O sucesso traz consigo prazeres indescritíveis, mas também pode carregar uma bagagem de arrependimentos. Bill Kaulitz, antes de tudo acontecer, tinha somente seu irmão gêmeo para o que der e vier, até conhecer Éric Magalhães, um estrangeiro latino r...
Recomendação de música para ouvir durante o capítulo: Iris- Goo Goo Dolls
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Meu coração batia forte ao ponto de eu temer que ele escapasse pela minha boca e corresse de encontro a Bill.
Seus olhos castanhos e felinos continuavam os mesmos, ainda que agora não mais contornados por um lápis preto. Tê-los me fitando incessantemente era ainda mais avassalador do que quando éramos mais novos.
Enquanto Tom e Hellen conversavam sobre algum assunto que soava completamente desinteressante e sequer chegava aos meus ouvidos, eu apenas podia encarar o Kaulitz mais novo apoiado no balcão ao meu lado, bebericando seu sex on the beach com dose extra de vodka. Ele parecia tão à parte quanto eu, com o queixo sobre as mãos.
Provavelmente aquela era a primeira vez em que estávamos legalmente bebendo juntos após nossos diversos encontros regados de álcool em meados dos anos 2000. Nossa adolescência foi duvidosa...
Algo em Bill ainda me instigava. Ele não parecia desconhecido pra mim como era de se esperar após todo o tempo em que nos mantivemos distantes. Seus trejeitos não haviam mudado e sua risada extravagante continuava a mesma, por isso eu adorei ouví-la novamente após Tom soltar alguma piadinha sobre sexo.
O sentimento nostálgico me consumia a cada segundo.
Nós quatro passamos um bom tempo conversando, até chegarmos em um debate sobre a horrendo gastronomia local de Los Angeles:
- Acho que a fruta da estação aqui é pizza da pepperoni.- Eu disse vendo os gêmeos gargalharem enquanto Hellen, um tanto alterada pela bebida, tentava defender sua cidade.
- E a sua comida típica latina deve ser Taco Bell!
Antes que eu pudesse retrucar com o fato de que eu não sou mexicano, meu celular tocou em meu bolso e eu já sabia de quem se tratava.
Assim que o tomei em mãos, não foi surpresa ver o nome da minha mãe no visor. Ela sempre me ligava ao anoitecer desde que eu me mudei, e eu nunca recusava nenhuma das chamadas, pois sentia tanta saudade quanto ela.
- Licença.- Eu pedi levantando do banco e os mostrando o celular quando me encararam.
Assim que a atendi, caminhei para longe da pista de dança tentando fugir do barulho ensurdecedor de pessoas e música alta que abafavam a voz da minha mãe, mas era como se as ondas sonoras me perseguissem.
Ainda na minha tentativa de fuga, avistei em uma parede isolada uma porta que indicava passagem para uma escadaria; o único canto silencioso que eu provavelmente encontraria.
- Pode falar agora, mãe.- Eu disse assim que fechei a porta vermelha atrás de mim e finalmente escutei sua voz em alto e bom tom.- Não, eu não estou ocupado. Pode falar.- Enquanto eu a ouvia dissertar sobre como havia sido seu dia, um dos meus passatempos favoritos, encarei as escadas ali dentro me perguntando para onde elas iriam.
