Amor, Somente Amor

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Sempre que o amor aparece, sinos dobram nos céus.

Interior do Brasil. Década de sessenta.

– Acordi essi mininu. Acordi. Tua mâinha ta ti peranu pru disjum.

"MagnoZen ainda não acreditava, que o fim do mundo seria assim.

Ele sempre fora um teórico da conspiração. Sua mente já o havia levado a diversos finais.

Em um deles, ele e seu grupo lutaram até o último momento, para impedir que os zumbis mutantes, detonassem a bomba quântica, partindo a terra em mil pedaços.

Mas desta vez, parecia que tudo estava contra. Ele nunca enfrentara nada igual.

– Você não me escapara MagnoZen".

– Acordi Vandersonsclay. Tua mâinha diz qui tu vai perde as hora da aula.

– Ara Ritinha. Não me perturbe e vai cuidar de seus serviços. To sonado demais para ir à escola.

– Olhi Vand, num querenu se mutchu chata, maise si uce num levantá agora, vo chama tua mâinha.

Ele sentou na cama, nervoso;

– Ara e ara Ritinha. Você nem imagina o que eu estava sonhando e você veio atrapalhar.

Ela abriu um sorriso maroto.

– Era nóis doise dibaxu du coberto, era?

– O que?

– Nós doise fazenu coisa gustosa ai dibaxu das cuberta.

– Ara Ritinha, toma tento. Quer que eu chame mâinha?

– Careci não Seu Vand. Já parei di pensa nissu.

Ela deixou o quarto, toda dengosa, saracoteando.

Com certeza não será com ela a minha primeira vez. Pensou ao vê-la sair.

Após o demorado banho, ele tomou o desjejum, junto de sua mãe. Conversaram sobre frivolidades, até que ela atingiu o cerne da questão

– Uma pergunta meu filhinho: Você ainda está enrabichado por aquela sirigaita da sua classe?

– Mâinha. Já pedi para não me chamar mais de "meu filhinho". Tenho 16 anos e barba na cara.

– É que você é tão bonitinho.

– Para. E tem mais, Jesbél, não é nenhuma sirigaita.

Ele deixou o resto da fruta sobre a mesa, pegando seu material.

– Inté mâinha.

– Inté meu filhinho querido.

A porta bateu, forte.

Ele estava apaixonado.

Nada mais no mundo lhe importava. Até trocaria sua personagem de herói mundial, MagnoZen, por um simples beijo de Jesbél.

Muitas vezes já dera sinais do que sentia. Tinha certeza que ela percebera.

Mil planos já arquitetara para declamar seus sentimentos, mas o medo de uma recusa o travava.

Ao entrar na sala de aula, avistou-a. Ela estava linda, como sempre. Seus cabelos negros, compridos, encobriam parte do rosto. Parou olhando-a da porta.

Ela retribuiu o olhar, pela primeira vez, sorrindo.

Vandersonsclay quase caiu.

Ela sorriu. Ela sorriu para mim. Seu coração parecia querer saltar pela boca. Sentia-se a pessoa mais feliz do mundo.

Luiz Amato e ConvidadosOnde histórias criam vida. Descubra agora