PEDRI GONZÁLEZ
Encarei fixamente o Gavira enquanto ele sugava o resto do Milkshake dele, fazendo um barulho irritante soar pelo meu carro. Não arriscamos ter essa conversa na lanchonete, não queríamos que ninguém escutasse sobre. Pablo estava despreocupado e eu estava prestes a mata-lo.
— Não vai tomar o seu? — o garoto perguntou com um tom de voz repleto de sarcasmo. Ele lembrava, era óbvio que ele lembrava.
Na noite passada, nós não nos beijamos nem nada, Celeste não insistiu e nem queríamos. Além disso, eu não pensei nela como uma puta, o que eu provavelmente pensaria há dois meses atrás. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo e isso estava começando a me desesperar.
— Você sabe que não é para contar para ninguém, não sabe? — eu perguntei e ele assobiou, se fazendo de sonso.
— Contar o quê? — Pablo perguntou novamente e eu pigarreei, abrindo a janela do meu carro e jogando o milkshake dele por ela. O moleque arregalou os olhos e me encarou desacreditado. — O meu milkshake, González! Puta que pariu!
— Estamos de acordo, moleque? Ninguém precisa saber sobre a Celeste e nós dois. — eu disse e o mais novo assentiu, ainda preocupado com o milkshake dele. Eu entreguei o meu, nem queria tomar milkshake mesmo. — Aquilo foi um erro e eu não quero que você chegue perto dela, me ouviu? Se der de cara com ela, finja que não conhece.
— Desde quando você virou psicopata? — Gavira questionou e eu revirei os meus olhos, olhando janela à fora e coçando a minha nuca. — Você se apaixonou pela Celeste? Uau.
— Não virei psicopata, só estou deixando claro o que é meu antes mesmo de você aparecer. — eu contei e o garoto arregalou os olhos enquanto tomava o milkshake que agora era dele. — Não sei, acho que sim.
Pablo abriu um sorriso orgulhoso e apoiou a mão no meu ombro, uma forma de me consolar. Eu empurrei a mão dele dali e cruzei os meus braços rente ao meu peitoral.
— Desculpa por isso, irmão. Se eu soubesse nem teria ido. — Gavira respondeu e coçou a nuca dele, depois tomou mais um gole do milkshake. — Mas a Celeste é uma puta. Ela sabe que você gosta dela e mesmo assim deu para mim.
Pigarreei e acertei um tapa na nuca do garoto.
— Não chame a Celeste assim, ela não sabe dos meus sentimentos por ela. — eu contei e o Pablo arregalou os olhos, me encarando desacreditado. — E além do mais, a Sperandio é uma mulher solteira, pode dar para quantos caras que ela quiser.
— Por que você não se declara para ela? — Pablo perguntou e eu deixei os meus lábios em uma linha reta.
Se fosse tão fácil assim...
— Não posso. A vida não é tão fácil assim. — eu respondi e cocei a minha mandíbula.
Como eu queria que fosse.
Celeste não acreditaria em mim caso eu me declarasse, além de que ela parece bem resolvida em questão de não querer um relacionamento por agora.
Amar alguém me apavora. O sentimento de estar apaixonado por alguém é assustador porque a única vez que eu me apaixonei de verdade, eu me fodi.
E eu não quero me sentir um miserável novamente por causa de uma mulher que não sente o mesmo por mim.
— É. Sinto muito por você, parceiro. Sofrer por mulher bonita não é fácil. — Gavira respondeu e eu soltei uma risada de escárnio, balançando a cabeça em negação.
— Você e a Anita...? — eu perguntei meio cabisbaixo e querendo mudar de assunto. Pablo agora estava igual a mim.
— Ela disse que está confusa e que precisa de um tempo para pensar. — o garoto respondeu e umedeceu os lábios. Ele parou de tomar o milkshake, provavelmente perdeu a fome. — Cara, eu sinto algumas coisas por ela, coisas que eu nunca senti por ninguém, mas eu sinto que sou muito novo para me prender a alguém.
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hotel, pedri gonzález
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