"Mar sanguinário"

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  Dante explorava as ruínas subaquáticas, conhecendo cada um dos habitantes do local. Pato, Caio, Rick, Barros, Ryan, Kauã e, por último, a única garota, Milan. Enquanto todos se dedicavam a atividades diárias para garantir sua sobrevivência nas profundezas, Milan era tratada com um respeito elevado, quase como uma líder. No entanto, Dante não via nela algo excepcional e se questionava sobre o papel dela naquele pequeno reino submarino.

As mudanças físicas notáveis em Dante despertavam a curiosidade dos outros habitantes. Suas habilidades aprimoradas e sua presença peculiar destacavam-no naquele ambiente subaquático. O garoto tentava compreender melhor o que o rodeava, enquanto os outros, por sua vez, observavam-no com fascinação e, em alguns casos, com uma ponta de temor.

Ao entrar, Dante observa cada habitante em sua posição no que parecia ser um reino subaquático anárquico. Surpreendentemente, Milan, embora possuísse um ego elevado, não exercia liderança sobre o grupo. Kauã e Rick, os dois que mais chamaram a atenção de Dante, estavam envolvidos em uma cena peculiar. Rick observava Kauã tocar habilmente uma espécie de arpéu projetado, produzindo um som angelical e límpido. Os garotos, com uma aparência amedrontadora, assemelhavam-se a seres mitológicos que viviam sob uma pressão intensa da água, sem exposição à luz solar há anos. Suas peles pálidas, garras espalhadas pelo corpo, veias escuras, orelhas cortadas e roupas pretas pesadas, adornadas com inúmeros spikes, criavam uma atmosfera única na visão de Dante.

Surpreendidos pela presença repentina de Dante, os habitantes recuam instintivamente, movendo-se como animais assustados em direção a uma parte das ruínas. Curioso, Dante os segue, descobrindo que dentro daquele castelo havia um salão, embora em ruínas, ainda belo e iluminado por velas d'água e lanternas subaquáticas de tonalidade amarela. A estrutura inteira era dominada por tons azuis, criando uma atmosfera monocromática de verde-marinho. Dante avistou Milan posicionada em um patamar entre algumas estátuas quebradas, observando-o. No entanto, antes que pudesse reagir, um dos habitantes atacou-o por trás.

Dante, petrificado diante da monstruosa aparência do atacante, testemunha um ser que se assemelha a um pato deformado. O enorme bico é repleto de dentes irregulares, e suas garras exibem manchas de sangue seco e restos de carne deteriorada. Os olhos são completamente negros, rodeados por olheiras que se entrelaçam com veias escuras, estendendo-se pelo restante do rosto. Apesar da musculatura pronunciada, suas vestes são mais leves em comparação com os outros habitantes.

Milan, em uma mistura de ordem e diversão, exclama: "Assim não, Pato!" Isso tem o efeito de acalmar o garoto monstruoso, que recua e volta à sua forma humana, ainda mantendo características assustadoras, mas em uma escala menor. Enquanto Dante se recupera do ataque, ele observa Pato se transformar gradualmente, ouvindo um riso sutil ecoando na presença de Milan.

Dante, erguendo-se após o incidente, observa o ambiente ao seu redor. Rick, agora junto a outro habitante chamado Ryan, forma uma dupla única. Rick, com seu estilo gótico adornado com joias pesadas e roupas escuras, contrasta fortemente com Ryan, um garoto loiro de aparência mais sutil, emitindo uma sensação de sabedoria. A dinâmica entre eles dá a impressão de uma equipe coesa, mas Dante não pode ignorar a presença imponente de Milan, cujo olhar verde transmite uma aura amedrontadora. O garoto se pergunta sobre o papel de cada um naquele reino submerso e sobre as interações entre eles.

Dante, ainda se adaptando ao ambiente, notou um movimento em seus pés. Uma cobra marinha, com padrões hipnotizantes e escamas cintilantes, começou a rastejar por suas pernas. De repente, ela se enrolou em seu pescoço, como se buscasse proteção. No entanto, para a surpresa de Dante, essa não era uma cobra comum. Ao contrário, suas escamas começaram a liberar uma luminescência elétrica, formando padrões brilhantes enquanto se movia.

Num momento de distração, um choque elétrico percorreu o corpo de Dante, uma experiência inesperada que o fez cair de joelhos. A visão dele oscilou, as cores se distorcendo temporariamente em sua percepção. Passos se aproximaram enquanto ele tentava recuperar o equilíbrio. Ao recobrar a visão, Dante viu Milan agachada à sua frente, com olhos verdes intensos que revelavam compaixão.

Ao fundo, a cobra marinha se transformou em um garoto de cabelos cacheados, pele pálida e escamas discretas, revelando-se como Barros. Enquanto Milan se desculpava, Dante notou uma aura de desconfiança em relação a Barros, cuja presença, apesar de conselheiro, não inspirava confiança aos outros habitantes do reino subaquático.

Milan estendeu sua mão fria e pálida para Dante. Era estranho, pois entre os dedos, podiam-se perceber finas barbatanas. Mesmo assim, ele aceitou a ajuda dela e, ao se levantar, Milan sorriu para Dante. "Bem-vindo à TPG. Aqui, você estará protegido!" O sorriso dela trouxe uma sensação familiar a Dante. Era como se, por um momento, ele pudesse vislumbrar a mesma expressão que Stef encontrou ao chegar no reino de Sab. Gestos e semblantes semelhantes aos de Maithe o fizeram sentir-se confortável... pelo menos por enquanto.

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