Pecado / Toge Inumaki

Capítulo IV

Lori se sentia dividido, as mãos se mexiam lhe dando prazer, mas a culpa o consumia e mesmo assim não conseguia parar de arfar enquanto se masturbava. O que ele estava fazendo? Se tocando com pensamentos de um amigo querido que conheceu recentemente.

O que era aquilo? O motivo... Por que ele estava se sentindo tão quente para alguém como Toge Inumaki? Com mais um gemido, seu pensamento voltou a se focar na pequena presença masculina pensando nele com perversidade, desejando que seus dedos fossem os dele e a presença solitária desse lugar a sons emitidos pelo platinado.

Lori já ouviu falar sobre homens que gostavam de outros homens, mas jamais imaginava que seria um deles, não que se importasse com romances, sempre foi alguém bem livre e odiava ter de se relacionar com outras pessoas, ainda mais após a morte de sua mãe, no entanto, nunca imaginaria que seu amigo viraria pensamento assim.

Ele deveria odiar, certo? Estava sujando tudo, ele iria destruir sua amizade com algo tão... Mais um gemido foi emitido por seus lábios, arfando enquanto sentia que estava prestes a ejacular e quando o fez, o líquido melando seus dedos, sua mente o condenou completamente.

Pecador.

Lori estava fumando, a mente vagando, consumida em sentimento de culpa e vergonha, os olhos no céu de estrelas e uma lua solitária como ele naquele momento. Se soubesse que enquanto estava ali, perdendo a noite de sono devido seus pensamentos, Toge lutava contra uma maldição de nível um, como ele se sentiria? Estaria preocupado? Imploraria para alguma divindade o trazer vivo e bem?

A fumaça novamente escapou de seus lábios, o segundo cigarro se apagando após mais duas tragadas sendo descartado. Lori havia sido deixado por seu pai quando ainda muito pequeno, sendo criado por sua mãe, uma mulher que compartilhava pensamentos de que o mundo já tinha preconceito demais.

"Se olhar para o mundo com preconceito, jamais vai conseguir ver o quanto ele é belo e perfeito mesmo com seus erros" Algo que ela falou certa vez e que marcou Lori, ele não tinha medo de aprender, sempre foi bem receptivo a diversidade e aprendizado, mesmo preferindo a solidão e não sendo muito amigável no modo geral.

— O que você diria agora, mãe? — Ele disse com um sussurro, os olhos bicolores indo até a foto da mulher que sorria de maneira genuína, tão radiante e belo — O que eu deveria fazer agora? Me sinto tão péssimo.

Suspirando, sentou em sua cadeira para continuar observando o horizonte, estava vendo as horas passar e com seu vício o atraindo, pegou outro cigarro o acendendo, a fumaça entrando em seu pulmão com certa necessidade antes de ser expelido em um fio de ar que os lábios entreabertos permitiam escapar.

Algo passou na frente de sua janela, um pequeno corpo que andava de maneira cansada, melhor do que no dia que se conheceram, mas cambaleando pela dor de seus ferimentos. Lori abriu a porta ao reparar na presença, os fios platinados no corte que ele conhecia muito bem.

Preocupado, tomou cuidado ao abordar Toge que, desorientado após sua batalha, puxou a gola de sua blusa preparado para um ataque que não veio.