Inferno

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Texto e capa: Vitoria Batista

Registro Autoral (CBL): A Câmara Brasileira do Livro certifica que esta obra intelectual encontra-se registrada nos termos e normas legais da Lei nº 9.610/1998 dos Direitos Autorais do Brasil. Conforme determinação legal, a obra não pode ser plagiada, utilizada, reproduzida ou divulgada sem a autorização da autora.

#PraTodosVerem | Descrição da Capa: Uma multidão de silhuetas humanas divide lugar no interior de um ônibus lotado, segurando uma barra para se equilibrarem. Uma delas tem posição de destaque no centro: é uma mulher de cabelos lisos em corte chanel. Todo o ambiente é vermelho alaranjado, iluminado por grandes janelas que aparecem ao fundo. No topo, vê-se o título Inferno em tipografia temática de terror e o nome da autora, Vitoria Batista, em letras menores.

 No topo, vê-se o título Inferno em tipografia temática de terror e o nome da autora, Vitoria Batista, em letras menores

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Um vibrar sem melodia despertou Angélica de um sonho conturbado. Um pesadelo, melhor dizendo. Era o celular sob o travesseiro, lembrando-a de que ainda era terça-feira.

- Nossa, amor, tive um sonho horrível. – Ela comentou para o marido, Pedro, semiconsciente ao seu lado.

- Me conta. – Ele respondeu.

- Sonhei que eu estava viajando de carro com minha mãe. Só estávamos eu e ela no sonho, você não, e nem o meu pai. Nós discutimos, pra variar, e sofremos um acidente. Depois fiquei o resto do sonho procurando o corpo dela, mas não achei. Daí acordei.

- Que bizarro, credo.

Ela deixou o marido sozinho na cama, digerindo a história mórbida, e se aprontou para ir trabalhar.

- Lembra de ver com ela se iremos jantar lá hoje à noite, tá bom? Preciso de confirmação, porque vai ser corrido me arrumar a tempo depois do trabalho.

- Claro, amor, eu te mando mensagem assim que ela confirmar. Te amo, tenha um ótimo dia.

- Também amo você, se cuida.

Calçou o tênis, pegou a bolsa e foi enfrentar sua terça.

***

Uma ladeira íngreme distanciava sua casa do ponto de ônibus mais próximo, o primeiro de muitos até o fim do trajeto. Mas ela venceu a subida e, ofegante, cumprimentou as outras pessoas que esperavam pela condução.

- Bom dia.

Um "bom dia" tímido, triste, mas audível. Mesmo assim, ninguém respondeu. Angélica fingiu não estar chateada e se escorou no muro atrás do ponto. Não ganhara nem um sorriso sequer. Era invisível aos olhos de seus vizinhos mal-educados.

Os primeiros dez minutos de espera não interferiram na sua paciência. O celular ainda conseguia distraí-la do tédio, assim como os novos rostos que surgiam para esperar o ônibus. "Quem é esse fulano?", ela pensava, tentando reconhecer as feições que estavam sempre por ali, mas que nunca ganharam nome.

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