e culpa do meu mundinho

0 0 0
                                    

Ano 20

Mais um dia, mais uma decepção, mais um desejo de ter vencido.

Acordo com Alycia indo se deitar comigo. A minha esperança de 5 anos, a cópia do maldito pai. A única coisa de diferente é que eu a amo, diferente do Rine, que eu desejo todos os dias que nunca tivéssemos nos conhecido.

Olho para a minha criança sonolenta, esfregando os olhos e se aconchegando no meu colchão velho e bagunçado. Olho para o teto mofado e fecho meus olhos deixando o mini corpo da minha anjinha penetrar o meu, sentindo seu calor e suas mãozinhas pequeninas no meu rosto e dando uma risada. Olho para ela, preocupando respostas para a tal risada.

- mamãe!- ela pula recebendo meu sincero sorriso - hoje podemos comer bolo no café???- ela faz uma carinha de cachorro pidão.

Eu penso nesta possibilidade, e na quantidade de bolo que ainda resta na geladeira. Pensa na última vez que comemos algo assim de manhã, e em suas notas na escola, se estou sendo uma boa mãe, e se vou fazer o dia dela feliz antes de começarmos toda a correria, e se isso não vai atrapalhar a nossa janta ou o almoço. E depois de um tempo nos olhando, eu na sei a resposta.

- não é melhor levar para a escola, minha esperança?- vejo a tristeza em seu rosto,mas tive que fazer isso,pelas minhas contas, não vai ter bolo o suficiente para dar a ela como presente caso for uma boa aluna, então e melhor deixar ela levar o bolo hoje na escola do que comer agora e também levar para a escola - aí o bolo não vai acabar tão rápido!

Ela volta a se deitar, me deixando sem respostas, e de brinde, deixando meu coração partido

⚔️

A Alycia já foi deixada na escola, com uma vontade enorme de chegar o seu recreio logo para comer o bolo que tanto me encheu os nervos. Me sinto culpada por não ter feito o dia dela feliz desde o começo. Mas foi necessário. E sei que quando for o dia de comer bolo de novo, ainda vai aver o suficiente para comer duas vezes! E sei que vou deixar ela muito feliz, e me sentir muito bem já que e a única coisa que eu quero. Vejo as ruas de Recife, uma cidade tão linda,minha cidade querida, onde minha tia Kellen cuidou de mim. A única. A única que quis me ajudar. Ela dizia que o meu pai me amava, que fazia aquilo pois foi assim que foi criado. Mas eu nunca quis acreditar, um pai que ama de verdade não abandona a filha grávida na ruam. Ela costuma dizer " May, seja forte,ou as pessoas irão te machucar enquanto você cata os pedaços do seu coração, uma mulher precisa ficar em alerta, se ela não se proteger, ninguém proteje " guardo isso comigo até hoje - sem falhas Maya, um coração inteiro e um coração forte -
Até porque, eu sou mãe, adulta que aprendeu na marra como ser uma adulta descente, tenho três empregos, trabalho em uma cafeteria pela manhã, de tarde atendo em um hotel com um gerente estranho mas que me paga até que vem por causa da minha beleza, e de noite até às 22 em um buteco que me dá arrepios só de imaginar aquele tanto de pessoas estranhas e taradas me pedindo bebida de um jeito estranho e com um grande aspecto de flert.
E a minha pequena esperança, a Alycia? Eu consegui um grande favor com o professor dela, e senhor Felipe, uma benção na minha vida! Um amor de pessoa, me ajudou muito com Alycia nestes últimos anos. Ele e apenas dois anos mais velho que eu, um homem lindo e de grande admiração.
Ele fica com Alycia na casa dele até eu ir busca-la depois de um longo dia.

Quando percebo, estou na porta da cafeteria. E uma cafeteria simples, onde só aparece rostos conhecidos, avos e jovens com a alma de velho, e aconchegando,eu diria, eu costumo ler os livros das estantes em meus pequenos descansos. São livros não com muita história, e bem clichês, mas e ótimo para passar o tempo.
Olho para o nosso cliente mais fiel, o senhor prazeres, Antônio dos prazeres. E um senhor de 58 anos, bem forte eu diria, caminha todos os dias de sua casa até aqui, e aproveita para tomar o seu café

O Meu Eterno Amanhã Onde histórias criam vida. Descubra agora