Avenida dos Sonhos Quebrados

Aquela que não quer assumir

Finalmente depois cinco, cinco infernais dias de procura sem poderem avisar a mais ninguém da atual situação se não haveria um escanda-lo na comunidade mundial de vampiros, Anne descobriu o paradeiro de sua filha especial. A antiga cabana na zona rural da Virginia, um dos primeiros lugares onde Eliza havia fixado residência junto com Alexander em seus primeiros anos de casados.  

Era previsível, mas Anne não havia se quer parado para pensar na possibilidade de sua filha ficar naquele local caindo aos pedaços durante aqueles cinco dias, e como o lago ao lado era sua única companhia durante esse tempo, a matriarca deduziu que a vampira mais nova também não havia se alimentado direito todo aquele tempo. 

Mandando o motorista aguardar no carro enquanto ela acordava a filha para a vida que elas tinham. Uma linhagem tão antiga quanto a delas, não era de se surpreenderem que haviam conseguido ter uma criança rara como Elizabeth, que podia guiar toda a raça, unir os clãs e acima de tudo, andar ao sol sem ser subjugada pela luz. Era de extrema importância que eles conseguissem esse efeito pelo menos outra vez, mas até aquele momento, nem um dos filhos de Mary, a mais velha de suas filhas, havia demonstrado ter a mesma raridade de Eliza. 

Bem, quem sabe agora que ela amamentaria um novo vampiro o criando mais forte para essa vida, pudesse passar essa habilidade adiante. 

- Aqui, você deve esta com fome e esse foi o único B+ que eu encontrei a caminho daqui. - Anne avisou de sua chegada jogando um homem robusto já desacordado aos pés de Eliza que estava sentada em uma poltrona de madeira antiga, ao lado da lareira acesa em meio a toda aquela sujeira de cabana abandonada. 

- Como me achou? - quis saber a vampira grisalha sem esboça nenhuma emoção ao ver o homem que pelo cheiro já estava sangrando em algum lugar e logo sentiu sua garganta queimar. Sim, ela estava com fome. 

- Você não é a pessoa mais difícil de achar e mesmo assim levamos cinco dias. - a mulher morena cruzou os braços e nivelou seu olhar em direção a filha que apenas suspirou. - Eu imagino que você já estava pressentindo que eu faria algo a respeito sobre o fato de você viver em constante isolamento a 100 anos...

- Você não é a pessoa mais discreta quando o assunto é se meter em algo, mãe. - Eliza a respondeu rapidamente colocando seu ponto mesmo sobre o olhar afiado e duro de Anne. - E desde que eu acordei para essa nova vida, você não tem feito diferente. 

- Obvio que não, e veja até onde isso nos levou, onde as tradições nos elevaram. - Anne respondeu andando em passos lentos ouvindo o ranger das madeiras desgastadas com o tempo abaixo do seu salto. - Se alimente logo, o sangue vai esfriar. - ela ordenou suavemente vendo que Eliza se quer tinha movido seu corpo em direção ao homem caído. 

- Não estou com fome no momento. - rebateu a vampira mais nova.

- Você esta enganando a si mesma, eu consigo ouvir sua garganta pulsando de sede, consigo ouvir seu estomago se revirando implorando por comida, você se esquece que apesar de ser aquela que conquistou o sol, eu ainda sou muito mais velha do que você. 

- Como dá para esquecer, você prova seu ponto o tempo todo como matriarca do clã. - Elizabeth sorriu sem humor.

- Porque apesar de todos as adaptações fictícias criadas sobre nós, onde os vampiros até mesmo brilham no sol ao invés de queimar... - Anne fez uma expressão de nojo ao citar obras recentes abordando o vampirismo como algo completamente diferente da sua realidade. - Os vampiros vivem em matriarcados, é uma das coisas boas que a eternidade pode dar a uma mulher e o nosso clã sempre foi um dos mais poderosos de toda a nossa raça, e o único clã considerado digno de ter uma vampira como você. Sua existência só fomenta ainda mais o nosso poder.