VI: Distrito 2

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POV JUNGKOOK:


Uma dor terrível tomou conta da minha cabeça logo após algumas gargalhadas com Jimin. Toquei o topo da cabeça e senti algo úmido, provavelmente sangue. Um turbilhão de imagens se misturam em minha mente, a visão do sangue em meus dedos me deixou desorientada.

A realidade se dissolve diante dos meus olhos, como um sonho que se desfaz ao amanhecer. Mãos me arrastam até a porta do banheiro e, de repente, sou puxado com urgência para debaixo de uma mesa do lado de fora. Por alguns segundos que a mente me trai, iludindo-me com imagens fantasmagóricas, meus olhos reconhecem a figura familiar de Nari, minha irmã, agachada ao meu lado sob a toalha da mesa. Era nosso esconderijo secreto quando estávamos em casa, nosso refúgio para pregar peças assustadoras em Taehyung quando ele chegasse em casa. Mas algo me intriga: seus cabelos escuros e lisos não combinam com o de Nari que eu conheço. E sua altura, maior e mais musculosa, contrasta com a estatura delicada e pequena da minha irmã. Como posso ver o rosto dela em um corpo tão diferente, tão adulto? A cicatriz sob seu olho, uma marca inconfundível, me faz despencar da ilusão: este é Park Jimin, não Nari.

— Não entendo. - eu digo meio alto por conta da música e o som de vozes ao nosso redor. - O que está fazendo-

A mão de Jimin se estica com força, abafando minha voz em um aperto sufocante. Entro em pânico, lutando com todas as minhas forças para libertar meu rosto daquela prisão que é sua mão. Enquanto ele tenta me dominar, prendendo meu corpo em seus braços fortes, minha cabeça colide com a mesa com um estrondo seco. Uma dor dilacerante explode em minha cabeça, meus olhos se fechando involuntariamente. Minha visão se nubla, ameaçando se apagar em um véu de escuridão. E luzes coloridas piscam em meus olhos como estrelas moribundas. Uma pontada aguda pulsa em meu crânio, como se a dor já tivesse me visitado antes, em um passado nebuloso. Mas quando? No banheiro? Minha mente se recusa a colaborar, me deixando em um labirinto de memórias fragmentadas.

Um burburinho de vozes sobe e desce, um coro indistinto que ecoa sob a toalha da mesa. O tilintar de talheres e o bater de bandejas contra a madeira criam uma sinfonia caótica. Pés de tamanhos e formas variados dançam pelo chão, seus donos ocultos pela toalha que os encobre até os calcanhares. Seus donos permanecem um mistério, escondidos atrás da cortina improvisada da toalha. Mas o que me intriga é: por que estou aqui, preso sob essa cobertura de tecido?

- Você precisa ir por aquele caminho, é a cozinha. - fala Jimin depois de me soltar quando paro de me debater. Ele está apontando para um corredor iluminado onde apenas pessoas uniformizadas de branco entram e saem a todo momento. - Os Avox não vão poder falar nada sobre isso. Jungkook, você consegue andar?

- Como assim? É claro que eu consigo andar!

Mas meus músculos se recusam a obedecer. Tento engatinhar para fora da mesa, me levantar, mas meus pés falham e caio para trás, nos braços de Jimin. Sua respiração ofegante invade meu rosto, seu perfume inebriante queimando minhas narinas. Seus olhos arregalados demonstram preocupação enquanto ele me puxa de volta para o esconderijo sob a mesa. Meu olhar se fixa em seu pescoço nu, na pele bronzeada que se move com a agitação de seu queixo enquanto ele busca algo freneticamente. Ele procura algo, alguém, seus olhos vasculhando freneticamente as sombras sob a mesa. A confusão me domina. O que está acontecendo? Por que estamos escondidos? Seu braço me envolve protetoramente, enquanto sua outra mão tateia o teto da mesa, buscando respostas na madeira rústica.

Um estalo agudo corta o ar, seguido por uma explosão ensurdecedora. Uma nuvem escura de fumaça toma conta do ambiente, encobrindo tudo à vista. Gritos aterrorizados e o barulho de taças e pratos se espatifando no chão criam um caos ao nosso redor. Jimin me puxa com força pelos braços, meus pés arrastando-se pelo chão enquanto a outra metade do meu corpo permanece inerte. Seguimos em direção ao corredor que ele mencionou antes, a escuridão densa dificultando a visão. As luzes coloridas que antes piscavam distantes agora se aproximam, mas meus olhos lacrimejantes e a névoa densa me impedem de enxergar com clareza. Uma dor latejante toma conta da minha cabeça mais forte que antes, como se ela fosse se dividir ao meio.

Jogos Vorazes: O Sino [JIKOOK]Onde histórias criam vida. Descubra agora