Estava chovendo. É a última coisa da qual me lembro antes de me trancar no meu quarto e apagar. Acordei com batidas na porta, ritmadas. Minha mãe.
-Emily, filha, você não pode ficar aí para sempre.
- sim, eu posso. - respondi, colocando o travesseiro sobre a cabeça.
-não, não pode. Emily, sei que está chateada, mas converse comigo. Você não comeu nada ainda, desça para almoçar.
- ok mãe.Ouvi passos pelo corredor, cada vez mais longe. Ótimo. Levantei e me alonguei, esticando cada músculo contraído. Peguei meu celular na cômoda e, pera, é realmente uma hora da tarde? Nossa, eu me superei dessa vez. Haviam 7 mensagens para mim, então sentei-me novamente sobre a cama e me preparei para lê-las. 3 eram da Luísa, minha melhor amiga, querendo saber se eu estava bem. Eu deveria saber que ela se preocuparia. As outras 4 eram do Gabriel. De repente, me lembrei do porque havia dormido tanto. Tristeza. O desgaste emocional de ontem foi demais para mim.
Cheguei em sua casa, estava louca para lhe mostrar minha carta de recomendação. Nós combinamos de viajar juntos antes da faculdade começar... Gabriel, meu primeiro e único namorado por 2 anos . Eu o amo. Ouvi vozes no andar de cima e subi sem pensar. Eu o encontrei na cama, aos beijos com uma garota loira. Ela sorriu pra mim sem ao menos se cobrir com um lençol. Não estava envergonhada por ter sido descoberta, tão pouco desconfortável com a situação. E nem ele. Eu senti meus pés se colarem ao chão, enquanto o via levantar lentamente.
- não era para você estar aqui hoje. - ele me disse.
Respirei fundo e perguntei
- o que está acontecendo Gabriel? - me bati mentalmente. nossa emily, sério? Que cliché. É bem óbvio o que está acontecendo.
- olha Emy, não é bem isso. Eu sou homem,você sabe, tenho necessidades. Descobri que não combinamos.
- Você descobriu... - Não consigo formular frases completas. Meu cérebro está praticamente funcionando à base de manivela.
- Emy, foram dois anos. Você continua agindo como menina, e eu apurei meus gostos. Quero mulheres, como a Larissa. Sem pudor. - ele apontou para a loira e ela piscou de volta.
Sexo. Fui trocada por noites.
- não fique triste. Nós sempre poderemos... Ficar. Se você quiser crescer, posso te ensinar e continuamos assim. - ele continuou, e foi chegando mais perto para colocar a mão no meu rosto.
- Não me toque. - estou respondendo? - acho que meu amor para você foi como vento no inverno. Insignificante. Tudo bem. Faça como bem entender. - eu tinha a plena certeza de que meus olhos estavam vermelhos. Suguei força da minha alma e me recusei a chorar ali.
- Emily, não faz isso. Você vai mesmo jogar 2 anos fora? Gosto de você, quero ser, digamos que, seu amigo colorido. Qual o problema nisso? Ficamos com quem queremos, e continuamos como estamos.Amigo colorido? Ele não pode estar falando sério.
- O problema é que eu não quero. Aliás, eu não quero nada que seja relacionado à você. Me esquece porque eu vou te esquecer.
Dito isso, eu corri para fora da casa. Eu o ouvi gritar meu nome mas não me importei. Começou a chuviscar e coloquei o capuz do casaco. Resolvi ir à pé pra casa. Cheguei enxarcada, de chuva e de lágrimas. Passei rápido pela minha mãe e me tranquei no quarto. Devo ter chorado até dormir...
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Amanhã Não Se Sabe
RomanceO destino às vezes é engraçado. Ele vira nossa vida de cabeça para baixo em questão de milésimos. As mudanças são necessárias e cabe à você decidir rir ou chorar. Emily perceberá que nem tudo são contos de fadas... E que o melhor, de vez em quando...