CELESTE SPERANDIO
Nada pior do que trabalhar no meu próprio aniversário.
Eu estava na minha sala no prédio do meu trabalho quando recebi uma ligação específica. O meu coração acelerou e eu me levantei da minha cadeira, pegando o celular e atendendo. Eu engoli em seco quando ouvi a voz feminina por trás da ligação, senti o meu olho se encher de lágrimas e a minha vista ficou embaçada.
— Celeste. — mamãe falou de seu jeito formal de sempre. Nem parecíamos mãe e filha. — Hoje é o seu aniversário, eu gostaria de te desejar uma boa celebração.
— Obrigada. — eu respondi e a ligação ficou muda por um ou dois minutos até eu escutar a voz da mais velha.
— Como está em Monte Carlo com a sua avó e seus irmãos? — a minha mãe perguntou e eu pigarreei, deixando os lábios em linha reta mesmo que ela não pudesse ver. Ela nem ao menos sabia onde eu estava morando.
Péssima mãe, sempre foi.
— Não moro em Monte Carlo com a minha avó, você deve ter esquecido que eu morei com a minha tia na minha adolescência em Madrid e Barcelona. — eu respondi e ouvi um suspiro por trás da linha.
— E está morando onde atualmente? Ainda mora com a sua tia? Não vai me dizer que está cometendo esta gafe, pelo amor de Deus. — Chiara perguntou e eu enruguei a minha testa. Fala sério! Ainda que eu estivesse, isso não era problema dela.
— Em Barcelona. Não, mãe, eu estou morando no meu apartamento e divido aluguel com duas amigas próximas. — eu retruquei e ela fez um som nasal como se finalmente tivesse entendido. — Não que isso seja da sua conta, óbvio, a senhora não moveu um dedo para me procurar desde os meus catorze anos.
— Sou uma pessoa muito ocupada, mas você sabe que sempre mando uma quantia considerável para a sua conta. — a mais velha respondeu com sua arrogância de sempre. — Não vai me dizer que quinhentos mil euros é pouco? Se esse for o motivo da sua rebeldia, posso pedir para o seu pai enviar mais, não há problema algum.
— Eu não gasto um cêntimo do seu dinheiro, não quero ele para mim. — eu respondi enquanto caminhava em voltas pela minha sala.
— Eu não entendo... Não consigo entender a sua reação e dos seus irmãos. Eu e o seu pai mandamos uma quantia considerável de dinheiro para vocês e ainda assim, continuam nos odiando. — a minha mãe resmungou e eu soltei uma risada nasal, coçando a minha têmpora e balançando a cabeça em negação.
— Não adianta merda nenhuma vocês mandarem dinheiro para a gente, mas não serem presentes nas nossas vidas. — eu respondi e a ligação ficou muda por um tempo. Ouvi algumas vozes de fundo e a minha mãe falou com elas.
Era óbvio, ela adiaria essa conversa novamente.
— Celeste, preciso resolver algumas coisas no momento, depois nós conversamos sobre isso. — Chiara falou e eu senti o meu peito queimar em ódio, além das lágrimas escorrerem pela minha bochecha.
Antes que eu respondesse qualquer coisa, ela encerrou a ligação. No mesmo momento, eu escutei batidas na porta. Eu funguei e limpei as lágrimas, permitindo a entrada do sujeito. Eu estava virada para a janela do meu escritório, então logo me virei em direção à porta.
— Sperandio, tire uma semana de folga. — Erick, o meu chefe, disse repentinamente. Eu arregalei os meus olhos e o meu coração acelerou.
Ele estava me demitindo?
— O-o quê? — eu gaguejei e o mais velho se aproximou de mim, cruzando os braços rente ao peitoral.
— Tire uma semana de folga. Tenho visto como está se esforçando mais do que o suficiente e quero que tire uma semana de folga, eu dou conta. — russo disse e eu engoli em seco, analisando o rosto dele. Eu estava definitivamente desacreditada.
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hotel, pedri gonzález
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