CAPÍTULO-02 | parte 1

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CAPÍTULO 02: Um início selvagem.


Marcel foi acordado por um toque delicado em seu ombro. Não havia qualquer peso em sua mão, como se seus dedos hesitassem em tocar-lhe.

Piscando para afastar o sono, ele tomou a cartola que, em algum momento da viagem, caiu. Marcas de um cochilo enfeitavam o rosto de Catarina, a bochecha direita amassada e avermelhada pelo sono.

O cocheiro lhes esperava do lado de fora, provavelmente tendo sido seu chamado a acordar sua esposa.

Sua esposa.

Essas duas palavras aterrorizavam-no. Catarina era, agora e para sempre, sua responsabilidade. Ele não achava que poderia fazer jus a ela. Nem a qualquer outra mulher.

Com um suspiro, ele desceu da carruagem. Seus dedos estenderam-se para ajudá-la a não tropeçar nos degraus.

— É uma linda casa. — elogiou, a voz numa estranha mistura de suavidade e rouquidão do sono.

— Fico feliz que tenha gostado. — Marcel sorriu para ela, observando como seus grandes olhos vagavam pelas paredes azuladas da casa de campo.

Um jardim de rosas enfeitava a entrada, os dois seguindo até as portas duplas que davam para a grande sala de estar. Um sofá esverdeado ocupava o centro da sala, poltronas de madeira com encosto da mesma cor ladeando-o dos dois lados.

Os outros móveis eram uma mistura de madeira e metal que compunham bem o espaço, junto da pintura branca das paredes e azul das janelas de madeira.

— Já é muito tarde. Podemos ver a propriedade amanhã, o que acha de nos retirarmos, agora?

Olhos verdes colidem com castanhos. Marcel nota uma mínima contorção na feição delicada, como se ela repreendesse seu próprio desconforto.

— O que achar melhor. — ela desviou seus olhos para o chão.

Marcel franziu a testa. Talvez fosse o cansaço? Já era o ápice da madrugada, eles talvez devessem ter esperado até o amanhecer antes de seguir viagem, se isso fosse deixá-la mais confortável?

Ela ergueu o vestido, subindo as escadas logo atrás dele.

O alto da escada se abria para dois corredores: o da direita abrigava os quartos de família, o escritório de Marcel e uma sala de pinturas que ele pediu que montassem para Catarina.

Bem, talvez não uma sala de pinturas agora que ele descobriu que ela preferia desenhar com carvão. Teria que conferir mais tarde se a sala estava devidamente equipada para isso.

O corredor da esquerda levava aos quartos de hospedes.

Catarina e Marcel seguiram para o corredor da direita, as cortinas pesadas escondendo o céu estrelado da madrugada quando ele parou de frente a penúltima porta do corredor.

— Está entregue, senhorita. — sorriu para ela, girando a maçaneta antes de se colocar de lado para que ela pudesse entrar.

Uma cômoda ocupava o lugar ao lado da porta. A penteadeira se recostava na parede a direita da porta, uma cama grande de dossel bem arrumada ocupava a parede da esquerda, junto a uma outra porta. Grandes janelas de madeira projetavam-se na parede em frente à entrada, uma escrivaninha colocada com vista para elas junto de materiais de costuras.

— Os criados ainda não trouxeram suas coisas, não sabia como gostava de organizá-las. Também, o guarda-roupa não pôde ficar pronto a tempo, espero que não se importe.

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