O andar era lento, sôfrego, que deixava uma marca de sangue em cada passo marcando a distância percorrida, pouca, quase insignificante enquanto se perguntava como encontraria ajuda para sua lamentável situação atual. Após uma luta contra uma forte maldição, o uso de sua fala amaldiçoada o deixou assim: beirando a inconsciência enquanto procurava em vão por socorro.
Os olhos sem foco se fechavam quando o vento frio do inverno o atingia, os ferimentos ardendo em resposta enquanto sua garganta parecia estar sendo perfurada por cacos de vidro. Ele escutou um som, distante, passos despreocupados e isso o deixou preocupado, e se fosse um inimigo? Como ele conseguiria se proteger em tal estado? Como o exorcizaria?
Os passos se aproximaram ainda mais, parando logo em seguida enquanto uma sombra grande se formava em frente aos olhos de íris lilás se tornando uma silhueta desfocada.
— Cara, você tá péssimo — Ele falou com um odor de tabaco. Sua voz estava muito distante, mas Toge sabia que era apenas efeito de sua luta, o homem estava ao seu lado tomando ainda mais espaço para si enquanto aos poucos passava as mãos em torno de seu corpo para ajudar a equilibrar — Vamos, vou te levar pra minha casa e depois vemos o que fazer. É aqui perto, aguente um pouco.
Era frio, mesmo com um peso sobre seu corpo, o peso de cobertas, aquele ambiente era gelado e húmido, possuindo um odor leve de cigarro e mofo. Com dificuldade, até mesmo pensando em desistir, Inumaki abriu os olhos deixando que sua visão se focasse, se acostumando gradativamente com a pouca iluminação do ambiente e com os detalhes que ele oferecia.
O quarto era pequeno, um armário, a cama onde estava deitado e uma antiga escrivaninha onde alguns livros estavam enfileirados. Com cuidado, começou a levantar seu corpo para poder se sentar enquanto tentava entender melhor como havia parado ali.
— Oh, você acordou — A voz masculina falou. Ele era alto, muito alto, beirando os dois metros de altura, uma estrutura não muito forte como de alguns exorcistas, mas em forma, os fios negros caídos de forma desleixadas — Eu dei uma olhada nos seus ferimentos e por sorte nada que um gelo e remédio não ajude.
Ele ficou em silêncio, o que falaria? Não era como se pudesse ter uma conversa com aquele garoto, sequer entenderia o que queria dizer, com toda certeza o achando estranho demais.
— Eu fiz chá — Ele novamente cortou o silencio, fazia tanto tempo que não havia visitas em sua casa que se sentia até mesmo empolgado, mas preocupado com a condição do platinado — Quer um pouco?
Toge acenou vendo a figura sumir de seu campo de visão ficando afastado pelo que parecia ser dois minutos antes de aparecer com duas canecas fumegantes. Se aproximou um pouco, sentando no canto da cama antes de entregar a caneca para o desconhecido o vendo ajeitar a gola de seu uniforme antes de levar o objeto aos lábios assoprando.
— Você entrou em uma briga, né? — Mais perguntas e apenas os olhos lilás que se focavam na figura enorme demonstrava certo interesse no que era dito — briga de escola? Ou gangue?
Nada. Isso estava começando a deixar o moreno preocupado, os olhos bicolores inquietos enquanto esperava que o frio do ambiente diminuísse o calor do chá antes de o bebericar.
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Pecado / Toge Inumaki
FanfictionCorrompendo aos poucos até que não reste mais nada, esse é o pecado, algo insaciável e que leva a pessoa que o comete a loucuras jamais imagináveis. Lori tem 17 anos, olhos bicolores e uma altura assustadora, no entanto, mesmo com sua aparência se...