Nada melhorou muito na escola nos dois dias seguintes. Mas também não piorou. Descobri o caminho mais rápido até as salas, cheguei à conclusão de que na verdade era mais fácil encontrar vaga no estacionamento de cima, e tive duas conversas com colegas de classe (embora uma tenha sido obrigatória, pois fomos obrigados a formar uma dupla para um trabalho; ainda assim já era alguma coisa).
Não voltei mais à Seaside Pizza; estava preocupada demais com a possibilidade de parecer estranha, maníaca ou as duas coisas. Em vez disso, em um dos dias encontrei Lisa na padaria Frazier pra botar o papo em dia e fazer lição de casa. No dia seguinte, fui pra casa depois da escola, pensando que talvez não fosse tão ruim. Até que vi o carro de Gray estacionado na frente da garagem.
- Jennie? É você?
Deixei a mochila na escada e respirei fundo antes de ir até a cozinha. Pra variar, lá estava ele sentado à mesa com a minha mãe, tomando café. Uma travessa de biscoitos estava entre os dois. Ao me ver, minha mãe a
empurrou na minha direção.- Oi, sumida - Gray cumprimentou enquanto eu ia até a geladeira pra pegar uma garrafinha de água. - Quanto tempo.
Embora ele tenha dito isso com um sorriso, aquilo me deu calafrios. Só que a minha mãe já puxava uma cadeira, imaginando que eu me juntaria a eles, e foi o que fiz.
- Como foi a escola? - ela perguntou. E, voltando-se para ele, acrescentou: - Ela começou na Jackson esta semana.
- Sério? - ele perguntou com um sorriso estranho. - Conheço a parada. Ainda tem cheiro de cloro por todo lado?
- Você estudou na Jackson? - minha mãe perguntou. - Não sabia!
- No segundo e no terceiro ano - Gray respondeu, recostando-se na cadeira e esticando as pernas. - Depois fui convidado a me retirar.
- Parece alguém que eu conheço - minha mãe disse e tomou mais um gole de café.
- Está gostando? - Gray me perguntou.
Fiz que sim com a cabeça:
- Estou. É bacana.
Era minha resposta padrão sempre que me perguntavam qualquer variante dessa pergunta. Só contei a verdade uma vez, e foi para Rose, uma completa estranha. Não sabia bem por quê.
Foi então que escutei um zumbido: o telefone da minha mãe em cima do balcão. Ela levantou, conferiu o aparelho e soltou um suspiro.
- Esqueci completamente que tinha me comprometido com um evento no hospital infantil. Agora eles ficam me enchendo o saco o tempo todo com essas reuniões e orçamentos.
- Lembre-se do que estávamos conversando, Julie - Gray disse. - As prioridades em primeiro lugar.
Ela o olhou com gratidão.
- Eu sei. Mas preciso pelo menos me despedir com dignidade. Já volto.
E com isso ela se retirou e subiu a escada rumo à Sala de Guerra. O que me deixou a sós com Gray.
- Então - ele disse, inclinando-se para mim -, agora que somos só nós dois, diga a verdade. Como você está?
Ele sempre cheirava a cigarro, mesmo quando fazia tempo que não fumava. Relaxei um pouco na cadeira.
- Bem. É diferente, mas eu queria mudar.
- Aposto que é difícil seguir em frente com um modelo como Jay para se espelhar, tão distante do ideal. Meu irmão mais novo sentiu a mesma coisa.
Concordei com a cabeça, peguei um biscoito e dei uma mordida.
Desejava que minha mãe se apressasse e descesse logo.
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Os Bons Segredos (JenKook )
عاطفيةJennie sempre se sentiu invisível, já que Jay, seu irmão mais velho, era o foco da atenção da família. Até que ele causa um acidente por dirigir bêbado, deixando um garoto paralítico, e vai para a prisão. Jennie parece ser a única a responsabilizá...