Xenofobia × Racismo

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Na Europa, tal como os restantes continentes, vive sob o impacto da globalização, de uma maior mobilidade internacional e do incremento dos fluxos migratórios. O aumento da intolerância política, religiosa e étnica bem como o desencadear de vários conflitos armados, dentro e fora do espaço europeu, provocaram a saída de inúmeros contingentes populacionais das suas terras, refugiados nem sempre bem acolhidos em ambientes que lhes são pouco familiares. Carências económicas, a par de problemas sociais vividos pelos cidadãos de determinado Estado, têm contribuído para o surgimento de tensões evidenciadas sob formas de racismo "flagrante" e "subtil" contra determinados grupos, entre os quais comunidades migrantes e minorias étnicas ou religiosas (por exemplo, os ciganos, os judeus, os muçulmanos). Tais ressentimentos têm sido agravados pelo fomento de doutrinas xenófobas por parte de partidos políticos, designadamente os de extrema-direita, que não só deles se aproveitam para justificar períodos de maior vulnerabilidade económico-social no seu próprio país, como ainda, através dos nacionalismos exacerbados patentes nos seus discursos, adicionam às ideologias já enraizadas novas ondas de intolerância. Embora tendo presentes os maus exemplos do passado (Holocausto, apartheid, etc.), a verdade é que sentimentos desta natureza persistem na Europa, em prejuízo de indivíduos ou coletivos segregados, independentemente do seu nível económico e da partilha ou não dos valores, princípios e matrizes fundamentais da sociedade de acolhimento.

Em todo o caso, os níveis e expressões de racismo variam muito de país para país, espelhando não só diferentes posturas e modos de lidar com a presença de imigrantes, minorias étnicas e estrangeiros, como também políticas mais ou menos consistentes de combate à discriminação (saliente-se a atenção depositada pela Holanda e Reino Unido a estas questões).

As principais manifestações de racismo e xenofobia vão desde atos individuais diretos (abuso verbal, violência física, assassinato, segregação), passando pela discriminação no trabalho, na habitação, na escola, na ocupação dos tempos livres, na comunicação social e na vida política, onde o acesso é restrito, se não negado. Este tipo de atitudes verifica-se também a nível institucional, sendo as limpezas étnicas (recorde-se a recente experiência vivida na ex-Jugoslávia), mortes, deportação ou imigração forçada exemplos claros, ainda que se trate de situações extremas e singulares. Baseando-nos num estudo realizado pelo Observatório Europeu do Racismo e Xenofobia apercebemo-nos da existência de uma importante associação entre o incremento de sentimentos racistas e as seguintes variáveis: escalão etário (idade superior a 55 anos), níveis escolaridade (abandono do meio escolar com menos de 20 anos), preferências políticas (tendencialmente à "direita") e posição face à presença do seu país na União Europeia (ser-se contra).

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