benção?

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Hyunjin sempre teve uma vida horrível. Tudo que passava dentro de casa e fora dela contribuíram pra isso. Seus pais não eram divorciados, mas Hyunjin pensava que seria melhor se fossem. Seu pai sempre batia em sua mãe sem motivos quando chegava bêbado em casa, e as vezes até descontava em Hyunjin que tentava ajudar sua mãe e acabava não tendo muita sorte. Vivia com machucados e roxos pelo corpo, já tinha virado rotina. E fora se casa era pior ainda, todos em sua escola o consideravam uma pessoa esquisita e por isso não queriam ficar perto do mesmo. Qual é o pior? Agressão verbal ou psicológica? Hyunjin não saberia responder caso alguém lhe perguntasse isso.

Já Minho era alguém que não se importava com nada, caso o ignorassem ele ignoraria também. Em casa não tinha muitos problemas, pelo menos era oque ele alegava. Andava de moto a noite toda. Era sua coisa favorita depois de um estressante dia nesse mundo de merda em que vivemos atualmente. Não tinha muitos amigos, seus familiares também não falavam com ele, mas para ele a única coisa que importava era conseguir sair de madrugada.

Eram exatas 1:32 da manhã quando Hyunjin acordou de mais um de seus milhares pesadelos que o perseguia todas as noites assim que fechava os olhos. Dessa vez ele decidiu não dormir novamente. Ele verificou se seus pais estavam dormindo e saiu de casa sem mais e nem menos, sem rumo. Na verdade, será que em algum dia se quer ele já teve rumo? O menino que andava pelas ruas escuras e desertas indo mais e mais longe, pensando se iria voltar pra casa dessa vez. Hyunjin era cansado mentalmente e fisicamente, tudo que ele mais queria nesse momento era descansar. Mas nem dormir estava adiantando, a única coisa que ele pensou em fazer seria entrar em um sono eterno, aonde seus sonhos ou pesadelos não os incomodariam nunca mais. Hyunjin andava pelo meio da rua esperando que por milagre Deus resolvesse sua vida ou o matasse logo. Sua visão escura, seus olhos cansados e sem direção, sua vida é uma bagunça que em sua cabeça séria resolvida logo logo. Ele não faz sentido... e por acaso, alguma alma viva faz? O mundo faz sentido por acaso? Ele se perguntava isso todos os dias. Será que algum dia alguém apareceria para o salvar ou ele viverá essa vida miserável pra sempre? Ah, certo. Não será pra sempre, pois sua ida da terra estaria próxima. Minho como sempre, todas as noites saia pela rua deserta com sua moto acelerando o máximo que podia. Por conta da falta de policiamento, ele fazia oque queria na rua e ninguém poderia reclamar, pois nunca mais o veriam na vida. Minho era como um jato de luz pelas ruas escuras. Aproveitava o máximo que podia, até porque... Ninguém iria o impedir de nada, pelo menos na madrugada. Assim era oque o mesmo pensava.

Hyunjin ainda estava andando pelas ruas quando escutou um barulho forte de moto vindo em sua direção, ele olhou pra frente e parou de andar... e por um segundo seus olhos viram oque parecia ser sua última visão. A luz forte do farol da moto em seus olhos e um barulho extremamente alto e perturbador. Minho, que estava na moto tentou parar o mais rápido o possível quando viu o garoto parar no meio da rua enquanto esperava lentamente sua profunda morte. Por sorte, Minho parou a tempo fazendo aquele barulho alto do freio.

Tudo estava em silêncio até Hyunjin escutar Minho descendo de sua moto.

QUE PORRA É ESSA, GAROTO? — Minho não parecia entender o motivo dele estar ali parado, desceu de sua moto e foi em direção do mesmo agarrando seu braço. — QUER MORRER CARALHO?

Hyunjin não sabia como responder ou oque fazer naquele momento, porque realmente era oque ele queria. Mas como ele iria dizer isso? O mesmo encarou Minho enquanto suas lágrimas começaram a escorrer em seu rosto o deixando um pouco envergonhado nessa situação toda. Minho olhando o estado do rapaz que estava parado em sua frente chorando, pensou um pouco no que deveria fazer e o puxou pelo braço o abraçando.

Me perdoa por favor, eu não queria te atrapalhar... Eu só... — hyunjin jogava palavras pela boca tentando se desculpar de alguma forma, mas não parecia funcionar.

Sh, fica quieto garoto. Tá tudo bem, tá? Relaxa. — o mesmo tentava tranquilizar o garoto que ainda estava chorando, mas agora perto de si.

Os dois passaram um tempo daquele jeito, até hyunjin se acalmar mais e parar de chorar tão desesperadamente do jeito que estava antes. Minho o afastou mas ainda o segurando de algum jeito.

Tudo bem agora? — Hyunjin o olhou quando o mesmo perguntou isso, balançando a cabeça positivamente. Minho suspirou com a 'resposta do mesmo e o puxou pra calçada, aonde os dois se sentaram.

Quer me contar oque aconteceu? — Minho diz olhando pro céu enquanto Hyunjin o observava. — eu pareço ser a única opção aqui pra você desabafar então 'mete bala garoto.

Eu só.... Estou cansado. Cansado de tudo, tudo mesmo, sabe? Em casa é tão complicado, na escola é pior ainda. Eu só queria me sentir bem pelo menos uma vez na vida, e então eu achei que... — o mesmo foi cortado pelo mais velho que estava sentado ao seu lado.

Achou que tentar se matar iria te ajudar a se sentir bem? Isso é tão tolo, sério. Nunca mais faça isso, ta me escutando? Essa merda não resolve nada. Tudo pode estar o mais difícil o possível, suicídio nunca deve ser uma opção. — Minho agora o olhou com uma feição seria, uma hora ou outra ele teria que dar pelo menos uma bronca no garoto loiro ao seu lado, que ficou quieto, pois sabia que Minho estava certo. Ele querendo ou não, deveria admitir isso. Os mesmos ficaram um tempo quietos se olhando e olhando em volta. Cansado desse silêncio todo, Minho levantou pegando um capacete e entregando pra Hyunjin.

Eai, vai ficar aí parado até voltar pra casa ou quer dar uma volta? — Minho olhou pro garoto que agora estava de pé com o capacete na mão, enquanto vestia seu próprio capacete montando em sua moto. Hyunjin tinha duas opções agora, andar de moto com um desconhecido ou ficar ali e voltar pra sua casa. Sem pensar duas vezes Hyunjin colocou o capacete e subiu na moto também. Minho sorriu de canto e ligou a moto dando partida, aquele vento gelado, as ruas escuras sendo iluminadas somente pela luz do farol da moto fazia tudo melhor nesse momento. O mesmo acelerava e as vezes diminuía a velocidade por conta de Hyunjin em sua garupa. Minho parou a moto por algum tempo olhando pro relógio em seu pulso.

3:46 da manhã.

Eita garoto, tá meio tarde agora. Tenho que ir e te levar pra sua casa, aonde você mora? — Minho olhou pra trás esperando uma resposta mas Hyunjin apenas ficou quieto. — realmente não vai falar nada? Não quer ir pra casa? — O mesmo continuou sem respostas, não iria ficar anos esperando Hyunjin falar onde morava, então ligou a moto novamente e deu partida pra sua própria casa. Minho estacionou parando em frente a sua casa, tirando o capacete de si.

Desce. — Minho falou a Hyunjin, vendo o mesmo descer da moto tirando o capacete, fazendo com que Minho descesse também.

Já que você não quis abrir a boca pra falar aonde você morava, te trouxe pra minha casa. — o mesmo puxou Hyunjin pelo braço pra dentro de sua casa, trancando o portão.

Sua casa é bonita... — Minho sorriu com o elogio de hyunjin.

Não é nada demais, mas mesmo assim obrigado. Afinal, qual o seu nome? — o mesmo olhou pro garoto que estava entrando consigo em sua casa. — Hyunjin, e o seu? — Minho o olhou rapidamente sorrindo — meu nome é Minho, ou Lee know. Tanto faz.

Hyunjin sorriu enquanto Minho segurava sua mão e o puxava pro seu quarto, assim que os dois entraram Minho fechou a porta e se jogou na cama. A única coisa que iluminava o quarto era a fraca luz da janela. Hyunjin ficou parado olhando o mesmo deitar. — vai ficar parado ai? Pode deitar aqui. Ou prefere ficar o resto da noite toda ai parado igual uma planta? — Hyunjin rapidamente se deitou ao lado de Minho que o olhou.

Como você pode confiar tanto em alguém que acabou de conhecer? Eu te ajudei uma vez e você já está na minha casa deitado na minha cama ao meu lado. Não tem medo não? — Minho falava enquanto Hyunjin olhou pra ele. — ultimamente não tenho tido mais medo de nada... Bom, e muito obrigado tá? Pelo oque você fez por mim mais cedo... Você é tipo... Uma benção disfarçada? — Minho riu ao ouvir isso.

Uma benção? Não sei não. — Hyunjin sorriu e virou pra Minho, se deitando próximo dele enquanto Minho lentamente tocou em seu rosto e o acariciou. — acho que na verdade a benção disfarçada aqui é você.

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