Entre as grades

   Tazer era um dos ladrões mais conhecidos daquela época, tinha seu valor aproximado em 50 mil dólares, ele fazia parte do maior esquema de crimes que havia não só pela região mas por todo o estado, os famosos Seis Favelas.

   Só de ouvir o nome do grupo, todos ficavam tensos, nunca era possível saber onde ou quando iriam atacar, não tinham o costume de causar mortes geralmente, mas não hesitavam ao ter que usar a violência, em apenas um ano já teriam roubado cerca de dezesseis bancos.

   Porém, oque mais diferenciava Tazer dos outros ladrões, era sua taxa de vezes preso, por isso, tinha que atingir um certo tempo na cadeia antes de entregarem sua recompensa.

   No começo, acabava tendo um grande coração, e muitas vezes se sacrificava para que o grupo pudesse fugir do local. Porém, outras vezes era pego de propósito, assim poderia mexer em registros criminosos quando necessário.

   Não era um problema para si, afinal, não havia lugar em que não pudesse entrar ou sair quando quisesse. Fugir da prisão da maior cidade da época era moleza para si, entretanto, as coisas mudaram quando o xerife se aposentou, digamos que o novo xerife acabou chamando a atenção de Pac.

   Ele era grande, alto e forte, todos lhe respeitavam, embora o mesmo fosse gentil, estava sempre demonstrando preocupação com os outros, até mesmo com os prisioneiros. Pelo menos era oque o moreno achava, já que não fazia ideia do tratamento especial que recebia do mais velho.

   Quando se conheceram, Pac não hesitou em momento algum a bater de frente com a autoridade do outro, mas para a surpresa de ambos, acabaram se dando melhor do que a lei permitia.

   Na visão de Fit, o moreno era alguém doce, apesar do grande histórico criminal, tinha um bom coração, era bonito, inteligente, e com um bom humor sempre costumava contar sobre suas invenções com sua dupla, Craft.

   Foi assim que o xerife descobriu que quem criava as bombas para explodir cofres era Tazer, e quem alterava as armas para ficarem mais eficientes era o seu parceiro de crime.

   Como dito, não era um problema escapar de uma cela frágil como aquela, entretanto, após conhecer o novo xerife, Pac passou a fugir com menos frequência, gostava de gastar seu tempo conversando com o outro, as vezes ganhava até mesmo algum prato especial, como a sopa de canja, sua preferida.

   No fim, só saia da cela quando os Seis Favelas apareciam para buscá-lo, nas primeiras vezes vieram assustados, achavam que havia acontecido algo consigo graças a demora de voltar para a base.

   Com o passar do tempo, perceberam quais eram os interesses pessoais do moreno, então, só passavam para buscá-lo quando ficava por muito tempo lá, e também quando tinham algum roubo ou ação planejada. As vezes Pac decidia sair antes, afinal, tinha sua própria vida e responsabilidades também.

   Para a felicidade do ladrão, nenhum de seus colegas poderiam reclamar, estavam quase todos no mesmo barco, um exemplo seriam os irmãos, Cellbit e Bagi, um teria se apaixonado por um barman, enquanto a outra por uma trabalhadora de um restaurante, Pac sempre lembrava de jogar isso na cara deles.

   Enquanto andava na carroça, avistou pelas grades algumas crianças que brincavam ao redor das estradas da cidade. Observando melhor, era possível vê-las brincar de xerife e ladrão, algo muito irônico.

   Pac já reconhecia aquelas ruas, estavam perto do destino, podia até ver o edifício maior que a maioria dos outros, ao lado da entrada,  diversos papéis de procurados, se olhasse mais de perto, poderia ver seu próprio rosto estampado por ali.

   A carroça parou, e o prisioneiro já se preparou para o desembarque, essa geralmente era a parte mais chata do processo, visto que havia caído mais de uma vez nessa hora.