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ÂNGELO VITELLO

Desde o momento em que havíamos nos retirado da festa, não só eu como minha namorada e Margarida, percebemos o comportamento estranho de Patrick. Ele parecia distante, longe...

Eu queria saber o que estava acontecendo, o que tinha acontecido para ele estar daquela forma.

Avisei às duas que eu iria atrás e iria contar assim que eu pudesse — na verdade, eu não queria que Margarida ficasse tão preocupada.

Apertei os braços longos de Jasmine, depositando um beijo casto em seus lábios. 

— Você está cansada, vá se preparar para dormir. Pode ficar tranquila, eu irei descobrir o que está acontecendo com Patrick.

— Mas Ângelo...

— Jasmine — a interrompi — Vá dormir, está ficando muito tarde e o dia e noite foi cheio para você. Eu irei cumprir o que eu disse a você, e Margarida... Por acaso não confia em mim para isso?

— Você sabe que eu confio em você...

Apertei sua mão contra meu peito.

— Eu te amo muito — dei meu último beijo em sua testa, como despedida. Ela partiu e antes de desparecer pela porta, me deu um sorriso. Naquele momento, eu já tinha que me preparar.

Com apenas minhas calças socias, blusa de botão e sapatos, saí para fora do quarto. Caminhei lentamente vislumbrando a imagem de Patrick sentado sobre a cadeira de jardim. Os fundos da casa tinha uma beleza genuína, a parte do quintal ligada a casa tinha apenas o chão com um piso, jarro de flores, uma mesa e duas cadeiras de jardim com almofadas quase que minúsculas. Patrick tinha um olhar distante para o alto...

Me sentei ao seu lado, sem dizer nada. O silêncio entre nós dois me fez suspirar. Apertei seu ombro com minha mão esquerda.

— Por que está assim?

— Assim como? — perguntou num fio de voz, baixando os olhos para as mãos.

— Patrick...

— Ângelo... — fez um sinal de negação com a cabeça, sua voz trêmula me fez ficar em alerta.

Não permiti que o silêncio entre nós fosse minha resposta, eu realmente queria saber o que tinha acontecido, por que ele estava agindo daquela maneira.

— Você sabe que não adianta esconder de mim. Eu irei insistir do mesmo jeito.

— Mesmo se eu não querer?

Ele traçou uma linha invisível com seu dedo indicador, na palma de sua mão esquerda.

— Com toda a certeza. — o respondi.

O maxilar de Patrick trincou e os olhos esverdeados voltaram a se perder na grama iluminada pela luz da lua. Antes que eu voltasse a dizer qualquer outra coisa, sua voz tomou minha vez.

— Eu perdi alguém muito importante — me olhou — Com certeza ele não era apenas importante pra mim...

Busquei em minha mente qual a possibilidade de isso ter acontecido e qual tinha sido essa pessoa. Será que ele havia terminado com Margarida? Ou... O seu pai? O meu tio...

— Se está me dizendo que...

Suas palavras cortaram novamente minha fala. Mas não cortaram apenas ela, mas também a mim.

— Eduardo foi encontrado morto — estremeci.

Eduardo?!

— O meu amigo, o único amigo que restou... — arfou.

A VERDADEIRA FELICIDADE | LIVRO IIIOnde histórias criam vida. Descubra agora