que o argentino simplesmente parou de pensar nisso, até que "ser bonito" (ou não ser) deixou de pairar como uma questão ativa em sua mente. Ele não tentava parecer agradável aos olhos de e para ninguém, por nenhum motivo.
Exceto-
"Pra ele... Sempre foi só pra ele..."
No exato momento em que Martín circulava com dois dedos as marcas fortemente arroxeadas dos chupões de Luciano em seu peito, o brasileiro abriu a porta do banheiro sem bater e entrou, com cabelos úmidos e toalha na cintura, à semelhança do argentino.
Luciano sorriu ao reparar no que Martín reparava.
— Eu te perguntei ontem se tu queria que eu igualasse as marcas no teu outro peito – o moreno passou por detrás de Martín, parando para dar um beijo no ombro nu do argentino, e repousando a lateral de seu quadril à pia logo em seguida, cruzando os braços.
Quando Martín apenas sorriu de volta, olhando-o de relance e voltando a alisar o próprio peito, Luciano continuou:
— No que tu tá pensando, meu bem?
O argentino inclinou a cabeça para o lado, sem se soltar de seus próprios pensamentos.
— Estou pensando no quanto eu sou bonito... – Martín respondeu, e apesar de não haver um mínimo sinal de arrogância em sua fala, Luciano riu um pouquinho.
— Agora me conta uma novidade, bebê.
— Isso é novidade pra mim. Bueno, me parece novidade nesse momento – o argentino colocou mais um pouco de creme nas mãos e virou-se para esfregá-lo desajeitadamente nos antebraços cruzados de Luciano.
— Bueno, pra mim isso é um fato tão óbvio quanto dois e dois são quatro – o brasileiro se desencostou da pia e se virou para espalhar o creme em seus braços. Encarou Martín pelo reflexo do espelho: — Isso me lembra de um negócio, meu amor... Eu pensei mais do que devia desde ontem, e meio que cheguei à conclusão de que tu ainda está bastante inseguro sobre... muita coisa. Eu não quero que tu finja pra mim que não está. Entende?
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Private Dreams (BraArg) (PT-BR)
Fanfic"Eu não acho que será possível para o Brasil conseguir se reerguer de todo o vexame futebolístico que ele tem enfrentado nas últimas décadas. Esse maluco deveria simplesmente desistir do papel de melhor do mundo, porque ele realmente não é mais". Es...