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  Instantes depois, nos encontramos com Sheidy no centro de treinamento.

ele suspira pesadamente.

-Além, do acampamento, é muito diferente do que estão acostumados. Darei um mapa para que possam se localizar. Sigam as ordens com exatidão e tudo ficará bem.

Estranhamente, não acredito nas palavras do diretor dessa vez. Tudo ficará bem? E o Chris, quem o salvará? Quem o deixará bem?

Os olhos escuros de Sheidy pairam sobre mim, e pesam por breves segundos, antes de assumir a postura indiferente de sempre.

–Lembre-se do seu cargo, Laís. Você é uma luz, foi feita para servir! Suas emoções aqui não valem de nada, então não deixem que te consumam.

Sinto meu rosto tensionar, meus lábios tremerem involuntariamente, meu nariz se dilata, na medida em que tento controlar a minha respiração em puro ódio.

–Sim, Senhor. –Minha voz soa estranha, junto com o ranger dos meus dentes, enquanto profetizo as palavras quase como um rosnado.

Agarro o mapa da mão de Sheidy, e dou uma rápida olhada no caminho a se fazer até Impéria. É longo, e durará mais ou menos doze dias a pé.

Sheidy parece ler meus pensamentos quando começa a falar:

–Poderão pegar cavalos para a partida. Enguerrand mandou que partissem imediatamente. –Ele diz, andando até mim, e me entregando um saco pesado, lotado de Zhirons. A moeda de Imperia.

Com cavalos, nosso trajeto se encurta de doze, para cinco dias.

Então, já equipados e montados em cavalos, partimos rumo ao Noroeste, saindo do acampamento pela primeira vez, em Dezessete anos da minha vida.

O caminho até Impéria é estranho. Eu não me lembro de nada daqui, e soa como uma adicionar uma memória inexistente, quase como as lembranças com meus pais.

As patas dos cavalos pisoteiam o chão de barro sólido, causando um barulho ritmado, sendo o único no ambiente. O clima é tão pesado e óbvio, que julgo poder ser cortado no ar.

Jhonatan pigarreia, atraindo minha atenção.

–O que? –Lhe dou o meu melhor olhar de "desembucha de uma vez!".

–Nada...–Jhon desvia seus olhos de mim, e eu o ignoro, enquanto a minha mente continua a divagar sobre todos os acontecimentos dos últimos tempos.

Não posso lidar com perguntas agora.

–Lais? –Suspiro pesadamente, quando ele continua a me chamar.

–Sim? –Respondo bruscamente, mesmo sem querer.

–O que faremos? –Jhon faz a pergunta que vale milhões Zhirons.

Aperto meus lábios em uma linha fina e dolorida. Nem mesmo eu sei a resposta para tal pergunta.

–Continuar. –Depois do que pareceu anos, consigo responder por fim.

–Continuar? –Marceline bufa, em total indignação. –Christian está na floresta agora, sem nenhum preparo, ou sequer uma noite digna de sono, e você apenas continua agindo como se tudo estivesse em perfeita ordem!

Agarro com mais força, as rédeas do cavalo.

–E o que você espera que eu faça, Marcy?

Seus olhos me fuzilam por longos segundos.

–O que Christian queria que fizesse? –Responde, como se fosse óbvio. –Você mesma chegou a concordar que é estranho a história disso tudo! –Ela levanta os braços, apontando para o nosso redor.

–Sim, tem razão. –Faço com que meu cavalo diminua a velocidade, para estar ritmada com Marcy.–Deveríamos fazer o que Christian disse! Confrontar os diretores, sem nenhuma prova sequer, e sofrermos as consequências das nossas ações impulsivas! –Encaro seu rosto sério. –Ja disse que não vou deixar que nenhum de vocês se machuquem nessa merda! Viram o que aconteceu com Chris? E agora, nem eu sei como vou tira-lo dessa situação! –Seus olhos crescem ligeiramente para mim. –Então não, Marceline, não vamos seguir os passos de Chris, por que já sabemos onde isso vai dar!

Marcy abre e fecha a boca para falar algo, antes de pensar novamente, e finalmente se calar.

–Lais, se acalme! –Jude se intromete, e eu respiro fundo mais uma vez. Tenho a sensação, de que estou fazendo muito isso nos últimos tempos.

–Estou apenas dizendo que isso já ultrapassou os limites de loucura, e passa a se tornar burrice! Quer acabar como Christian então?

–Não! –Jhonatan me olha ferido. –Mas não queremos que isso continue assim também! O que aconteceu com Christian foi uma injustiça!

Bufo irritada, soltando uma risada irônica.

–E desde quando os diretores são justos? Enguerrand é um bosta, já sabemos disso, mas vocês querem ir lá e soltar um feitiço na cara dele, para que possam destruir vocês apenas com um piscar de olhos?

Os olhos de Jhon se avermelham me olhando. Sei que eram próximos, afinal, antes de tudo isso, era só Chris e Jhon. Uma dupla perfeita.

–Não da pra fazer essa loucura... Não posso perder vocês como perdi o Chris também. –E dando a conversa como encerrada, eu avanço com meu cavalo para frente, tomando novamente o ritmo veloz que estava antes.

Verifico novamente as amarras dos cavalos em um tronco. A noite chegou com tudo! Tão rápida, que nem nos atentamos à isso, estando agora, improvisando um abrigo no chão.

Jhonatan está terminando o telhado, e Jude carrega uma de suas flechas, fazendo com que ondas eletrizante surgem algum tempo depois. Ela sorri, alimentando a fogueira com a lenha que Marcy pegou.

–Christian adorava fazer fogo. –Comenta melancólica.

Me viro cruzando os braços, e apoiando meu corpo em um pé.

–Sei que estão muito decepcionados com o que aconteceu. –Começo envergonhada, me lembrando do meu descontrole mais cedo. –Sinto muito por ter agido daquele jeito com vocês.

Jhonatan suspira, tocando meu ombro.

–Ah, Lais! Não tem ninguém te culpando. –Diz, como se o que eu pensasse fosse óbvio.

Sorrio fraco, e sem mostrar os dentes. Eu mesma me encarreguei desse trabalho, afinal.

–Quero trazer Chris de volta, mas do jeito que vocês planejam é impossível. Enguerrand nos mandaria para o inferno em um segundo.

Judy aperta uma lenha contra seu corpo, em um abraço estranho. Ela me encara com os lábios tremendo.

–Meu Deus! Só consigo pensar em como o Christian faria uma piada sobre isso agora. Não imaginava que gostasse tanto daquilo. –Comenta com o olhar baixo.

Marcy solta um ar pelo nariz, engrossando a voz quando diz: "Já iremos para lá de qualquer jeito!"

Eu sorrio para a falha tentativa de imitar o nosso bobão.

Jhon balança a mão no meu ombro, fazendo meu corpo ir de um lado para o outro.

–Vamos dar um jeito de traze-lo de volta, Boo.

Aperto sua mão sobre meu ombro, sorrindo com o apelido que Christian me colocou assim que cheguei ao acampamento. Eu estava tão assustada nessa época!

–Nem me lembrava mais. –Comento divertida, e Jhon pisca um olho para mim.

–Bem, o jantar está servido! –Judy aponta para um dos pães que trouxemos para a viagem, e nós sentamos todos juntos no chão para comer.

Se a Luz apagar (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora