Capitulo 5: A Máscara da Popularidade

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5 dias se passaram, a rotina de Victor na escola se tornava cada vez mais desgastante. O bullying de Shauce e seu grupo se intensificava, e todas as palavras cruéis e olhares de desprezo pesavam sobre ele.

Maky continuava a ser sua fiel amiga e confidente, sempre pronta para defendê-lo. Mas, no fundo, Victor sentia que precisava se fortalecer, não apenas para enfrentar seus agressores, mas também para encontrar sua própria voz dentro daquela atmosfera hostil.

Enquanto o mesmo lidava com seu próprio desafio, João parecia levar uma vida perfeita. Ele era popular, namorava a bela e popular Rebeca Reyes, e era idolatrado por muitos. Mas , por trás da fachada de popularidade, Vic, pressentia alguma coisa diferente.

No final da manhã em plena sexta-feira, durante o intervalo, Maky e Victor se sentaram em um banco próximo ao pátio da escola, onde as risadas e conversas animadas ecoavam.

Maky começou a falar com tom de deboche sobre João, que havia postado no story o seu novo relógio Louis Moinet Meteoris, e como o próprio estava se exibindo.

- Olha só para o Shauce, se achando com esse relógio caríssimo! - disse Maky, em tom de deboche.

- Meu pai tem uma coleção completa de relógios, eu poderia esfregar na cara dele. - Disse apontando discretamente para João que estava cercado por seus amigos e como sempre, agarrada com a Rebeca.

Victor suspirou, olhando para o chão. Ele sabia que não fazia parte daquele mundo de adolescentes ricos que gostam de ostentar. Vic olhou para Romero e disse:

- Sabe, eu sinto um pouco de inveja deles e de você. Têm tanto dinheiro e amigos ao redor, enquanto eu não tenho nada disso.

- Às vezes, eu queria que minha vida fosse diferente. Queria ser como vocês.... Ser aceito... - Confessou, sua voz trêmula de tristeza.

Maky, sentindo um pouco de pena de Victor, resolveu mudar de assunto. Começou a perguntar sobre a vida dele e como ele havia conseguido estudar em Calasanz.

- Hm.... Entonces...¿Como você veio parar nesta escola? ¿E como era a vida no Brasil? Passamos 5 días y ainda no sé como conseguiu entrar aqui. - Indagou Romero.

Vic,suspirou e decidiu compartilhar detalhadamente sua história. Ele falou sobre o local onde sua família convivia e sobre seu falecido pai, que tinha problemas com álcool, fumar e jogos de azar.

- Toda a minha família é do interior de São Paulo, vivendo no município de Apiaí, no Vale do Ribeira, bom....Uma região com alta taxa de pobreza - começou Victor.

- Depois que minha mãe engravidou de mim e se casou às escondidas com meu pai, as famílias de ambos nos abandonou literalmente.

Ele deu continuidade, relembrando a figura de seu falecido pai e os problemas com os quais o próprio teve que conviver.

- Meu pai fumava tanto, encontrei tantos cigarros no chão de casa... - Começou, lembrando-se das dificuldades.

- Era viciado em jogos e bebidas. Ele criou várias dívidas com agiotas e chegou até vender metade dos móveis de casa para alimentar seu vício - contou, com tristeza na voz.

- Após a morte dele, as dívidas ficaram sob responsabilidade da minha mãe, que fez de tudo para pagá-las.

Victor então mencionou que sua mãe teve uma oportunidade de entrevista de emprego em uma das mansões dos Godoy, que ficava na capital de São Paulo, disputando o cargo de empregada doméstica.

- Minha mãe conseguiu o emprego e, com ele, a chance de levar-me com ela para a Espanha. Os Godoy foram generosos ao me permitir estudar nesta escola particular- disse, com gratidão.

Apesar de todas as dificuldades no Brasil, ele admitiu que gostava da sua vida no país e que havia conhecido alguém especial lá.

Intrigada com a revelação, Maky questionou quem era essa pessoa especial. Victor sorriu, mas preferiu não revelar o nome.

- É alguém muito especial para mim, alguém em quem eu realmente confiava - respondeu, mantendo o segredo.

- Tive que terminar devido à mudança para a Espanha. O término foi amigável, mas senti emoções inexplicáveis,

Enquanto as lembranças surgiam em sua mente, Victor olhou para o teto e tirou os óculos, colocando as mãos no rosto para esconder o choro. As emoções o atingiam intensamente ao recordar esses momentos.

Antes que Maky pudesse falar algo, o sinal tocou, indicando o fim do intervalo e a necessidade de retornar às salas de aula. O brasileiro, ainda abalado, enxugou as lágrimas e colocou os óculos de volta, tentando recompor-se antes de seguir para a penúltima aula.

CONTINUA...

𝐃𝐞𝐬𝐭𝐢𝐧𝐨𝐬 𝐂𝐫𝐮𝐳𝐚𝐝𝐨𝐬 Onde histórias criam vida. Descubra agora