I am not okay. And this is ok.

Capítulo único.

P.O.V S/n

Tem dias que não estamos bem. Entendo isso, e sei o quanto é necessário termos momentos como esses. Mas por vezes,eu não sei explicar a razão de um sentimento de vazio ou simplesmente a falta de motivação para levantar da cama e cuidar de mim mesma.

Falando assim,me recordo das vezes que li sobre casos de pessoas que tem os mesmos sintomas ao passar pelos processos exaustivos da depressão. Não é o meu caso,pois esses momentos não são tão frequentes para chegar a um ponto preocupante, e talvez por isso eu tenha tanta dificuldade de lidar com eles. Por não acontecerem tão rotineiramente, não aprendi a lidar ainda.

Mas será que aqueles que tem o costume com isso,sabem lidar? Ou não ter a resposta de tudo é o fardo humano?

E será mesmo que isso é um fardo? Ou não ter conhecimento de tudo me salva de sofrimentos maiores?

Eu não sei.

Mas eu tenho dificuldade de pedir ajuda. Sou casada com Jeon Jungkook há 7 anos, e ainda evito dizer tudo para ele. Acho que certas questões eu preciso resolver sozinha, e sei q isso é verdade, porém eu gostaria de conseguir apenas desabafar com ele um pouquinho. Pedir um carinho, ou apenas avisar numa boa que ficarei um tempo quietinha.

Sempre fui carinhosa e alegre, e mesmo sendo assim, eu ainda tenho um pensamento sabotador de achar que dizer mais de uma vez que não estou bem fará ele me ver diferente e passar a me enxergar fraca.

Não existe casamento perfeito,e o nosso não é. Mas dentre as limitações humanas normais, nós lidamos da forma que eu considero mais correta. Conversamos sobre tudo, e quando isso não é possível, o respeito e entendimento de que somos pessoas diferentes, prevalece.

Ele trabalha muito. Isso não interfere tanto em nossa relação, já que ele consegue descansos de 6 em 6 meses, por ser seu próprio chefe, e ter altas cargas horárias. Também trabalho, mas não tanto tempo quanto ele.

Sempre me dá atenção e carinho, e eu faço o mesmo por ele. Ainda não temos filhos, mas queremos. Apenas estamos bem assim.

××

Hoje era um dos dias que não estou bem. Essa semana a empresa que trabalho está de recesso pelas reformas do prédio. Sou umas sócias,então aproveitei para cuidar de mim.

Em meia hora ele chega. 16:30 é o horário em que o homem que amo entra pela porta do nosso apartamento. Mas hoje eu não quero que isso ocorra.

Tem 20 minutos que estou dentro da banheira. Na água que ainda permanece um pouco morna, mas já está perdendo a temperatura. Meus cabelos úmidos pela umidade do ar. Meus braços abraçados ao meu corpo. Meus dedos enrugados.

Mas eu não estou presente. Ao mesmo tempo que sei que estou ali, minha mente está desligada. Não estou num estado deplorável e horrível. Só não estou legal hoje. Mas mesmo assim, não é bom.

Os 30 minutos se passaram, eu escuto a porta ser destrancada, mas não me movo. Eu sei que ele vai me procurar, e hoje eu não vou  conseguir falar.

Nem dizer que estou bem, nem falar o motivo para não estar.

××

Ele chega na porta do banheiro em passos firmes e apressados, provavelmente por eu não responder os chamados anteriores. Eu ouvi,mas não consegui responder.

Chama meu nome uma vez antes de olhar para dentro do ambiente, e ao não obter resposta, coloca sua cabeça para dentro da porta que estava encostada.

Ao me ver com um olhar desconexo, entra rapidamente no banheiro.